Patrimônio

0
943
Clube Ypiranga

De uma história marcada por mobilizações sociais, resistência política, coragem de desbravadores e por homens e mulheres que brigaram por transformar a cidade em uma referência regional, Macaé vive hoje o risco de perder, de forma completa, a sua identidade histórica em função do abandono do patrimônio público, um problema que se arrasta desde outros governos.

Diante de um processo complicado de desapropriação, a antiga sede do clube Ypiranga passou a ser de responsabilidade do município há quase cinco anos. E depois de sucumbir ao tempo, o prédio histórico, por onde já passou artistas nacionais, hoje se transforma em mais um elefante branco.

Depois de abrigar o projeto “Macaé 200 anos” e de se tornar também um espaço de apoio para moradores em situação de rua, o prédio situado em posição privilegiada na Avenida Presidente Sodré, disputando espaço com o Palácio Cláudio Moacyr de Azevedo, torna-se um exemplo de como o progresso pode ser perverso com o passado.

No mesmo caminho que gerou a destruição total do Palácio dos Urubus, a antiga sede do Ypiranga não pode ser habitada. Não pela questão processual que ainda falta concluir a desapropriação, mas sim pelas péssimas condições estruturais. Da antiga quadra que garantiu glórias à equipe de futsal, nem mesmo o telhado resistiu e caiu.

Do salão onde bailes embalaram as noites de macaenses das antigas, sobraram apenas ruínas depredadas por invasores que aproveitaram a situação de abandono do prédio, para buscar abrigo.

Assim como o Ypiranga, outros patrimônios públicos do município sucumbiram ao tempo da prosperidade, onde os royalties e a Participação Especial do petróleo, não foram suficientes para evitar que o progresso acabasse com a alma viva dos tempos áureos da Princesinha do Atlântico.

Antes que seja tarde demais, o poder público precisa assumir a sua parte e garantir que, ao menos, esses espaços sejam devolvidos à sociedade, como uma referência de que as riquezas podem até mudar a realidade do município, mas não podem acabar com a essência do povo macaense.