Subsecretário adjunto de Energia do Rio de Janeiro, Daniel Lamassa, na CEHV (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

Estado pretende aproveitar seu posto de principal produtor de gás natural do país para produzir hidrogênio com captura de carbono

RIO — Ao contrário de outros estados brasileiros que estão apostando na produção de hidrogênio verde, a partir de eletrólise com fontes de energia renováveis, o Rio de Janeiro pretende colocar as fichas na produção de hidrogênio azul, feito a partir de reforma do gás natural com captura de carbono. 

Para Daniel Lamassa, subsecretário adjunto de Energia do Rio de Janeiro, o estado tem que aproveitar as vantagens de ser o maior produtor de gás natural do país, com quase 71% de toda a produção nacional,  e de ter a segunda maior malha de distribuição de gás natural. 

“Estamos conversando aqui sobre hidrogênio verde, sabemos que é o futuro, é o que queremos, mas temos que passar antes, por outras rotas, outras cores de hidrogênio, antes de chegar no verde”, disse o secretário durante audiência pública da Comissão Especial do Hidrogênio Verde, na quarta (24/5).

Rotas de escoamento do gás natural

Lamassa pontuou a construção do Rota 3, pela Petrobras, que deve interligar a produção de gás do pré-sal da Bacia de Santos com a unidade de processamento (UPGN) do Polo Gaslub (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ), com capacidade de escoar 21 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A obra tem previsão de término para o final do ano que vem. 

“Hoje em dia o hidrogênio azul é mais competitivo que o verde (…) O CO2 capturado pode ser utilizado em indústrias ou reinjetado em campos depletados da Bacia de Campos”, acredita o subsecretário.

No ano passado, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lançou uma nota técnica sobre o papel do gás natural na produção de hidrogênio

A nota incluiu um estudo de caso para instalação de plantas de produção de hidrogênio azul em plataformas offshore já existentes no pré-sal da Bacia de Santos, em que o CO2 emitido no processo seria capturado e injetado nos reservatórios, tal qual é feito hoje com o gás natural. 

Lamassa lembra ainda que a EPE também avalia a possibilidade de construção de mais três rotas de escoamento de gás. 

A Rota 4B, do campo da Equinor que poderia chegar ao Porto de Itaguaí, com 16 milhões de m3/dia. A Rota 5B, também da Equinor, com 14 milhões de m3/dia, e mais futuramente a Rota 6B, levando até o Porto de Açu, com 12 milhões m3/dia. 

“A própria União Europeia já votou que o gás natural é um combustível  verde. O estado do Rio de Janeiro, assim como o Brasil, tem todo o potencial de se reindustrializar através do gás natural”, afirmou Lamassa.


Rio dos fertilizantes

O subsecretário também explica que o Estado aposta nas indústrias de fertilizantes com baixa pegada de carbono, seja a partir do gás natural e hidrogênio azul, ou a partir do hidrogênio verde. 

“A cadeia de fertilizantes anda de mãos dadas com a cadeia de hidrogênio”, disse. 

Segundo ele, o estado teria capacidade de receber três plantas produtoras de fertilizantes, aproveitando-se tanto da oferta de gás, como também da infraestrutura portuária existente, e da futura ferrovia EF 118, da Vale. 

A ferrovia pretende conectar Porto do Açu, GasLub,  e a estrada de ferro Vitória-Minas, o que permitiria escoar a  produção fluminense de fertilizantes para zonas do agronegócio. 

Recentemente, o CEO do Porto do Açu, José Firmo,  afirmou que a ideia da empresa era “colocar o Rio no mapa de fertilizantes”. Para isso, tenta trazer gás natural ao porto e, com isso, as empresas de fertilizantes. 

A GNA – termelétrica a gás natural da joint venture formada por Prumo, BP, Siemens e SPIC – assinou memorandos de entendimento com as concessionárias NTS e TAG para conexão do porto à rede de gasodutos. 

Por Gabriel Chiappini/ EPBR