Os pesquisadores apontaram que as bebidas energéticas, muitas vezes comercializadas para crianças e adolescentes como uma forma de melhorar a energia e o desempenho, podem na verdade resultar em mais malefícios do que benefícios

Um estudo divulgado na última segunda-feira (15) pela revista Public Health Journal estabelece uma conexão entre o consumo de bebidas energéticas e um aumento no risco de vários problemas de saúde em jovens. Esta pesquisa, conduzida por cientistas do Centro de Pesquisa Translacional em Saúde Pública da Universidade Teesside e da Universidade de Newcastle, levantou questões significativas sobre os efeitos dessas bebidas, particularmente entre os mais jovens.

Os pesquisadores apontaram que as bebidas energéticas, muitas vezes comercializadas para crianças e adolescentes como uma forma de melhorar a energia e o desempenho, podem na verdade resultar em mais malefícios do que benefícios. Amelia Lake, professora de Nutrição em Saúde Pública da Universidade de Teesside, destacou os riscos que essas bebidas representam, especialmente considerando seu apelo ao público mais jovem. Diante dessas descobertas, os pesquisadores solicitaram ao governo britânico a proibição da venda destes produtos para menores de 16 anos, uma medida que também é permitida no Brasil.

O estudo também revelou que o consumo de energéticos está associado a problemas de saúde mental, como ansiedade, estresse, depressão, pânico e pensamentos suicidas. Shelina Visram, professora da Universidade Teesside, enfatizou a importância dessas descobertas para a saúde pública, chamando atenção para o sofrimento psicológico e problemas de saúde mental que podem ser causados por essas bebidas.

Além dos impactos na saúde mental, a pesquisa também encontrou uma ligação com problemas cardíacos, incluindo o aumento da rigidez arterial e elevação da pressão arterial sistólica e diastólica. Outros efeitos negativos observados incluíram comportamentos prejudiciais, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de outras substâncias, violência, práticas sexuais arriscadas, direção perigosa e bullying. O estudo também indicou uma correlação entre a ingestão dessas bebidas e um desempenho acadêmico mais fraco, pior qualidade de sono e hábitos alimentares inadequados.

O conteúdo dessas bebidas energéticas, que inclui altos níveis de cafeína e açúcar, é uma grande preocupação. Uma lata padrão de 250 mililitros de uma marca líder contém 80 miligramas de cafeína, enquanto a ingestão máxima considerada segura, segundo a EFSA, é de 3 miligramas por quilo de peso corporal. Para um adolescente de 50 quilos, isso significa que 150 miligramas é o limite seguro, um valor rapidamente excedido pelo consumo dessas bebidas. Além disso, o alto teor de açúcar, que varia entre 27,5 e 60 gramas por 250 e 500 mililitros respectivamente, é equivalente a 11-12 colheres de chá de açúcar, representando cerca de 220-240 calorias por lata de 500 mililitros. Embora existam opções light ou zero para reduzir o açúcar, substituindo-o por adoçantes, a preocupação com os efeitos na saúde permanece.