Moradores ressaltam que a saúde está sucateada e muitas vezes os carros disponibilizados para viagens estão em péssimas condições

De acordo com os relatos, além da falta de manutenção e higienização dos veículos, muitos pacientes estão deixando de ir às consultas por falta de transporte 

Mais uma vez a precariedade na saúde pública na terra do petróleo é tema de reportagem no Jornal O Debate. Desta vez a denuncia se refere à precariedade no que diz respeito ao transporte de pacientes para exames e consultas em outras cidades, como Rio de Janeiro.

De acordo com relatos da filha de uma paciente que prefere não ser identificada, a precariedade vai desde a falta de higienização, à falta de manutenção dos veículos. “Muitas vezes viajamos em carros precários, com pneus carecas, apresentando ainda problemas mecânicos correndo o risco de nos deixar a pé na estrada. E não é só isso. De algum tempo pra cá muitas vezes os carros não estão sendo liberados e quem tem consulta marcada, exame, seja o que for, tem que remarcar. E isso demora. É um descaso muito grande. Hoje mesmo a minha mãe teria consulta no Rio, mas fui informada (ontem) na véspera que não terá carro disponível”, disse a moradora.

Ela conta ainda que outra coisa que preocupa é que não é feita uma triagem dos pacientes que serão transportados. “Eles misturam todo tipo de paciente. Recentemente, por exemplo, houve caso de uma criança ter sido transportada com uma pessoa que estava com bactéria. Todos sabemos o risco e que isso pode ser evitado”, disse.

Outro ponto mencionado pela denunciante foi com relação ao lanche que antes era oferecido a pacientes e motoristas e que foram suspensos sem nenhum aviso prévio. “Tanto pacientes como motoristas não contam mais com o lanche. Outro dia, em viagem com minha mãe tivemos que parar na estrada para comprar algo para comer. Mas nem todos que estavam no carro estavam com dinheiro e parte o coração a gente comer e ver o outro com fome. Mas o dinheiro que a gente tinha não dava para comprar sanduíches para todos”, ressaltou.

E as denúncias não param por aí. “Ao que parece a saúde em Macaé está sucateada. Basta passar no pátio na Imbetiba onde ficam as ambulâncias para ver de perto o tamanho do descaso. São vários carros parados e que, ao ver, talvez fique mais barato adquirir outros novos do que reformar aquelas sucatas. Merecemos mais atenção do governo, mas a impressão que temos é que o líder de governo nem parece ser médico”, pontua.

Esse assunto já havia sido abordado no Jornal. No final do ano passado, em uma reportagem em que profissionais da saúde denunciavam irregularidades no ambiente de trabalho, um motorista, que preferiu não se identificar relatou sua angústia ao ter que transportar pacientes em carros irregulares. “Não é feito nenhuma manutenção nos veículos, muitos estão em situação irregular. Infelizmente estamos colocando a nossa vida e a do paciente em risco e com isso já chegamos para trabalhar com nosso psicológico abalado. Tem carros que estão com a documentação atrasada além dos péssimos estados de conservação”, disse ele.

A redação do Jornal entrou em contato com a Prefeitura que informou que foi aberto processo licitatório para locação de quatro ambulâncias avançadas, com o objetivo de substituir e ampliar o serviço de atendimento de urgência e emergência da rede municipal de Saúde. O processo licitatório já foi concluído e a previsão de início dos serviços será nos próximos 15 dias.

O governo informou também que encontra-se em andamento a locação de mais cinco ambulâncias simples.

Já o atendimento ao paciente para transporte fora do município, a prefeitura também dá seguimento a um procedimento licitatório para aluguel de 23 veículos, cujo processo deve ser concluído nos próximos 30 dias.

A prefeitura esclareceu ainda que são feitas manutenções periódicas nos veículos próprios do município. Porém, a demanda e utilização constantes superam a capacidade dos veículos próprios, havendo necessidade de realização dos processos citados acima. Com essas medidas, a Secretaria de Saúde busca atender de forma satisfatória a necessidade da população.