Com cerca de 40 mil habitantes, a localidade na área norte é considerada uma das mais populosas da cidade
Localizado às margens da Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106) e próximo ao PARNA Jurubatiba, o Lagomar é considerado um dos bairros mais populosos do município. Atualmente são cerca de 40 mil pessoas vivendo no local, que ocupa área de mais de 3.290.000m².
Assim como a maioria dos bairros e comunidades da cidade, ele cresceu sem infraestrutura. Tanto que a urbanização só chegou mais de 10 anos após a localidade ser transformada pela prefeitura, por meio do Decreto Municipal 180/2005, em Zona Especial de Interesse Social.
Mas, se por um lado as obras traziam um pouco de esperança para quem já enfrentou lama e esgoto a céu aberto, por outro, três anos após a “conclusão”, apesar de ter melhorado, ainda é possível presenciar problemas.
Diante disso, essa semana o BAIRROS EM DEBATE volta ao local, depois de um ano desde a última visita, para saber quais reivindicações feitas na época foram atendidas e quais ainda seguem sem retorno ou previsão do poder público.
Área de lazer sem manutenção
Depois de muitas reivindicações, os moradores puderam comemorar na época da obra a conquista da construção do parquinho e da academia popular na Avenida Quissamã, principal do bairro. Desde que foi inaugurado, ele se tornou o ponto de encontro de quem vive ali, principalmente das crianças.
No entanto, dois anos após ser inaugurada, a área de lazer, que também conta com quadras e academia popular, segue se deteriorando por conta da falta de manutenção e do vandalismo.
Tanto no parquinho, quanto nas quadras, os alambrados estão danificados. “A situação aqui é tanto culpa do poder público, como da população. Se cada um fizesse a sua parte não estaria do jeito que está”, diz uma moradora, que pede sigilo do nome.
Paralelo a isso, a população diz que é preciso criar mais espaços iguais a esse no bairro, pois a demanda é grande. “Hoje temos somente uma área de lazer para quase 40 mil pessoas. Precisamos de mais espaços do tipo pelo bairro. A orla mesmo, que está abandonada, poderia ser uma alternativa de lazer para nós, moradores. Pena que está abandonada”, lamenta Jéssica Silva.
Urbanização da orla
Essa semana, o jornal O DEBATE publicou uma reportagem sobre a orla do Lagomar. E, mais uma vez, o assunto voltou a ser abordado durante a última visita. Inclusive, a nossa equipe pôde comprovar as reclamações dos moradores.
Devido a chuva, o acesso ficou bastante afetado. O carro do jornal enfrentou dificuldades para passar em alguns trechos devido a grande quantidade de lama, fora as crateras na pista. “Isso é o que a gente enfrenta todos os dias. Quando está sol é a poeira e os buracos, quando chove é a lama. Como não passa ônibus aqui, temos que nos sujar até chegar no ponto mais próximo. Não existe expectativa de quando vão urbanizar essa parte do bairro. O nosso sonho é que fosse tudo asfaltado, com calçadão, ciclovia. Um lugar que poderia ser bem aproveitado por todos mas que está completamente abandonado”, lamenta Maria Conceição.
Procurada pela nossa equipe, a prefeitura informou que a secretaria de Obras disse que existe sim um projeto de urbanização para atender o bairro Lagomar, no entanto, o processo está aguardando a aprovação da licença ambiental.
Limpeza pública alvo de reclamações
A questão da limpeza das ruas volta a ser alvo de reclamações no Lagomar. Isso porque há um bom tempo as equipes da prefeitura não fazem o serviço de capina. Basta andar pelas ruas para ver o mato crescendo no meio-fio.
Outro lugar que também precisa de atenção é o canteiro central na Avenida Quissamã. “Nem mesmo o básico, que é a limpeza, está sendo feito. Nossa área de lazer está abandonada”, diz José Augusto.
Mas parte da sujeira também é decorrente da falta de educação de alguns moradores. Entulhos continuam sendo encontrados nas calçadas e nos terrenos baldios. Quem mora perto reclama dos transtornos que isso causa. “São pessoas de outros lugares do bairro ou até mesmo aqui da rua que fazem isso. Jogam aqui desde entulhos, restos de móveis e até lixo domiciliar com restos de comida. Quem sofre somos nós que moramos do lado. Fica dando rato e barata em casa, fora que se tornam ambientes para o Aedes aegypti”, denuncia uma moradora, que não quer ser identificada.
Obra do Cras abandonada
O programa que deveria atuar com famílias e indivíduos em seu contexto comunitário, visando a orientação e fortalecimento do convívio sociofamiliar, tem sido alvo de críticas dos moradores no Lagomar. Segundo eles, as obras da unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro, na Avenida Quissamã, estão paralisadas há quase três anos.
A obra, que começou a ser feita dia 30 de março de 2015, e estava prevista para terminar no dia 28 de julho de 2015, segue abandonada e sem prazo para conclusão.
De acordo com relatos de moradores, a construção foi interrompida desde o ano em que começou (2015).
Procurada pela redação de O DEBATE em março, a prefeitura disse que a empresa responsável não havia cumprido o contrato. A secretaria de Obras estaria fazendo o distrato, para que seja realizada uma nova licitação. A obra é um convênio com o governo Federal.
O Cras é um programa voltado para pessoas carentes que vivem em áreas de vulnerabilidade social. Em Macaé existem sete unidades, que contam com equipes multidisciplinares. Entre os serviços prestados estão: Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) – responsável pelas ações de acolhida, orientações e encaminhamentos aos serviços públicos; cadastramento para o CadÚnico e Programa Bolsa Família; acompanhamento familiar; campanhas comunitárias; busca ativa; visita domiciliar; orientações e encaminhamentos para o Benefício de Prestação Continuada (BPC); Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e atividades em grupos.
O que diz a prefeitura
Procurada, a secretaria de Infraestutura informou que está em andamento o processo de licitação para revitalização de 30 praças no município.
Já a obra do Cras, o procedimento está em andamento e será feito junto com a Caixa Econômica Federal, já que a realização da obra acontece em parceria com o Governo Federal.
Quanto a limpeza, a solicitação foi encaminhada para o órgão responsável. Ela ressalta que o trabalho de manutenção é contínuo no município, para solicitações e reclamações devem ser realizadas pelo telefone: (22) 2796-1235, ou pela ouvidoria do município, por meio do site da prefeitura, no link intitulado Ouvidoria Geral. O contato também pode ser feito por telefone, no número 162 (ligação local e gratuita) ou no (22) 2772-6333. O atendimento ainda pode acontecer pessoalmente, na sede da Ouvidoria, que funciona no Centro Administrativo Luiz Osório, Av. Presidente Sodré, 466, primeiro andar.