Marilena Garcia, juntamente com o irmão Paulo César, inauguram o Projeto Álbum de Família, que guardará as mais expressivas histórias de famílias macaenses, inclusive dos Garcias
Belas e expressivas páginas da história de Macaé serão abertas ao público, muito breve, no sentido de garantir a preservação da memória macaense. A realização é da professora, ex-Vereadora e ex-Vice-Prefeita Marilena Garcia, que inaugura o Projeto Álbum de Família, juntamente com o irmão Paulo César Garcia, no Centro Comercial Magda Garcia (antigo Hotel Turismo), no sentido de guardar as mais expressivas histórias de famílias macaenses, inclusive dos Garcias.
A iniciativa de Marilena surgiu justamente neste momento em que os seus pais Carlos Augusto Tinoco Garcia e Magda Garcia competariam 100 anos de vida, nos dia 2 de maio e 29 de junho, respectivamente, como forma de prestar-lhes justa homenagem póstuma.
“O projeto se estenderá às famílias macaenses, a começar pelos que residiram e fizeram histórias na antiga e querida Rua Direita, família Garcia”, declarou a professora, acrescentando que a ideia do Álbum de Família é promover em cada indivíduo um processo de valorização da sua herança, como forma de preservar a história das famílias e enriquecer e apresentar essa história à toda cidade.
“Com muito sacrifício e obstinação estamos tentando reerguer um espaço que foi construído pelos nossos pais, com muito trabalho e dedicação. Ali vivemos muitos e diferenciados momentos: alegrias, realizações, tragédias como a morte de um pai aos 52 anos e de Margareth”, lembrou Marilena.
Nasce uma ideia
Marilena Garcia lembra uma frase de Emília Viotti Costa, que diz que “Um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.”
Neste sentido, segundo Marilena, este projeto surgiu ao responder às inúmeras perguntas dos seus filhos e netos quando manuseiam as fotos antigas dos seus antepassados: ‘Macaé tinha quantos bairros?’; ‘Que roupa esquisita!’; ‘Esse jardim com os pirulitos era em Macaé?’; ‘Por que o nome dessa praça era bole-bole?’; E esse uniforme era de qual colégio?’; ‘O que é estudar no curso normal?’; A praia do Forte era a sua preferida?’; ‘Você cantava no coral da Igreja Batista?’
‘Muitas perguntas, recordações, saudades, curiosidades, encantamentos, nostalgias. Senti que era a hora de “abrir as gavetas” e mostrar o que havíamos guardado. Contar as histórias vividas com as pessoas que compuseram partes da minha vida”, revela.
Álbum de Família
Marilena conta que o projeto Álbum de Família irá funcionar no segundo andar do Centro Comercial e Cultural Magdá Garcia, onde foi criado um pequeno espaço com o acervo de sua família, composto de textos, fotos, vídeos e outras peças significativas. “O nosso principal objetivo é colaborar no resgate e preservação da memória da nossa cidade, a partir dos acervos familiares e individuais, servindo de fonte permanente de pesquisas para alunos, professores e pesquisadores em geral, além de incentivar a participação dos alunos da rede de ensino a conhecerem melhor a história do nosso município”, informou.
A macaense prossegue esclarecendo que é no exercício da relação das pessoas, das famílias com a cidade que habitam e sua total diversidade de seres, que passa por uma construção do que é a “minha cidade”. Por isso ela propõe o Projeto Álbum de Família, que sobretudo leve em conta a diferenciação do processo histórico e cultural, vivido nas últimas quatro décadas: a criação e exploração da Bacia Petrolífera de Campos, na década de 70, transforma Macaé na Capital do Petróleo. Nova etapa, novo ciclo, novos desafios.
A memória das pessoas e de suas famílias é o primeiro elo na composição da memória do grupo social que compõe uma cidade, estado e país. De pais para filhos. De geração para geração. Na vida cotidiana, através dos séculos, as pessoas transmitem suas experiências, seus preceitos e seus ensinamentos. É no ato de “evocar as lembranças”, que histórias de vida são resgatadas. É o “tirar das gavetas” o que durante anos e anos, nós e nossos antepassados fomos acumulando, e o tempo foi passando.
A bela Magdá
Maria Magdalena de Azevedo Pereira nasceu em 2 de maio de 1919 no distrito de Glicério (Óleo), filha de Alziro Pereira e Mariana Azevedo, e tinha nove irmãos. Casou-se com Carlos Augusto Tinoco Garcia (funcionário do Banco do Brasil) no ano de 1944 com quem teve três filhos: Marilena (pedagoga e política); Paulo César (médico); e Margareth (empresária já falecida).
No ano de 1950, Magdá, como era conhecida, começa colaborando com o sogro José Soares Garcia na Casa Garcia, loja destinada a vender tecidos e aviamentos. Em pouco tempo da nova atividade, demonstra grande talento para o comércio e habilidades como modista. Em cinco anos de atuação, a Casa Garcia passa por uma grande transformação, e o reconhecimento do seu talento era público.
A partir daí, essa feminista da década de 50, pioneira atuando no comércio (até então predomínio dos homens), sempre apoiada pelo marido, inicia a sua trajetória de colaboração com os movimentos sociais da cidade e cria ao lado de outras mulheres macaenses a Associação das Damas do Horto, movimento filantrópico, que com o apoio de várias mulheres macaenses, organizava eventos beneficentes.
Durante os anos de atuação, elas construíram o Berçário do Hospital São João Batista bem como uma moderna Lavanderia Coletiva e o Berçário da mesma instituição. Ao lado do marido Carlos Garcia, filantropo de formação espírita, juntos, com o apoio da sociedade macaense, construíram o moderno Centro Cirúrgico do Hospital São João Batista.
A macaense Magda foi a organizadora da Festas de Debutantes que marcaram o município pela beleza e destinação do lucro, para as obras do Asilo da Velhice Desamparada. Pelas características de líder, Magdá foi a primeira macaense a ocupar um cargo público no município: Secretária de Turismo, na década de 60, no governo do prefeito Antônio Curvelo Benjamim, abrindo mão do seu salário.
A macaense Magda Garcia demonstrou o seu espírito humanitário mais uma vez, quando concordou com o marido na doação de toda a área da família para o Lar de Maria. Inclusive onde hoje funciona o Ponto Frio. Este prédio, onde hoje funciona o Centro Comercial com o seu nome, além de uma homenagem é o reconhecimento da sua grandiosidade de espírito e caráter.