COLUNA CIGARRAS – Neste 04 de agosto apresentamos texto de nossa querida Mentora, Laurita de Souza Santos Moreira, que fala de sua casa, na Rua da Praia, hoje já demolida…
Minha Casa
Laurita de Souza Santos Moreira
A minha casa não é a casa que moro
Não é esta casa só minha, toda minha,
onde eu moro sozinha, sem dividir com ninguém.
A minha casa é a velha casa aconchegante,
com sete janelas que se abrem para o sol, o vento, o mar,
para o céu estrelado e as noites de luar.
A minha verdadeira casa era velha casa de outrora:
casa de meu pai , minha mãe, irmãs, irmão…
Árvore frondosa acolhendo parentes, amigos em profusão.
A minha casa é a casa onde nasci
Sonhei, cresci… Sonhei…
Batida pelo vento da Rua da Praia
Acordada com apito do Rixales
perfumada pelas flores do nosso jardim…
A minha casa é a que embalou minha infância
com o cafuné e as histórias da Dindinha:
“entrou pelo bico do pato, saiu pelo bico do pinto…”
Que acalentaram meus sonhos de menina…
Minha casa, casa minha, quantas saudades…
Cheinha de sonata da nossa rua
desde a corneta do forte, os pregões,
ou sons do bondinho puxado a burro,
o pular da amarelinha, o canto da cirandinha
uma seresta ao luar…
Casa onde ficaram os belos tempos de bonança,
áureos tempos de abastança
a felicidade de ser criança…
Ah! Pudesse eu voltar a revê-la…
Grandes janelas abertas para o vento e o sol!
Em seu interior espreitar canto por canto
até o quartinho do oratório,
onde brincávamos de ladainha…
Ouvir os búzios da sala com minha amiga Nehy,
talvez ouvisse mamãe ao piano…
Yolanda a dançar o charlnston…
Minha casa, casa minha
não mais existe…
Só a saudade , dela restou apenas meu fantasma triste
vagando no relicário de tão gratas recordações
Minha casa…
Oh! Casa minha!!!
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Aurora Ribeiro Pacheco