Já se foi o tempo em que durante as eleições, os candidatos saíam atrás de amigos e amigos para encontrar uma maneira de suportar a despesa de uma candidatura a qualquer cargo. Quem tivesse amigos, colhia bons frutos. Arrecadavam recursos para fazer a campanha e os santinhos ou propagandas em formato A-3 – quando era impressa no tamanho de meia página de jornal. Mas desde aquele velho tempo, era praticado o toma lá dá cá. Eram sacos de cimento, tijolos, telhas, remédios (valiam as receitas que muitas vezes era reutilizada para arrancar dinheiro dos candidatos), menos dinheiro a rodo, embora também o antigo cruzeiro, moeda da época, era pouco distribuído porque não era tão fácil transportar malas recheadas como acontece nos dias atuais.

Os partidos eram ricos na apresentação de candidatos pois buscavam pessoas de moral ilibada. Quem ostentasse qualquer dúvida na sua personalidade ou não conseguisse o atestado de bons antecedentes na Justiça, era considerado ficha suja e não passava no crivo dos registros para as eleições.

Os próprios partidos cuidavam para evitar problemas futuros. Hoje, diferente e muito dos velhos tempos, o que não falta é dinheiro ou ardilosas tramas para consegui-lo até que o Supremo Tribunal Federal proibiu a doação de empresas para os partidos. Mas a decisão da Justiça, foi burlada pela turma do baixo clero que vive do toma lá dá cá e os deputados e senadores, acossados pela Operação Lava Jato que começou a mostrar as vísceras dos escândalos em todos os setores não só do governo, mas de empresas que também se beneficiaram do fabuloso esquema de fazer caixa, além de aprovar o Fundo Partidário para que as agremiações políticas pudessem suportar as despesas com uma eleição, ao sentir o desejo do eleitor de trocar o governo, trataram de criar o Fundo Eleitoral que despejou nos partidos a significante importância de R$ 1,7 bilhão para o financiamento público de campanha, ou seja, descobriram que o dinheiro dos impostos pagos pelos contribuintes, poderia servir para os parlamentares continuarem com a imunidade e consequentemente a impunidade.

Hoje, as brigas nos partidos políticos – muitos são quase insignificantes, mas a sua existência é custeada pelo Fundo Partidário – são para manter o status quo dos dirigentes que, mesmo sem expressão, passaram à prática do aluguel de legenda, o que agora não é mais permitido desde o momento em que as coligações foram proibidas a partir das eleições de 2020. Agora, as brigas continuam, não só pelo poder de governo, mas também pelo poder de ser dirigente de partido. Os partidos são ricos. O PSL de Bivar ou Bolsonaro, que o digam. Mudanças? Só se for para pior.