Em agosto do ano passado publiquei, neste portal, um texto alertando para a necessidade imperiosa de explorarmos novas províncias petrolíferas para garantir a continuidade da nossa autossuficiência na produção de óleo e gás natural. Além disso, a manutenção ou aumento dos níveis atuais de produção desses hidrocarbonetos é a mais prática e rápida maneira de gerar recursos financeiros para serem investidos nos inadiáveis, e imprescindíveis, projetos de transição energética.
Todos as pessoas, especialistas ou curiosos, com um mínimo de bom senso, concordam com a necessidade de substituir os combustíveis fósseis por outros energéticos menos poluentes, mas também haverão de concordar que essa substituição será um processo lento que consumirá algumas dezenas de anos, e alguns bilhões de dólares. Olhando para o mundo como um todo, é fácil perceber como as enormes diferenças socioeconômicas entre as nações ricas, pobres e as miseráveis é que determinarão a velocidade e o tempo para uma efetiva e global limpeza ambiental do nosso planeta. Não adianta ter carros elétricos em New York enquanto a maioria dos africanos cozinham, quando tem o que comer, usando lenha ou carvão vegetal. Isso demonstra que a transição se dará de forma desequilibrada entre os diversos países e continentes.
Sabedores disso, os países reconhecidamente desenvolvidos estão implementando projetos de fontes limpas de energia, mas, simultaneamente, acelerando a exploração e o desenvolvimento dos seus potenciais petrolíferos. Com isso se capitalizam e financiam aqueles projetos, e criam reservas de hidrocarbonetos para abastecerem com combustíveis fósseis os povos menos desenvolvidos, que ainda carecerão desses produtos por muitas décadas. Por outro lado, todos sabem que o petróleo, além de combustível automotivo, tem centenas de utilidades, principalmente na indústria química, que nunca poderão ser atendidas por fontes energéticas alternativas.
Então, se mesmo concordando com a necessidade de medidas que favoreçam a ecologia, os poderosos países do primeiro mundo não reduziram (em alguns casos estão acelerando) as suas atividades petrolíferas, por que caberia a nós, brasileiros do terceiro mundo (ou de país em desenvolvimento, como gostamos de nos auto enganar), ser a palmatória do mundo e estagnar a nossa indústria do petróleo? Por que, se eles, que são os maiores responsáveis pela degradação ecológica do planeta não o fazem, o que o Brasil tem a ganhar ao deixar de buscar reservas de petróleo quase sem risco geológico, como é o caso concreto da Margem Equatorial? Autoridades ambientais não permitem exploração daquela área promissora alegando riscos de desastres ecológicos, apesar das empresas de petróleo, respaldadas em experiencia de dezenas de anos fazendo o mesmo trabalho em áreas sensíveis como o Mar do Norte, Bacia de Campos e na mesma Margem do lado da Guiana, demonstrarem que possuem tecnologia comprovada para eliminar aqueles riscos. E mais, as companhias de petróleo são conduzidas por técnicos tão responsáveis quanto os ambientalistas se dizem ser, ou o respeito ao meio ambiente é monopólio de alguns poucos ungidos com sagrados poderes?
Sinceramente, parece que queremos mesmos ser uns terceiro-mundistas teleguiados pelos países economicamente mais poderosos. Desejamos ascender ao primeiro mundo? Então, vamos nos comportar como eles. Quando eles pararem a exploração e produção de petróleo, nós também o faremos. Por que eles podem manter o elevado padrão de vida dos seus cidadãos sem tantas preocupações com o meio ambiente, e nós temos ativistas que pensam – em vão, obviamente – salvar o planeta com o sacrifício da qualidade de vida da maioria da nossa população, já bastante pobre e desamparada? Chega de atender aos ditames das ONGs verdes que não pressionam as nações ricas, mas querem exigir de nós o que não conseguem em seus próprios países. Chega de servir de bucha de canhão das causas ambientais, e vamos, sim, seguir o exemplo dos norte-americanos, a quem tanto gostamos de imitar. Temos tecnologia, temos técnicos, temos reservas e bacias sedimentares promissoras. Vamos explorá-las. Doravante, na língua deles para sermos bem compreendidos, digamos em alto e bom som: The petroleum is ours, Brazil first!
Por: Alfeu Valença – Original do Portal Tempo Real