CIGARRAS DE MACAÉ – Neste domingo, 01 de dezembro apresentamos crônica de nosso “Amigo Genial “, Luiz Cláudio Bittencourt, como sempre dando uma aula de boas recordações de nossa querida Macaé!!!!

O CHUCHO

Eu sou de um tempo em que as casas, em considerável quantidade, possuíam quintais com árvores frutíferas, hortas, galinheiros e um cômodo destinado a guardar coisas velhas. Eu, privilegiadamente e nesses dias atuais, tenho tudo isso na casa em que moro – inclusive o meu tão querido quartinho das tralhas – a oficina! Uma situação de vida que, se possível for, manterei até os meus últimos dias – o meu sítio urbano, onde também recebo os meus queridos amigos!

Dia desses, a procura de alguma coisa nessa oficina, encontrei um apetrecho, de nome “chucho”, que era muito utilizado na pescaria de lagostas, antes mesmo do atual bicheiro. Naquele exato momento, estanquei diante de um enorme e abstrato mural de lembranças, maravilhosas lembranças! Incomparáveis! E me emocionei muito!

Esse chucho é formado por uma cabeça de metal, onde um arpão com ponta de aço é enroscado. Uma parte de madeira que recebia uma borracha, normalmente um garrote, e que dava a impulsão necessária na hora de arpoar as lagostas. Que história maravilhosa agregada a este artefato! A parte metálica do arpão foi feita por um torneiro mecânico de nome PIZÃO, que trabalhava na oficina de Seu DUG, que foi dono da Dugnauto. A parte de madeira foi torneada e adaptada por Pingo, irmão de Dácio Lobo. E para a utilização correta dele tivemos um grande mestre, o próprio Dácio Lobo, pai do meu querido amigo Dacinho. Tempo de fartura de lagostas, até para nós que éramos somente iniciantes! Tinha tanto peixe que até bodiões pegávamos com o chucho!

E lá foi o Seu Dácio nos levando para as águas e dando as devidas explicações. Normalmente íamos para Costa Azul onde ele, já dentro da água, seguia na frente. Acho que nunca usou uma roupa de neoprene em toda a sua vida, e ia apontando as lagostas para que eu e Dacinho fôssemos aprendendo a utilizar esse novo aparelho de pesca. Divertia-se com isso! O Seu Dácio era um cara especial como toda a sua família! Íamos em sua Vemaguet, na companhia de seu Zé (concunhado), que era surdo e usava um aparelho, e não nos permitia assobiar, sempre querendo comprar os nossos bicos por algum preço!

Causava incômodos a ele. E nunca deixávamos de trazer lagostas! Em minha casa, valorizadas nas maioneses de minha mãe, e na casa de Dacinho, onde eu também abelhava a comida, feita ao jeito da casa. Saudades daquela mesa da copa, na casa do meu amigo, onde tantas vezes sentei, fui alimentado e ouvi tantas histórias de pescarias e outros fatos ocorridos na vida do Velho Dácio. Ele adorava contar casos, quem o conheceu sabe muito bem do que falo! De sua grandiosa risada! Seu Dácio morreu um menino com mais de 90 anos. Depois também faleceram o meu amigo e Dona Nenéia, em um tempo curto tal qual aconteceu na minha família. Senti muito! E me emociono nesse exato momento – a emoção boa da saudade verdadeira!

E como são as coisas! Aquele velho chucho arpoou o meu coração dentro da minha oficina, contou histórias e fez chover em meus olhos – lágrimas de saudade de uma pessoa que sempre me respeitou, desde o tempo de tenro menino quando eu já frequentava a casa deles. O Seu Dácio possuía também uma oficina bem marcante, tão bagunçada quanto a imensa capacidade dele em encontrar as coisas dentro dela. Acho que essa oficina ainda existe.
Deixo aqui o meu fraterno abraço. Que ele possa chegar a todos da família onde quer que estejam junto com toda a saudade deixada em nossas almas.

“Amigo Genial”, quando lemos sua crônica, Aluizio e eu nos emocionamos, e , surgiram muitas histórias, principalmente da parte de Aluizio que era amigo de Seu Dácio, e de Pinto, Seu Carlos Alberto Tavares Lobo,que é avô do Renato,que é namorado da Anabele, que é neta de Sr. Christovam Barcellos. Realmente, na vida só se encontra quem sempre esteve junto. Seu Dácio eu lembro lá da FAFIMA, quando ele trabalhava na Secretaria, sempre alegre e bem disposto, já Aluizio tem tantos “causos” onde ele é o protagonista de boas risadas e momentos felizes, inesquecíveis… Obrigada, “Amigo Genial”, por nos fazer mexer com a memória e trazer a nossos corações lembranças de pessoas tão queridas, que construíram uma Macaé mais bucólica e hoje fazem parte de sua história… Cigarras cantam para Dunga, Pingo, Cabo Nelson(como Aluizio chamava Dácio), Meu Véio (Alcyr Ferreira), Guma (Gumercindo Moura), João Rodrigues, Maria Eny Carvalhal Rodrigues, dentre outros que conviveram com o Velho Dácio e certamente guardam excelentes lembranças!!! Se juntarmos essa turma toda teremos muita história para contar, e vamos remexer com muita oficina dentro desses corações!

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Aurora Ribeiro Pacheco