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Médico macaense lança livro hoje na Nobel

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Tiago Franco conquistou o Prêmio Rio de Literatura 2016 com o seu romance 'Tão fútil e de tão mínima importância'.

O médico psiquiatra, psicanalista e escritor Tiago Franco lança o seu romance ‘‘Tão fútil e de tão mínima importância’, nesta quarta-feira (19), na Livraria Nobel

 

Mais uma vez o destaque literário do momento é o médico psiquiatra, psicanalista e escritor Tiago Franco, que prossegue com sua brilhante trajetória de escritor talentoso. Desta vez, o premiado macaense vai fazer o lançamento do seu novo livro ‘Tão fútil e de tão mínima importância’, nesta quarta-feira (19), em noite de autógrafos na livraria Nobel, a partir das 19h30. Logo em seguida, haverá um bate-papo com a psicanalista Glaucia Pinheiro.
A obra foi lançada na Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ), em 07 de junho, seguida de uma reunião científica com o psicanalista e escritor Roberto Bittencourt. E também durante a Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), em Paraty, recentemente.

Prêmio recente

Tiago Franco conquistou o Prêmio Rio de Literatura 2016 com o seu romance ‘Tão fútil e de tão mínima importância’, tendo concorrido com outras 64 obras inscritas na primeira fase, e ido à final ao lado de outras 14 livros de consagrados escritores. Entre os curadores do prêmio estão o imortal Arnaldo Niskier, os professores Beatriz Rezende e Italo Moriconi, entre outros. Na oportunidade, Tiago recebeu de prêmio o valor de R$ 10 mil e a impressão de mil exemplares do livro, parte doada ao autor e parte distribuída em livrarias, bibliotecas públicas e comunitárias do estado.

‘Tão fútil e de tão mínima importância’

Tiago Franco ressalta que a sua ideia era acompanhar a formação de F., o protagonista desse romance, desde a infância, em que o personagem se encontra desamparado e perdidamente só, até a transformação final, em que deixa de ser um objeto, e se torna, enfim, um sujeito. “A linguagem quase clínica da narrativa procura ser fiel às provações que F. passa até que ele se torne aquilo que é. Ainda que possa parecer obsceno em mais de um aspecto, o romance procura mostrar, através do espelho da ficção, o quanto o sublime e o abjeto estão próximos um do outro, o quanto a perversão é uma parte de nós mesmos que preferiríamos não enxergar”, esclarece o escritor.

Sinopse assinada por Eliane Robert Moraes

“F., o protagonista deste romance, faz parte de uma notável linhagem de personagens literários cujos nomes se resumem apenas a iniciais. Entre esses, estão duas referências basilares da literatura brasileira com quem, aliás, F. partilha outros traços fundamentais: a enigmática G. H. de Clarice Lispector e a obscena senhora D. de Hilda Hilst. Não será preciso avançar muito na leitura do volume para que o leitor logo reconheça no herói – quer dizer, no anti-herói – aquela incontestável vocação para a vertigem que se confirma a cada página das histórias criadas pelas escritoras, girando igualmente em torno de processos de despersonalização. Some-se a isso uma experiência radical da solidão que o aproxima ainda mais das inquietantes personagens femininas, sobretudo por associar-se a um mal-estar que não conhece repouso.

Todavia, a disposição soturna de F. tem contornos particulares. O mais evidente deles se traduz no fato de que sua angústia, sem excluir o tom existencial, se manifesta antes de tudo no corpo. Ou, melhor dizendo, no sexo, já que a estranha criatura concebida por Tiago Franco vive o tempo todo obcecada por questões de teor erótico. Estas, além de ampliarem em muito a base perversa e polimorfa comum a todos nós, também se identificam com toda sorte de manias ou perversões já compiladas, pelo menos desde que Krafft-Ebing publicou sua Psychopathia Sexualis.

Não surpreende, pois, que o principal interlocutor deste romance seja a psicanálise, que comparece não só na figura do autor psicanalista, mas ainda por convocar conceitos, descrições e nomenclaturas que se tornaram correntes por meio de Freud e de Lacan. O que surpreende – a ponto de nos tirar o fôlego durante a leitura – é a misteriosa persona de um narrador que, do começo ao fim do romance, afirma e desmente os ensinamentos psicanalíticos para colocar em xeque toda e qualquer autoridade – e, no limite, toda e qualquer autoria. Cabe ao leitor conferir suas iniciais.”

Próximo desafio

Tiago informa sobre os seus projetos literários: destacando que em seu próximo livro pretende transpor para uma versão mais moderna e atual alguma trama do cânone literário brasileiro. Ainda não sabe qual ao certo. “Eu queria fazer algo como Ian McEwan em ‘Enclausurado’, em que ele fez uma releitura de Hamlet, de Shakespeare, ou como Kamel Daoud fez em ‘O caso Mersault’, em que deu voz ao irmão do árabe assassinado em O estrangeiro, de Albert Camus.

Tiago Franco

Nascido em 1974, Tiago Franco é escritor e psicanalista. É autor dos livros de contos ‘O olho vesgo’ e ‘Por que os loucos escrevemos livros tão bons’ (e-book); Tão fútil e de tão mínima importância recebeu o 1º lugar no Prêmio Rio de Literatura 2016, na categoria Novo Autor Fluminense, promovido pela Secretaria de Estado de Cultura e Fundação Cesgranrio. Ele publicou um romance anterior, chamado Onde os paranóicos fracassam (editora Oito e meio).