Redução de Danos em Macaé é discutida em live - Divulgação

O encontro virtual aconteceu na noite da última quarta-feira (19)

Aconteceu na noite da última quarta-feira (19), às 20h, a live mediada pelo Vereador Luciano Diniz, com o tema ‘Redução de Danos em Macaé’, tendo como convidados o Deputado Estadual Welberth Rezende (CIDADANIA); a Assistente Social, Samantha Fragoso; Médica e Coordenadora Geral Política sobre Drogas, Claudia Magaldi; Alex Xavier, Doutor em Sociologia Política, ouvidor e fisioterapeuta e a Coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial Álcool, Tabaco e outras Drogas (CAPS Macaé), Bia Barreto.

Segundo Cláudia Magaldi, médica pneumologista, Mestre em Medicina Pública Internacional e Análise de Políticas Públicas e Coordenadora da Coordenação Geral de Políticas Sobre Drogas de 2014 a 2018, quando se fala de drogas, parece que é preciso falar de forma baixa e ter cuidado, mas na verdade é preciso quebrar esse tabu e aprender a falar de drogas de forma aberta nessa temática. “É preciso focar no indivíduo para entender as razões de uso e as substâncias psicoativas, como álcool, tabaco, ilícitas, medicações e muitas outras”, ressalta. E concluiu: “Era necessária uma equipe multidisciplinar, um espaço de acolhimento e pessoas a mais para poderem ajudar esses usuários, o que despertou posteriormente, o estudo por práticas e fórmulas, originando assim, a redução de danos”, disse.

O Fisioterapeuta Alex Xavier inicia sua participação na live explicando aos internautas o papel de uma ouvidoria como um instrumento de gestão e participação social, ou seja, é um órgão que media o contato entre a população e a prefeitura, servindo como um termômetro sobre as coisas que acontecem e propondo recomendações para a própria gestão qualificar a sua prática. “Enquanto ouvidoria é preciso entender bem a estrutura que trabalhamos para termos noção ampla para trabalhar as necessidades trazidas pela população. Sobre a nossa aproximação com a Escola da Redução de Danos em Macaé, em 2013, recebemos uma manifestação de um munícipe que reclamava sobre uma instituição que não havia espaço para lazer nesse ambiente e, naquele momento, por alguns problemas de manutenção, o munícipe questionava que precisava consertar porque o ambiente podia servir como um cenário de substâncias psicoativas”. E finalizou: “O que veio como uma manifestação individual se tornou Política Pública. Conseguimos entrar em contato com essa instituição que participou de todo processo de construção da escola na primeira oferta e, a partir daí, demos uma resposta individual a pessoa que reclamou e o município repensou a trajetória sobre a construção da Escola de Redução de Danos”, conta.

Para a Assistente Social Samantha Fragoso, a Escola da Redução de Danos surgiu de uma demanda muito viva. Havia um financiamento do Governo Federal, mas ela nasceu da demanda da população, sobre como lidar com os que usam substâncias lícitas e ilícitas. “A escola começou em 2013 e, nesse ano se não houvesse a pandemia do novo coronavírus, estaríamos na nona edição. Muitos municípios do Brasil na época conseguiram investimento par executar a escola, mas o único lugar onde ela teve continuidade foi Macaé. Acho importante dizer isso aqui, pois o município é muito especial nesse sentido diante dos profissionais que se dedicaram ao processo e que tiveram a sensibilidade de ter essa mudança de não permanecer com uma receita pronta para sujeitos diferentes. O método da Redução de Danos é esse, é preciso tirar essa carga que há na palavra ‘drogas’, e focar no sujeito, que tem história, relações e possibilidades”, avalia. E completou: “Esse curso é gratuito oferecido pela Prefeitura de Macaé. Todo ano abrimos 40 vagas para os profissionais que estão na ponta, seja na assistência, na saúde, na educação”.

A Coordenadora do CAPS Macaé, Bia Barreto, reforça que falar de Redução de Danos é concretizar o atendimento prestado pelo CAPS Macaé, que cria espaços de reflexão, cuidado, expressão e, a partir disso, há um trabalho que procura colocar o indivíduo como pessoa, quebrando os estereótipos de marginalização impostos pela sociedade. “A primeira forma de se fazer isso é estar de portas abertas, aproveitando a vontade do sujeito de querer um tratamento e participar. É uma oportunidade preciosa que não pode ser perdida de forma alguma. Fazemos o acolhimento pessoal e também tratamos da família, onde podem ouvir uns as histórias dos outros. Após esse acolhimento, ocorre o projeto terapêutico singular para o funcionamento do trabalho. Nosso objetivo é fazer essa pessoa se sentir importante, o que de fato, ele é”.

Durante a live os internautas puderam fazer perguntas e esclarecer dúvidas com os profissionais convidados sobre questões acerca. Vale dizer que a Escola de Redução de Danos existe no município desde 2011, ministrando cursos anualmente com o objetivo de capacitar profissionais de níveis superior e médio, para que possam atuar na linha de cuidado de danos de provocados pelo consumo de álcool, drogas, tabaco e substâncias psicoativas.