Segundo a prefeitura, existe um projeto para a localidade, no entanto, ele depende de licença ambiental

Completo estado de abandono. É assim que se encontra a orla do Lagomar. Ao contrário das áreas nobres da cidade, que contam com toda infraestrutura, o bairro, que é um dos mais populosos da cidade, vive a esperança de receber um projeto urbanístico que poderia revitalizar um espaço pouco aproveitado nos dias de hoje.

O que se pode ver é que, enquanto em bairros de classe média alta o governo investe em obras de reurbanização e melhorias, em áreas de vulnerabilidade social as obras de urbanização, quando chegam, vêm em ritmo lento, mostrando que a cidade é dividida entre aqueles que muito têm e aqueles que nada têm.

Quando as obras de urbanização foram anunciadas, os moradores chegaram a ficar esperançosos que a orla também seria contemplada. Só que não foi isso o que aconteceu. “A Avenida Atlântica no Lagomar é completamente o oposto da do Cavaleiros. Enquanto lá é tudo urbanizado, limpo e bonito, aqui a gente só tem sujeira e lama. Quando fizeram as obras, achamos que iriam fazer algo aqui, o que não ocorreu. Poderia servir de área de lazer para a população, mas hoje está em completo estado de abandono. Em dias de sol é uma poeirada. Quando chove a lama toma conta, atrapalhando a passagem”, lamenta a moradora Rita.

Essa semana, uma outra moradora enviou imagens ao jornal O DEBATE mostrando a situação do local. Nas fotos é possível notar que nada mudou desde a última visita da nossa equipe há alguns meses.

Procurada pela nossa equipe, a prefeitura informou que a secretaria de Obras disse que existe sim um projeto de urbanização para atender o bairro Lagomar, no entanto, o processo está aguardando a aprovação da licença ambiental.

Problemas ambientais

O descaso do poder público resulta até em problemas ambientais. A Praia do Lagomar recebe diariamente esgoto in natura. O jornal O DEBATE chegou a mostrar inúmeras vezes as línguas negras na areia, fator que evidencia a presença de poluição.

Já em terra, a vegetação é o alvo do descarte irregular. É preocupante a crescente degradação dessa região. Área de extrema importância, que abriga algumas espécies de animais silvestres e da flora, a restinga continua sofrendo com o descaso, virando um verdadeiro depósito de lixo, restos de materiais de obras, móveis velhos e até resíduos tóxicos e tecnológicos.

Em alguns casos, que já foram noticiados nas páginas do jornal, os infratores chegam a colocar fogo no lixo, o que pode resultar em incêndios florestais e na poluição do ar, já que muitos resíduos contém substâncias tóxicas. “Infelizmente o abandono do poder público acaba fazendo com que algumas pessoas joguem lixo aqui. Não existe fiscalização na orla do Lagomar”, diz Rita.

A restinga é um ecossistema muito importante para a manutenção do equilíbrio ecológico em um determinado ambiente, só que em Macaé esses espaços estão cada vez mais dando lugar a ocupações e se tornando alvos de descarte irregular.

O resultado disso é cada vez mais a redução desse tipo de vegetação, situação que pode causar muitos problemas, alguns deles já presenciados na cidade, caso dos prejuízos gerados pela ressaca.