Sistema político brasileiro extrai o pior das pessoas, diz Barroso

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Por Vinicius Neder

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou nesta sexta-feira, 5, que considera “muito ruim” uma convocação de uma nova Constituição Federal no atual contexto político. Segundo Barroso, o mais urgente agora é fazer uma reforma política, pois o sistema político brasileiro “extrai o pior” das pessoas.

O candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro pelo PSL, general Hamilton Mourão, já declarou que a Constituição poderia ser reformada por um “conselho de notáveis”, enquanto o presidenciável do PT, Fernando Haddad, disse durante a campanha que queria “criar as condições” para a convocação de uma assembleia constituinte.

“Embora não seja a Constituição ideal, se é que isso existe, é a Constituição das nossas circunstâncias”, afirmou Barroso, em palestra durante evento promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

Segundo o ministro, a Constituição de 1988 ajudou o País a fazer uma “travessia bem sucedida” de um Estado autoritário e violento para um Estado democrático. “Considero muito ruim se desperdiçar o capital político dessa Constituição e se convocar uma nova Constituição”, completou o ministro, ressaltando que “dificilmente sairá alguma coisa melhor”.

Para Barroso, independentemente de quem for eleito presidente, a reforma política é a primeira que deveria ser feita. “Ganhe quem ganhar, eu começaria pela reforma política”, afirmou o ministro. Segundo o ministro, é preciso que a reforma política seja capaz de baratear o custo das eleições, aumentar a representatividade dos parlamentares e aumentar a governabilidade.

fonte: Estadão conteúdo

Espero que Bolsonaro debata ‘olho no olho’, diz Haddad em MG

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Por Leonardo Augusto, Especial para o Broadcast Político

Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, e ainda vendo o rival Jair Bolsonaro (PSL) subir mais, o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira, 5, que o adversário se esconde nas redes sociais e que quer que o oponente debata “frente a frente”.

Haddad, ao lado do candidato à reeleição pelo PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que disputa vaga ao Senado pelo Estado, e da vice Manuela D’Ávila (PCdoB), participou de ato público em Venda Nova, Belo Horizonte.

Sobre a possibilidade de a disputa ir para o segundo turno, o petista disse que “a expectativa é que ele (Bolsonaro) debata”. “Frente a frente. Olho no olho. Ao invés de usar as redes sociais para se esconder”, afirmou. Haddad disse ainda que a campanha vai “atuar nas redes sociais contra a difamação e a injúria”.

Fonte: Estadão conteúdo

Valor da ação de fabricante de armas dobra na Bolsa de SP

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Por Dayanne Sousa

Mais de cinquenta vezes em dois meses. Esse foi o crescimento do volume de transações na Bolsa de Valores envolvendo uma ação que, até pouco tempo, não figurava entre as principais movimentações no mercado: a da fabricante de armas de fogo Forjas Taurus.

No mesmo período, o valor dos papéis preferenciais mais que dobrou e o de mercado da empresa saltou de R$ 139,3 milhões para R$ 332 milhões. Tudo isso apesar de a companhia acumular prejuízos e dívida em alta.

As ações da Forjas Taurus têm ganhado atenção no mercado em meio ao cenário eleitoral. Desde o início da campanha em rádio e TV – dia que marca a entrada do debate político nas atenções do público – o volume negociado das ações preferenciais da empresa de armamentos aumentou de R$ 255 mil ao dia para mais de R$ 14 milhões. O preço do papel, que no primeiro dia de campanha era de R$ 2,34, chegou aos R$ 4,98 nesta quinta-feira, 4.

No mercado, há quem ligue o movimento do papel à posição favorável de Jair Bolsonaro (PSL), candidato líder nas pesquisas de intenção de voto, ao armamento da população. Mesmo porque, o desempenho da ação da Forjas Taurus não encontra respaldo nos dados financeiros da companhia. No primeiro semestre de 2018, a empresa acumula prejuízo de R$ 92,6 milhões, perda mais de três vezes superior à verificada no mesmo período do ano passado.

Embora a receita com a venda de armas venha crescendo, a companhia está sendo impactada pelo aumento de despesas financeiras, que cresceram 98% no segundo trimestre deste ano ante igual período do ano anterior, chegando a R$ 118,6 milhões. A companhia afirmou em seus resultados que a alta das despesas ocorre em função da valorização do dólar ante o real.

Nesse sentido, a queda da divisa norte-americana, que veio junto com o bom desempenho de Bolsonaro nas últimas pesquisas, pode ter contribuído para uma leitura melhor em relação à Forjas Taurus. Ainda assim, o endividamento da companhia vinha crescendo. A dívida líquida aumentou 12% em um ano, para R$ 805 milhões ao final de julho.

Sobre o endividamento, a companhia afirmou em julho que já houve assinatura de contratos para captação de recursos para o pagamento ou renegociação de dívidas.

É inevitável a associação do movimento com a ascensão nas pesquisas eleitorais do candidato à presidência pelo PSL, que sustenta posição favorável ao armamento da população. Desde o início da campanha eleitoral até hoje, o auge de valorização nos papéis ocorreu no dia 20 de setembro, quando a cotação das ações preferenciais chegou a R$ 5,30. O mercado repercutia o crescimento de Bolsonaro na pesquisa de intenção de voto que, naquela data, mostrava o candidato do PSL oscilando de 26% para 28% de intenção de voto.

Todo esse movimento, no entanto, é visto por alguns analistas como puramente especulativo. Até mesmo porque, o próprio Bolsonaro já falou que, se eleito, quebraria o monopólio da fabricante de armas, o que seria negativo para a empresa que fornece material para diversas polícias do Brasil. A empresa não retornou aos contatos de reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

‘Nunca mais quero pisar nesse lugar’, diz Ciro após receber notificação na Globo

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Por Roberta Pennafort

O candidato do PDT à Presidência nas eleições 2018, Ciro Gomes, deixou irritado o Projac, os estúdios da TV Globo onde foi realizado o último debate antes do primeiro turno. Na madrugada desta sexta-feira, 5, após a entrevista a jornalistas que sucedeu o confronto, ele disse: “Nunca mais quero pisar neste lugar.”

O pedetista se irritou porque ao chegar ao camarim, findo o debate, encontrou um oficial de Justiça que estava ali para entregar a ele notificação de ação movida pelo ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), candidato ao governo do Estado.

Ciro o chamou de “farsante”, o que motivou a ação do tucano. Ciro estranhou o fato de o caso estar na Justiça do Rio, sendo ele do Ceará e Doria, de São Paulo.

O pedetista chegou para a entrevista, realizada num outro espaço do Projac, bastante contrariado. Disse que chamou Doria de “farsante” quando de fato queria dizer “corrupto”.

Sobre o debate, afirmou que “a Globo não manda” no voto dos brasileiros. “Estou preocupado com a sorte do Brasil. Meu País está caminhando para um precipício. Eu peço ao brasileiro que pense muito antes de votar num despreparado que representa os interesse mais subalternos do baronato brasileiros ou no petismo Confio no povo brasileiro”, disse, numa referência à polarização entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).

fonte: Estadão conteúdo

Bolsonaro é tema de 81% das ‘junk news’

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Por Beatriz Bulla, correspondente

Apoiadores do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, são os que compartilham maior número de fontes de informação falsa ou de baixa qualidade relacionada às eleições no Twitter, rede social em que ele tem o maior engajamento político. Do outro lado, os apoiadores da candidatura do PT são os que publicam maior volume de informação falsa, ainda que concentrada em menor quantidade de fontes.

Essas são as conclusões de um estudo do Instituto para Internet de Oxford, obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, que será divulgado nesta sexta-feira. A pesquisa analisa o compartilhamento de notícias de conteúdo político no Twitter no cenário pré-eleitoral brasileiro.

Os pesquisadores analisaram as “junk news”, ou notícia de baixa qualidade. Isso inclui não só notícias falsas mas também publicações excessivamente polarizadas com intuito de confundir o leitor sem indicar, por exemplo, a autoria ou o corpo editorial da plataforma de publicação.

Do total do espectro de fontes de “junk news” monitorado, 81% são compartilhadas por apoiadores de Bolsonaro. Atrás vêm os apoiadores da candidatura do PT, que usaram 54% das fontes, de Geraldo Alckmin (24%), do PSDB, e Ciro Gomes (8%), do PDT.

Com relação ao volume de compartilhamento, os apoiadores do PT saem na frente respondendo por 65% do total do conteúdo de baixa qualidade. Em seguida estão os apoiadores de Bolsonaro, com 27%. Na pesquisa, hashtags ligadas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao candidato Fernando Haddad são contabilizadas como apoiadores do PT, pois a análise foi feita antes da negativa final do registro de Lula como candidato e oficialização de Haddad na cabeça da chapa.

“De um lado, apoiadores do PT estão martelando mais vezes as mesmas fontes. Do outro, apoiadores do Bolsonaro compartilham notícias falsas em maior amplitude e replicam quase todas as fontes identificadas como falsas”, afirmou um dos autores do estudo, Caio Machado. A pesquisa analisou tuítes com hashtags vinculadas às eleições entre 19 e 28 de agosto.

“O conteúdo polarizado baseado na retórica extremada e populista se tornou uma receita de sucesso nas eleições da Europa, Estados Unidos e América Latina. Esse tipo de notícia de baixa qualidade se espalha rapidamente na rede social, não necessariamente pela atividade de robôs, mas porque é produzida para causa reações emocionais no público – como raiva – o que causa maior compartilhamento”, disse uma das autoras do estudo, Nahema Marchal.

No total de publicações no Twitter, o PT reúne a maior parcela de tuítes de alta frequência (47% do total). As contas de alta frequência, com muitas publicações ao dia, são consideradas um indício de uso de robôs para amplificar o conteúdo. “Apesar de ter mais contas de alta frequência no lado Lula e Haddad, quem está conseguindo capturar a discussão no Twitter é o Bolsonaro”, diz Machado. As publicações relacionadas ao candidato responderam por 45% do total de publicações políticas no período analisado, perdendo para todos os demais: Lula/Haddad (34%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Do tráfico aos brinquedos: poder financeiro pauta eleições em Macaé

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Vereadores contarão com mais recursos para trabalhos legislativos neste ano

Na reta final da campanha nas ruas, até as Fake News embaralham a cabeça dos 150 mil eleitores da cidade

Com o poder de garantir representatividade na composição futura dos parlamentos Estadual e Federal, iniciando assim um passo importante para a restruturação da política de um dos municípios mais ricos do país, o eleitorado macaense segue hoje no centro de uma disputa pelo voto pautada por ataques mobilizados por denúncias e Fake News, que confundem muito mais que ajudam a definir os números que serão registrados nas urnas neste domingo (7).

Desde o início desta semana, a campanha nas ruas da cidade ganhou contorno peculiar, a partir de discursos registrados no plenário da Câmara de Vereadores, que envolvem o julgamento de atos sem provas, que apostam na condenação prévia do eleitorado, abastecido por informações falsas, as chamadas “Fake News”.

Ao menos três parlamentares confirmaram a existência de uma “taxa”, cobrada pelo tráfico de drogas, para a realização de campanha dentro de comunidades. O fato gerou até um posicionamento oficial da Câmara, exigido por um dos candidatos afetados pelo crime, Marcel Silvano (PT). “Isso não pode ocorrer no momento em que se discute a reformulação da democracia nacional”, disse.

Além dele, Marvel Maillet (REDE) e Val Barbeiro (PHS) também confirmaram a existência da taxa que teria sido paga apenas por três candidatos locais. “De qualquer maneira eu mantenho o meu trabalho nas comunidades. Lá é que o povo mais precisa de nós, seja como vereador ou como candidato a deputado estadual”, disse Val.

E do que começou como um ato de compra de votos através de brinquedos, acabou sendo reduzida a uma doação suspeita destinada à celebração do Dia das Crianças, comemorada em 12 de outubro. Da Malvinas, surgiu a suspeita de que o poder econômico, marca registrada de candidatos locais, seria a saída para definir votos nas áreas que historicamente são assediadas pelo maior crime das eleições: a corrupção.

Enquanto tudo está sendo apurado pela Justiça, até que se prove o contrário, todos os 12 candidatos a deputado estadual e 10 postulantes à vaga no Congresso Nacional estão aptos a participar do pleito, cujo desfecho corre o risco de não representar o que de fato Macaé precisa para o futuro.

Welberth Rezende continua em campanha por toda Macaé e região

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Welberth Rezende promoveu caminhadas por vários bairros em Macaé nesta semana

Candidato realiza último ato político no sábado, às 9h, no Calçadão no Centro

O candidato a deputado estadual pelo PPS, Welberth Rezende, está conquistando grande receptividade pelos mais de 70 municípios que já visitou, levando suas propostas e também apresentando os motivos que o levaram a ser o vereador mais votado de Macaé nas últimas eleições.

Welberth teve que construir em pouco menos de dois meses sua campanha, herdando a única candidatura à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) pelo PPS, do padrinho político Comte Bittencourt (PPS), que concorre a vice-governador na chapa de Eduardo Paes (DEM). Assim, ganhou aliados de peso dentro da Câmara de Vereadores, como de diversas lideranças nos municípios por onde passou em campanha.

Finalizando seu itinerário para as eleições de 2018, o candidato promoveu caminhadas em Macaé, nos bairros Miramar, Barra e Parque Aeroporto. A programação ainda segue no sábado (6), a partir das 9h, no Calçadão da Avenida Rui Barbosa, com concentração na Praça Veríssimo de Melo, no Centro.

Nesta última semana, Welberth esteve nos bairros Nova Holanda, Malvinas e Morro de Santana. Mas também cumpriu compromissos políticos no distrito de Tamoios, em Cabo Frio. No Noroeste Fluminense percorreu as ruas das cidades de Varre e Sai, Natividade, Porciúncula, Laje do Muriaé, São José do Ubá, Bom Jesus de Itabapoana e Itaperuna.

Welberth afirmou que por onde tem passado levando suas propostas e apresentando o trabalho que vem realizando no município de Macaé, tem sido bem recebido: “É muito bom ser bem recebido e ficar cada vez mais claro a importância de um representante nosso da região, na Alerj. Eu quero ser o seu representante! A força do trabalho é a melhor opção para todos nós!”, afirma.

Em boa parte das cidades que visita, Welberth teve a companhia do candidato a vice-governador Comte Bittencort (PPS).

Quem é Welberth Rezende – Com mais de 5 mil proposições (indicações, requerimentos e projetos de lei) em quase seis anos de mandato, o advogado Welberth Rezende, vereador mais votado na eleição de 2016, com 3.907 votos, e considerado o mais atuante de Macaé/RJ, tem uma extensa trajetória profissional: vendedor ambulante, pintor residencial, trabalhador offshore (pintor industrial), carteiro por mais de 13 anos, até que também com muito sacrifício e dedicação, formou-se em Direito, passando no Exame da Ordem, servidor público da Prefeitura de Macaé e reside na cidade desde 1986.

Datafolha/RJ: Sem Garotinho, Paes lidera com 24%, Romário tem 16% e Índio, 10%

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Por Cristian Favaro

Pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 4, mostra o candidato do DEM ao governo do Rio, Eduardo Paes, liderando com 24% das intenções de voto. Este é o primeiro levantamento sem o nome do ex-governador Anthony Garotinho (PRP), que teve a candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por causa disso, o levantamento não pode ser comparado com o anterior.

Em segundo lugar na pesquisa desta quinta-feira aparece Romário Faria (Podemos), com 16%, seguido por Índio (PSD), com 10%, Wilson Witzel (PSC), 9%, e Tarcísio Motta (PSOL), 9%. Depois aparecem Pedro Fernandes (PDT), 6%, e Marcia Tiburi (PT), 5%. Brancos e nulos somaram 13% e 5% não souberam ou não responderam

Na simulação de segundo turno entre os principais nomes, Paes teve 44%, contra 31% de Romário. Brancos e nulos somaram 23% e não sabe, 1%.

A pesquisa tem margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos e está registrada no TSE como RJ-02155/2018. Foram ouvidos 1542 eleitores em 42 municípios. As entrevistas ocorreram em 3 e 4 de outubro.

 

Fonte:Estadão conteúdo

Em debate final, Bolsonaro e Haddad viram alvo de ataques

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Por Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo, enviados especiais, e Roberta Pennafort

No último debate entre os presidenciáveis antes da votação em primeiro turno, promovido pela TV Globo, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, líder nas pesquisas de intenção de voto, foi alvo de críticas contundentes dos participantes por ter se ausentado do encontro. No estúdio da emissora, o petista Fernando Haddad, que está em segundo lugar nas sondagens eleitorais, foi constantemente confrontado pelas denúncias de corrupção durante as gestões de seu partido no Palácio do Planalto.

Mais uma vez, os candidatos que ocupam posições intermediárias nas pesquisas tentaram se colocar como alternativas à polarização entre Bolsonaro e Haddad. Na pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 4, o candidato do PSL soma 35% das intenções de voto, ante 22% do presidenciável do PT.

A ausência de Bolsonaro, que alegou recomendações médicas para não ir ao debate, mas concedeu uma longa entrevista à TV Record, foi questionada pela maioria dos participantes.

Os candidatos que estão no segundo pelotão nas pesquisas também tentaram reforçar a versão de que os líderes representam os extremos do espectro político. Bolsonaro, além das críticas pela ausência, foi tratado como um risco à democracia. Além do tema corrupção, Haddad precisou responder sobre a crise econômica gerada após os governos petistas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com desgaste dos políticos, ruas têm campanha tímida

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Por Matheus Lara, colaborou Adriana Ferraz

“Não é santinho de político, não”, se apressa José Augusto Moura, enquanto tenta distribuir folhetos de um restaurante na Avenida Paulista, na região central de São Paulo. É uma estratégia. “Só assim para as pessoas aceitarem. Era eu esticar o braço e as pessoas respondiam ‘já tenho candidato’. Hoje em dia ninguém quer saber de político. Até o pessoal das campanhas percebeu.”

Driblar a resistência das pessoas nas ruas e enfrentar a falta de paciência em relação à política tem sido um desafio – não só para Augusto, que trabalha no comércio e é afetado indiretamente – mas para militantes que ainda veem no contato corpo a corpo uma forma eficaz de conquistar votos.

Para analistas ouvidos pela reportagem, este comportamento e a consequente debandada das militâncias das ruas para as redes são sintomas da desilusão dos brasileiros em relação às eleições. Assim como há quatro meses o “clima” de Copa do Mundo não foi como em anos anteriores no País, o barulho típico das ruas nos tempos de eleição foi bem diferente e fez surgir a sensação do surgimento de campanhas “fantasmas”, ou pelo menos tímidas.

“Houve muita resistência. Sentimos isso indo para a Praça da República todos os dias”, conta Alex Sandro, que trabalhou numa campanha do PT. “As campanhas foram mais tímidas nas ruas neste ano”, avalia Magali Cristina Lopes, que trabalhou em Itaquera, na zona leste, para um candidato do PSDB. “Difícil. Uma forma de fazer as pessoas aceitarem os santinhos é conversando. Fiz isso, mas mesmo assim muitos negavam. Não era assim.”

“A menor intensidade de militância nas ruas indica um desgaste dos políticos e da política”, analisa o cientista político Rodrigo Prando, da Universidade Mackenzie. “Isso deixa as pessoas receosas de se exporem. O clima de violência na política também leva a isso. Mas as campanhas também estão mais virtuais. Mais nas redes do que nas ruas. Isso tudo contribui.”

Outro fator que pesou no afastamento das militâncias das ruas foi a atuação dos partidos. Em geral, a sensação de não se sentir mais representado. Foi o que aconteceu com o funcionário público Caike Ramos, que neste ano não militou por candidatos de seu partido, o PSTU. “A desilusão vem por parte dos partidos de esquerda não conseguirem dialogar com o povo, com a periferia”, diz Caike.

“Há uma possibilidade de que as pessoas estejam se manifestando agora de forma mais negativa do que positiva em relação às candidaturas”, diz o cientista político Jairo Pimentel, da Fundação Getulio Vargas. “Além disso, as campanhas estão com menos dinheiro, com a proibição de doações empresariais. Isso se reflete em menos gente na rua. Com isso e as desilusões com os partidos, a tendência é mesmo o esvaziamento.”

‘Desmoralização’

O momento impôs dificuldades mesmo para quem já tinha experiência de militância na rua, como o deputado federal Ivan Valente (PSOL), que tenta se reeleger para o quinto mandato. A reportagem acompanhou uma panfletagem do candidato e sua equipe na Avenida Paulista. Apesar da grande movimentação de pessoas e de ser um político conhecido, poucos paravam para receber o material de campanha e conversar ou tirar fotos com Valente. O destino fatal de boa parte dos folhetos distribuídos era a primeira lixeira no trajeto dos eleitores.

“Houve um processo de desmoralização dos partidos. Então, isso se manifesta às vezes na rua na negação dos folhetos, levantando as mãos. Reação de forma mais agressiva é de um outro. Essa negação atrapalha”, disse o candidato. “Além disso, com as novas regras, você não vê mais cavalete, faixas, isso trabalha contra a democracia. Você vê no máximo alguns folhetos e as campanhas parecem menores.”

A reportagem também esteve em Grajaú e Parelheiros, no extremo sul da capital. Entre o horário de almoço e fim da tarde, a reportagem contou apenas cerca de 15 pessoas com bandeiras de candidatos nesta quinta, último dia de campanhas. “Nem recebemos mais santinhos na porta de casa ou do comércio”, diz a comerciante Márcia Bartiromo do Carmo. “Os que chegam são colocados na caixa do correio.”

“O cenário de incivilidade da nossa política atual faz com que as pessoas repensem prioridades. Ir para a rua e se arriscar não é uma dessas prioridades”, analisa Prando, sobre a forma como a discussão política parece se distanciar, de forma voluntária, do cotidiano de eleitores. Avaliação vista na prática até por quem é afetado indiretamente pela rejeição à política, como Augusto, o distribuidor de folhetos do restaurante da Paulista, do início desta reportagem. “No fim das contas, parece que as pessoas estão mais interessadas mesmo é no preço do prato feito, não com esses caras.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.