Após Zema ser criticado, Leite defende bloco Sul-Sudeste

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Governador negou que frente queira se colocar contra o Nordeste

O bloco Cosud (Consórcio Sul-Sudeste) foi defendido pelo governador Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, após ser acusado pela esquerda de promover uma divisão entre o eixo Sul-Sudeste e o Norte-Nordeste por meio do consórcio.

A defesa do Cosud não se direciona a criar rivalidades entre estados ou regiões, mas sim a evitar possíveis prejuízos econômicos no Congresso, impedindo a aprovação de medidas que poderiam afetar adversamente ambas as regiões.

A união dos estados do Norte e Nordeste em torno de interesses comuns serviu de inspiração para a iniciativa do bloco, que busca ações voltadas ao desenvolvimento, questões tributárias, combate à pobreza, governança federativa, preservação do meio ambiente, apoio ao agronegócio e enfrentamento do crime. Essas pautas foram elencadas por Leite como focos centrais do Cosud.

Sobre o tema, uma entrevista ao Estadão deste sábado (5) trouxe declarações de Zema, governador de Minas Gerais, que geraram controvérsia na esquerda, chegando até a acusações de traição à nação pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. Eduardo Leite expressou que não acredita que Zema tenha divergido da visão do bloco e, caso tenha feito isso, não o representa. O bloco, cuja presidência está a cargo de Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná, ressaltou a necessidade de união para a defesa de interesses mútuos, destacando exemplos de outras regiões do país que, apesar de menores em termos de economia e população, conseguem aprovar projetos em Brasília devido à coesão.

Por portal Novo Norte

Governo já recebe R$ 1 milhão de royalties como cota-extra de 2018

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Cota-extra abre arrecadação do governo com as receitas do petróleo

Estimativa para 2019 é que receitas do petróleo cheguem à casa dos R$ 600 milhões

Além de atingir a arrecadação história de mais de R$ 650 milhões no ano passado, o governo volta a lucrar alto com as receitas do petróleo, diante da boa fase do mercado offshore no Brasil e no mundo.

No primeiro dia útil de 2019, mais de R$ 1 milhão foi repassado pela Secretaria de Tesouro Nacional aos cofres do município, como cota-extra de royalties, em virtude da produção e comercialização do petróleo extraído das 40 reservas em operação na Bacia de Campos.

Em dezembro do ano passado, Macaé registrou o maior acúmulo de repasses do petróleo da história, contabilizando em apenas um mês mais de R$ 60 milhões apenas com os royalties. Esta cota-extra representa também a valorização do óleo bruto brasileiro comercializado no mercado internacional. E a tendência é que os repasses sigam em alta ao longo deste ano.

Por conta disso, as perspectivas de Macaé quanto ao novo ciclo virtuoso da indústria de óleo e gás se fortalecem, à medida que novos leilões também são programados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Além disso, há a expectativa quanto ao início dos investimentos em revitalização dos campos maduros, operação que vai gerar ainda mais óleo na Bacia de Campos, e consequentemente, mais royalties e Participação Especial do petróleo.

Projeto de Kim quer proibição de piadas com minorias

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Deputado citou o caso do humorista Léo Lins

Na última sexta-feira (19), o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) apresentou um projeto de lei que proíbe qualquer tipo de restrição e/ou punição para apresentações de stand-up ou que possua conteúdo humorístico. O parlamentar usou as redes sociais para comentar a proposta e citou o humorista Léo Lins, que recebeu ordem judicial para remover do YouTube um especial de comédia intitulado Perturbador.

– Hoje, os humoristas vêm sofrendo restrições de todas as ordens, como aconteceu com o Léo Lins. O que é crime vai continuar sendo crime. O que é só uma piada é que vai voltar a ser piada. Ninguém é obrigado a consumir um tipo de conteúdo que não gosta, mas é preciso respeitar a liberdade de expressão – escreveu Kataguiri.

Na Câmara, o PL passou a ser chamado de Léo Lins. As informações são do jornal O Dia.

O Projeto de Lei 2703 de 2023 defende que qualquer produção artística com cunho humorística não pode “sofrer restrições de qualquer ordem, salvaguardando a manutenção, transmissão, publicação, divulgação, distribuição, realização de download de quaisquer arquivos de vídeo, imagem ou texto, não ensejando a responsabilização na esfera administrativa, civil e criminal”.

Kim apontou ainda que a Constituição Federal garante a liberdade de expressão.

A proposta será analisada pela mesa diretora para poder ser debatida pelas comissões. Não há previsão para votação em plenário.

Por portal Novo Norte

Lula endurece norma para transferência de recursos da Saúde e pode azedar de vez relação com o Centrão

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Essa decisão, tomada pelo Ministério da Saúde sob a gestão de Nísia Trindade, resultou na interrupção de transferências para municípios no final do ano

A relação do Governo Lula com o Centrão pode azedar de vez já no início de 2024. Isso por que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), implementou novos critérios para a transferência de verbas orçamentárias destinadas à saúde, apadrinhadas por parlamentares. 

Essa decisão, tomada pelo Ministério da Saúde sob a gestão de Nísia Trindade, resultou na interrupção de transferências para municípios no final do ano. As alterações, introduzidas por uma portaria datada de 19 de dezembro, têm causado um crescente descontentamento no Congresso Nacional.

A verba afetada pela nova norma é parte de uma cota parlamentar, embora não seja formalmente classificada como emenda parlamentar. Esses recursos são frequentemente utilizados como ferramenta de negociação pelo governo com a Câmara dos Deputados e o Senado. A mudança na regulamentação pela pasta da Saúde tem impedido o cumprimento de compromissos previamente acordados com parlamentares, que em dezembro votaram favoravelmente em pautas consideradas prioritárias para o governo Lula.

O Ministério da Saúde justificou a mudança alegando um aumento no orçamento no fim do ano, o que exigiu a revisão dos prazos e procedimentos. Entretanto, muitas propostas submetidas ao ministério ao longo do ano não foram atendidas, em grande parte devido à insuficiência orçamentária ou dificuldades técnicas. Além disso, uma das alterações introduzidas agora exige uma aprovação prévia por uma comissão intergestores, aumentando a burocracia para a liberação dos recursos.

Este cenário tem gerado reclamações de congressistas de diversos espectros políticos, que se queixam da incapacidade de atender às novas exigências a tempo de garantir a chegada dos recursos aos prefeitos antes do final do ano. Além disso, há críticas sobre o empenho de quantias inferiores às acordadas. O relacionamento já tenso entre o Executivo e o Legislativo, marcado por críticas ao longo de 2023, especialmente com a Câmara, parece se agravar com essas mudanças. Parlamentares esperam abordar a questão com o governo assim que o ano legislativo iniciar em fevereiro.

As mudanças também afetam a figura de Alexandre Padilha, ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política do governo. Há insatisfação com sua atuação e a dos líderes do governo no Congresso, aumentando a pressão por mudanças nessas posições para melhorar a relação entre os poderes.

Nikolas Ferreira reage a crítica de Datena: “Piada veio pronta”

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Deputado mineiro foi chamado de “fascista”

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), reagiu a uma crítica que recebeu do apresentador Datena, nesta quarta-feira (15).

A declaração de Datena ocorreu durante uma entrevista com o deputado Guilherme Boulos (PSOL-RJ), na Rádio Bandeirantes. O apresentador defendeu que Nikolas deveria ser cassado.

– Guilherme Boulos é candidato a prefeito de São Paulo, o deputado mais votado do estado. (…) Deveria ser do Brasil, no lugar daquele Nikolas, que é um fascista. O que ele falou dentro do Congresso Nacional deve ser repudiado em todos os sentidos. Devia ser cassado aquele cara, que entrevistei aqui sem saber quem era. Agora eu sei quem ele é. (…) Nunca mais na minha vida, não quero nem ver. Devia ser cassado esse cara – disse.

Após ser chamado de “fascista” pelo apresentador da Band, o parlamentar apontou que “a piada veio pronta”.

– Datena me chamando de fascista na frente do… Boulos. Piada veio pronta.

Por Portal Novo Norte

Com R$ 66,5 milhões, Lula lidera repasses de fundo eleitoral

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Petista recebeu quantia 13 vezes maior do que presidente Jair Bolsonaro, que tem R$ 5 milhões

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o candidato às eleições gerais de 2022 que mais recebeu verba pública à campanha eleitoral, mostram os dados liberados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quarta-feira (24). A decisão a respeito da quantia que será ou não disponibilizada para o candidato é do comando dos partidos da coligação de Lula.

Desde que os recursos começaram a ser distribuídos aos partidos, neste mês, o PT já repassou R$ 66,7 milhões para a campanha do ex-presidente ao Palácio do Planalto. Os valores são referentes ao Fundo Eleitoral e Partidário. Ambos saem dos cofres públicos. O Fundo Eleitoral neste ano é de R$ 4,9 bilhões. Já o Fundo Partidário é de R$ 1,1 bilhão.

Entre os postulantes a cargos majoritários (presidente, governador e senador), o segundo colocado é Alexandre Kalil (PSD), candidato ao governo de Minas Gerais, que recebeu até o momento R$ 16 milhões. Ele é seguido por Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de São Paulo, com R$ 14,8 milhões.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) aparece em 9º lugar na arrecadação. Foram R$ 5 milhões de recursos repassados por partidos. A repartição é feita conforme o tamanho da bancada de cada sigla no Congresso e o desempenho delas nas últimas eleições presidenciais.

Vale destacar que este levantamento é parcial. Isso porque os partidos receberam, até aqui, só 15% dos quase R$ 5 bilhões do fundo eleitoral que vão irrigar as candidaturas até o final do segundo turno.

CONFIRA O TOP 10

  1. Lula (PT) – Presidente – R$ 66,7 milhões
  2. Alexandre Kalil (PSD-MG) – Governador – R$ 16 milhões
  3. Fernando Haddad (PT-SP) – Governador – R$ 14,8 milhões
  4. Marcelo Freixo (PSB-RJ) – Governador – R$ 8,8 milhões
  5. Onyx Lorenzoni (PL-RS) – Governador – R$ 6 milhões
  6. Danilo Cabral (PSB-PE) – Governador – R$ 5,7 milhões
  7. Fatima Bezerra (PT-RN) – Governadora – R$ 5,3 milhões
  8. Carlos Orleans Brandão (PSB-PE) – Governador – R$ 5 milhõesContinua depois da publicidade
  9. Jair Bolsonaro (PL) – Presidente – R$ 5 milhões
  10. Simone Tebet (MDB) – Presidente – R$ 5 milhões

Por Portal Novo Norte

Mais erros do que acertos na economia afastam Haddad de candidatura presidencial em 2026

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O ministro, que havia recebido elogios no Congresso por seu papel nas negociações da reforma tributária, viu seu prestígio declinar após comentários desfavoráveis do presidente Lula sobre a meta de déficit zero

A possibilidade de Fernando Haddad (PT), atual Ministro da Fazenda, assumir a candidatura presidencial pelo PT em 2026 está cada vez mais difícil de se tornar realidade. 

O ministro, que havia recebido elogios no Congresso por seu papel nas negociações da reforma tributária, viu seu prestígio declinar após comentários desfavoráveis do presidente Lula sobre a meta de déficit zero, enfraquecendo a confiança do mercado financeiro e o distanciando de uma imagem de rigor fiscal.

O próprio Lula, ainda a figura central do PT, minimizou a estratégia de déficit zero adotada por Haddad, sugerindo uma possível desistência do ministro na corrida ao Planalto. Especula-se também que a primeira-dama Rosângela da Silva e outros nomes fortes do partido, como os ministros Flávio Dino e Rui Costa, poderiam ser alternativas para a candidatura, dependendo do cenário político e da evolução de suas carreiras.

Os últimos meses foram marcados por uma queda acentuada na avaliação de Haddad junto ao público, com pesquisas indicando um crescente pessimismo em relação à economia. 

Apesar da conjuntura atual, o jogo político para 2026 permanece aberto, com expectativas ainda indefinidas.

Arrecadação do município cresce mais de R$ 327 milhões em um ano

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Município deve atingir, com folga, a receita total de mais de R$ 2 bilhões até o final do ano

Em um processo gradativo de recuperação fiscal, baseado especialmente na superação da crise do mercado do petróleo, a prefeitura de Macaé atingiu nesta semana a arrecadação total de mais de R$ 1.761 bilhão, quantia que faz frente ao caos instalado em setores de assistência ao cidadão, especialmente na Saúde.

O volume orçamentário atingido pela cidade nos últimos dias reforça a superação das barreiras da crise, que desde 2016 comprometeu o desempenho fiscal do governo, sem deixar de alcançar a margem bilionária de receitas públicas.

Hoje, apesar da economia da cidade ainda sentir os efeitos da recessão dos negócios offshore, que reduziu o número de empregos formais, afetando o poder aquisitivo da população, o governo registra um desempenho tributário acima do esperado, o que surpreende até mesmo os indicadores mais positivos sobre desenvolvimento e progresso.

Entre janeiro e agosto deste ano, a prefeitura arrecadou R$ 327 milhões a mais que o mesmo período, no ano passado. Esse salto orçamentário se deve, principalmente, ao crescimento dos repasses dos royalties e das cotas da Participação Especial do petróleo, que sozinhos somam receitas na ordem de quase R$ 400 milhões, com superávit de mais de R$ 160 milhões.

Nesta semana, a prefeitura ainda recebe uma cota extra de royalties de mais de R$ 816 mil, valor excedente da produção de reservas da Bacia de Campos, cujo óleo e gás seguem valorizados no mercado internacional do petróleo.

Com isso, não restam dúvidas de que a prefeitura atingirá, até o final do ano, a marca dos R$ 2,2 bilhões, retomando assim ao patamar tributário dos tempos áureos do mercado do petróleo.

Confirmado: Carapebus terá nova eleição para prefeito em 7 de novembro

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Foto: Divulgação

Serão adotadas no pleito suplementar as mesmas medidas de segurança sanitária das Eleições 2020

O calendário das eleições suplementares em Carapebus, na Região dos Lagos, foi aprovado pelo Colegiado do TRE-RJ na sessão desta quinta-feira (2). Os candidatos eleitos em 7 de novembro, data do pleito suplementar, exercerão mandato até 31 de dezembro de 2024.

Somente estão aptos a votar na eleição suplementar eleitoras e eleitores que possuíam domicílio eleitoral no município em 9 de junho de 2021, desde que estejam em situação regular. Assim como no pleito de 2020, a identificação biométrica não será utilizada e o uso de máscaras de proteção nas seções eleitorais será obrigatório.

As convenções partidárias estão autorizadas no período de 22 a 26 de setembro. A partir de 1º de outubro, último dia para apresentar o registro de candidatura, a 255ª ZE, que atende os municípios de Carapebus e Quissamã, funcionará em regime de plantão aos sábados, domingos e feriados. Os eleitos que tiverem as contas de campanha aprovadas devem ser diplomados até o dia 29 de novembro.

A posse dos eleitos é uma atribuição da Câmara Municipal. As demais datas e regras do processo eleitoral suplementar, como prazos para impugnações, julgamento de reclamações e direito de resposta, recursos e prestações de contas estão na resolução aprovada nesta quinta-feira (2).

Entenda o caso – A candidata Christiane Miranda Cordeiro (PP) foi eleita no pleito de 2020, tendo seu registro de candidatura indeferido pelo TRE-RJ no final de novembro do mesmo ano. A candidata teve as contas relativas ao exercício de 2017 rejeitadas por decisão da Câmara Municipal, o que é uma das hipóteses de inelegibilidade previstas na legislação eleitoral.

Ela recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e teve um pedido de tutela de urgência acolhido para que fosse diplomada e empossada no cargo, enquanto o TSE analisava o mérito do recurso. Após o julgamento do recurso, as causas da inelegibilidade foram reconhecidas e, com isso, o TSE determinou o seu afastamento imediato do cargo e a realização de novas eleições em Carapebus.

Lira detona relatório de Renan Calheiros: “Uma CPI não pode se converter em um instrumento inquisitorial de exceção”

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É o primeiro revés do relatório da CPI da Pandemia. Processo contra deputados bolsonaristas não deve avançar na Câmara

 presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, fez um duro pronunciamento contra o relatório da CPI da Pandemia, entregue hoje a diversas autoridades públicas Brasileiras. Lira disse que tomou conhecimento das conclusões do relatório com grande indignação e classificou como inaceitável a proposta de indiciamento de membros da Câmara dos Deputados.

Para Lira, a proposta de indiciar Parlamentares da Câmara por suas manifestações públicas ou privadas fere de morte direitos e garantias fundamentais garantidas pela Constituição Federal do Berasil.

“Uma Comissão Parlamentar de Inquérito pode muito, senhores e senhoras, e, quando conduzida com seriedade, pode prestar relevantes serviços à sociedade. Entretanto, uma CPI não pode tudo. Uma CPI não possui, por exemplo, todos os poderes instrutórios dos juízes e não pode realizar atos exclusivamente jurisdicionais gravados pela Constituição com a cláusula de reserva jurisdicional, cuja prática é atribuída com exclusividade ao Poder Judiciário”, disse Arthur Lira em tom firme.

Lira disse ainda que “uma CPI não pode se converter em um instrumento inquisitorial de exceção, infenso ao controle e dotado de poderes exorbitantes ou ilimitados. Em um Estado Democrático e de Direito como é o Estado brasileiro, nenhuma autoridade pode atuar assim”.

O relatório apresentado por Renan Calheiros (MDB-AL) pediu o indiciamento dos deputados federais Ricardo Barros (PP‑PR), Eduardo Bolsonaro (PSL‑SP), Bia Kicis (PSL ‑DF), Carla Zambelli (PSL‑SP), Osmar Terra (MDB‑RS) e Carlos Jordy (PSL‑RJ). A maioria deles sequer foi ouvida pela CPI. Além disso, é preciso autorização da Câmara para a instauração de processo criminal contra deputados, o que é pouco provável de acontecer.

Confira na íntegra o pronunciamento de Arthur Lira.

Srs. Deputados e Deputadas, eu queria até pedir licença aos que estão aqui mais próximos para tirar a máscara.

Senhoras e senhores, eu pretendo fazer uma fala a respeito do relatório lido pela CPI do Senado Federal, Casa parlamentar irmã nossa, que entregou ontem a votação do relatório. Eu não faço juízo de valor acerca do que eles discutiram, investigaram e votaram, a não ser quanto a um assunto para o qual eu preferi fazer um discurso lido, calmo, ponderado, mas muito firme, a respeito do tratamento desigual que foi dado, injusto ou justo, a Senadores e Deputados que têm a liberdade de expressar as suas opiniões e por elas não podem ser absolutamente indiciados por expressar a sua opinião pela apresentação de um projeto de lei ou qual quer coisa que equivalha na sua atividade funcional.

Portanto, senhoras e senhores, para mim, é motivo de grande indignação — grande indignação —, como Presidente da Câmara dos Deputados e como cidadão brasileiro, tomar conhecimento das conclusões encaminhadas pelo Relator da CPI da COVID no Senado Federal.Continua depois da publicidade

É inaceitável, repito, inaceitável, a proposta de indiciamento de Deputados desta Casa no relatório daquela Comissão Parlamentar de Inquérito instituída com a finalidade — prestem atenção! — de apurar as ações e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia da COVID-19 no Brasil.

Digo indignação e não encontro outro termo, pois o que está em questão não é um ou outro Parlamentar individualmente, senão profundos postulados da ordem constitucional brasileira e do Estado Democrático de Direito por ela instituído — e nós votamos aqui a Lei do Estado Democrático de Direito —, postulados que consagram, a propósito, a separação e a harmonia dos Poderes, que estabelecem limites ao exercício do poder de autoridade, que asseguram a liberdade de pensamento e a expressão com direito geral e a imunidade dos Parlamentares — eu estou tratando da imunidade dos Parlamentares —, por suas opiniões e por seus votos, como dimensão ampliada desta mesma liberdade.

Não desconheço que vivemos uma pandemia de extrema gravidade, a qual já ceifou a vida de mais de 600 mil brasileiros e de milhões de pessoas no mundo. Também não desconheço que erros graves possam ter sido cometidos no combate à pandemia e que algumas atitudes, inclusive de autoridades constituídas, possam ter contribuído em algum momento para o agravamento da situação. Enfrentamos uma crise sanitária nunca vista, onde não havia manual para isto. E o Brasil, como todas as nações do mundo, aprendeu a duras penas a lidar com essa situação.

Ações ou omissões com a deliberada intenção de violar a lei e com o conhecimento pleno do delito que se comete devem ser investigadas e, sendo o caso, devem conduzir à responsabilização de seus autores.

Neste sentido, a Comissão Parlamentar de Inquérito instituída pelo Senado Federal contribui para o esclarecimento de fatos delitivos no entorno da pandemia, para o controle e fiscalização de agentes, órgãos públicos e para o aperfeiçoamento da própria ação administrativa.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito pode muito, senhores e senhoras, e, quando conduzida com seriedade, pode prestar relevantes serviços à sociedade. Entretanto, uma CPI não pode tudo. Uma CPI não possui, por exemplo, todos os poderes instrutórios dos juízes e não pode realizar atos exclusivamente jurisdicionais gravados pela Constituição com a cláusula de reserva jurisdicional, cuja prática é atribuída com exclusividade ao Poder Judiciário.

Mais do que isso, senhoras e senhores, ainda que graves sejam os fatos investigados, uma CPI não pode se converter em um instrumento inquisitorial de exceção, infenso ao controle e dotado de poderes exorbitantes ou ilimitados. Em um Estado Democrático e de Direito como é o Estado brasileiro, nenhuma autoridade pode atuar assim.

A hipótese suscitada pelo Relator da CPI da Pandemia de indiciar Parlamentares desta Casa por suas manifestações públicas ou privadas fere de morte direitos e garantias fundamentais. Ademais, tal atitude de membros de nossa Casa irmã do Congresso Nacional, o Senado Federal, abre um precedente de enorme gravidade.

Analisando em particular a liberdade de expressão, relembro que ela é garantida pela Constituição de 1988, de modo especial no inciso IV do art. 5º. Tratando-se de uma importante garantia dos regimes democráticos, pode-se afirmar que a restrição à livre circulação de opiniões e ideias é própria dos regimes totalitários, o que não é o caso do Brasil. De mais a mais, a troca de ideias, as discussões públicas e o diálogo encorajam a sociedade a se manifestar sobre os seus problemas, sem contar que tal liberdade limita o próprio abuso de poder.

Esse direito pode ser invocado por todo e qualquer cidadão brasileiro ou por qualquer pessoa que aqui resida mas, em relação aos Parlamentares brasileiros, esse direito evolui para uma condição especial de proteção do próprio mandato e de seu exercício.

Assim, a Constituição assegura expressamente que os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos, estendendo a mesma garantia a Deputados Estaduais, Distritais e aos Vereadores.

Afirma o Relator da CPI que um dos motivos que levou ao indiciamento de pessoas no relatório final teria sido a disseminação de notícias supostamente falsas relacionadas ao coronavírus, e que a mesma argumentação pode ser invocada para sustentar o indiciamento de integrantes desta Casa.

Sendo assim, para o ilustre Relator, Parlamentares se equiparam a pessoas comuns, e não devem ser consideradas como autoridades legitimamente constituídas pelo voto popular e com garantias próprias de atuação.

Ora, a longa evolução de dois institutos, imunidade parlamentar e Comissão Parlamentar de Inquérito, seja no campo da história, seja na doutrina e na legislação, leva-nos ao entendimento de que o Parlamentar, seja ele qual for, de que partido for, de que ideologia for, deve gozar da mais ampla liberdade de expressão.

Ainda que parcela da doutrina restrinja o instituto da imunidade parlamentar, limitando-o aos prédios do Parlamento, reconhece que essa restrição não abarca a liberdade de expressão, a liberdade de fala, principalmente quando o Parlamentar estiver expressando opiniões.

Se para o instituto da imunidade não importa o conteúdo da manifestação oral do Parlamentar, sendo ele, em relação às suas manifestações orais, irresponsável no sentido técnico de que não é passível de responder penalmente por elas, é absolutamente descabido constranger Parlamentar a depor em uma CPI em virtude de haver manifestado determinada opinião, pois isso significaria cercear as suas imunidades. Maior gravidade ainda se teria com o eventual indiciamento em virtude das manifestações e opiniões manifestadas pelo Parlamentar quanto aos fatos objeto da apuração.

Fazendo uma breve aproximação com o Relatório da CPI, destaco: da extensa lista de delitos mencionados a acusações de incitação ao crime em relação aos Deputados, trata-se de algo que é abrangido pela imunidade parlamentar material. E, neste ponto, reitero ser do interesse do regime democrático que Parlamentares possam expressar opiniões dissidentes mesmo que em matéria técnica e notadamente quando não há unanimidade científica.

Quanto a crimes comissivos, deve-se considerar que os Congressistas não têm ingerência nas ações da Administração Pública. Repito, os Congressistas não têm ingerência nas ações da Administração Pública, nem detêm poder sobre o mérito administrativo que os habilite a interferir diretamente na condução de políticas públicas, ou seja, eles não participam da cadeia causal daqueles crimes sendo impossível atribuir-lhes qualquer grau de autoria.

Em conclusão, e já pedindo desculpas, senhoras e senhores, venho, sim, fazer publicamente a defesa de integrantes desta Casa e do exercício pleno das prerrogativas que a ordem constitucional lhes assegura. Mas venho, acima de tudo, defender o Estado Democrático de Direito com a convicção de que nenhuma autoridade pode utilizar instrumentos de exceção contrários ao direito e infensos ao controle, pois, aí, não se tem democracia nem direito, senão puro arbítrio.

A democracia é um projeto em permanente estado de construção e, por isso, deve ser protegida contra qualquer ataque que a diminua.

Feitas essas considerações, informo que esta Presidência analisará o teor e a aptidão processual do Relatório da CPI de forma minuciosa à luz da Constituição Federal, em particular do Estado, da liberdade de expressão e da imunidade parlamentar por opiniões, palavras e votos, seguindo os ritos do Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados e do Ato da Mesa nº 37, de 2009, de forma a garantir, senhoras e senhores, a liberdade e a dignidade do exercício do mandato parlamentar.” (Palmas.)

Muito obrigado a todos.

E eu espero que isso tenha sido um feito, porque não se pode aplicar dois pesos e duas medidas no mesmo relatório sobre Parlamentares do Congresso Nacional.