Alessandra da Silva Alvarenga, Doutoranda do PPG-CiAC, desenvolve pesquisa na área de biologia molecular e celular - Foto: Divulgação

Sinergia deve ser o termo que melhor expressa a movimentação iniciada por um pequeno grupo de professores, discentes e técnicos do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (Instituto NUPEM/UFRJ) com a deflagração da pandemia da COVID-19, em março de 2020, e que resultou na testagem de 15 mil macaenses em nove meses. Em abril de 2020, as oito primeiras amostras de swab nasal coletadas no recém implantado Centro de Triagem do Paciente do Coronavírus (CTC) chegavam ao laboratório de campanha adaptado em regime de urgência nas instalações do Instituto NUPEM/UFRJ.

A essa altura, uma dezena de pesquisadores do NUPEM/UFRJ voluntariamente se apresentava para colaborar na rotina, que envolvia a testagem em massa da população e o processamento das informações. Paralelamente, a direção do instituto mobilizava esforços junto aos hospitais, Ministério Público e Governo Municipal para a formalização de um convênio que garantiria parte dos insumos para a realização de exames no método padrão ouro RT-qPCR e resultado dos testados em até 72h.

Em turnos de mais de 12 horas diárias, de segunda-feira a sábado, a equipe formada por 15 pós-graduandos e egressos, 13 docentes e um biotecnólogo realizou as testagens entre 08 abril de 2020 e 19 de janeiro de 2021, dia em que o primeiro lote de vacinas chegou a Macaé. Em poucos meses, o número diário de testes realizados passou de uma média inicial de dez, para cem, refletindo a busca da testagem pela população, o crescimento das doações efetuadas ao fundo gerenciado pela Fundação COPPETEC e a submissão de novos projetos para a FAPERJ e empresas privadas do setor petrolífero, para assegurar a compra dos insumos.

O risco de colapso no sistema de saúde da capital nacional do petróleo

Apesar de figurar como um dos 20 municípios mais populosos do Estado do Rio de Janeiro, a desproporcionalmente elevada permeabilidade de acessos a Macaé tem estreita relação com histórica vocação econômica na cadeia produtiva de óleo e gás. Desde os anos 1970, Macaé é o portão de entrada e saída de milhares de petroleiros do país e exterior; profissionais que, em sua maioria, acessam as plataformas da Bacia de Campos pelos terminais de transporte aéreo e marítimo da cidade. Uma série de decretos municipais, o rígido controle da vigilância sanitária nos acessos ao município e a testagem em massa para COVID-19, seguida do rápido isolamento social dos casos positivos, foram medidas que contribuíram para que um cenário de colapso no sistema de saúde do município, felizmente, não se concretizasse.

Pelo contrário, dentre os municípios mais populosos do estado, Macaé apresentou a menor taxa de fatalidade pela COVID-19 (1,8%) nos primeiros seis meses da Pandemia, cerca de cinco vezes menor que aquela registrada na capital do estado.
A relevância da qualificação formada localmente a serviço da sociedade

Há 10 anos, Macaé passou a receber um outro contingente de profissionais de áreas diversas como das Ciências Sociais, Saúde, Educação, Meio Ambiente e Exatas, que buscam sua qualificação de Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Conservação, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sediado no Instituto NUPEM/UFRJ. O programa, que pertence à área das Ciências Ambientais da CAPES, está estruturado em duas linhas de pesquisa:

Biodiversidade: Estrutura e Reconhecimento
Sistemas Naturais, Avaliação, Conservação e Desenvolvimento Socioambiental

A atuação de discentes, egressos e docentes do PPG-CiAC no trabalho de testagem da população macaense para COVID-19 e análise científica dos dados reflete a interdisciplinaridade fomentada no programa (veja abaixo os detalhes). Foi a complementaridade da capacitação técnico-científica de cada membro da equipe que possibilitou que essa iniciativa inédita da Universidade se concretizasse. Recentemente, o relato dessa experiência e seus resultados foram publicados em um dos mais prestigiados periódicos científicos multidisciplinares do mundo, a Nature Scientific Reports.

O PPG-CiAC já formou um total de 130 Mestres e 21 Doutores. Parte desses pós-graduados atua profissionalmente no Norte Fluminense em áreas interdisciplinares como Saúde, Educação, Gestão Pública e empresas do ramo de óleo e gás.
Conheça abaixo os discentes e docentes do PPG-CiAC envolvidos na testagem em massa para a COVID-19 em Macaé:
Alessandra da Silva Alvarenga (Graduação em Ciências Biológicas): Doutoranda do PPG-CiAC: desenvolve pesquisa na área de biologia molecular e celular, estudando genes envolvidos no desenvolvimento e processo de muda em insetos; atuou na recepção de amostras, esterilização de equipamentos e manutenção do laboratório.

“Foi muito gratificante contribuir na testagem da COVID-19, pois pude dar um retorno para a sociedade macaense com o ensinamento que estou adquirindo durante minha formação”, declarou Alessandra.