Pressão que dá certo

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Embora o descrédito da política seja forte, por conta dos desdobramentos dos crimes apurados pela operação Lava Jato, há de se concordar que ainda é possível apostar na democracia, como ferramenta capaz de encontrar caminhos e soluções para demandas reprimidas da sociedade, que tenta se esquivar dos efeitos da crise econômica, ética e até moral do país.
Em uma intensa batalha contra o crescimento dos índices de criminalidade local, a Câmara de Vereadores ampliou os debates da necessidade da intervenção do Estado sobre a incapacidade técnica das forças de segurança instaladas no município, responsáveis por conter a avalanche gerada pela migração do tráfico de drogas para o interior fluminense.
Ao fazer alarde sobre a falta de consideração da intervenção federal para as estatísticas que dispararam sobre os crimes de homicídio, assaltos e até latrocínios, em Macaé, o parlamento municipal conseguiu ser ouvido pela força-tarefa montada no Rio de Janeiro, que desde fevereiro tenta combater o avanço na criminalidade apenas na Capital Federal.
E como o descontentamento com os atrasos em pagamentos é o fator principal para a desmotivação da tropa, o comando geral do Exército, que conduz as ações da intervenção federal, ordenou a liberação do RAS – Regime Adicional de Serviço, que permite aos soldados da corporação estender os trabalhos nas ruas, sendo assim devidamente remunerados.
Aos poucos, e com a confiança de que a política ainda é capaz de gerar frutos positivos para a sociedade, o debate e as cobranças sobre a segurança pública em Macaé podem garantir resultados. E a Câmara ainda tenta audiência com o interventor federal, o general Braga Neto, para apresentar ainda mais demandas para o município.
É fato que a atuação do Exército sobre a segurança do Rio não vai perdurar por bastante tempo. Haja vista que essa decisão emperra uma série de debates políticos, que precisam ser retomados no Congresso Nacional.
Mas é fato também que não se pode perder a oportunidade de se utilizar uma medida que reduz a burocracia, e ao menos dá mais transparência sobre a gestão da segurança, para garantir que o efetivo do 32º Batalhão de Polícia Militar (BPM), assim como a estrutura de operação técnica, sejam reforçados, pelo bem de Macaé e pelo bem do interior do Estado do Rio de Janeiro.