Alfabetização midiática: Uma aliada para os problemas contemporâneos

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O advento das inovações tecnológicas trouxe como contrapartida novos tipos de problemas para os jovens que as utilizam. O contato com a mídia e a tecnologia acontece cada vez mais cedo devido à facilidade dos nativos digitais em utilizarem smartphones, tablets e computadores. Hoje é comum ver bebês que nem mesmo sabem andar ou falar ainda, mas que já dominam a técnica de passar o dedinho em telas iluminadas. Mas essas ferramentas trazem alguns perigos para a nova geração, como o uso inapropriado das redes sociais até as fake news (notícias falsas). Os jovens precisam, portanto, ser educados para aprender a utilizar as novas mídias de forma segura. Eis que surge, então, um novo conceito capaz de mudar a educação básica, permitindo discernir os conteúdos vinculados às mais diferentes mídias. É a media literacy (alfabetização midiática).

O celular é hoje o principal meio utilizado por 49% da população brasileira para acessar a internet. Uma pesquisa da TIC Kids apontou que 80% dos jovens de 9 a 17 anos utilizam a grande rede. Com isso, a alfabetização midiática surge com o objetivo de desenvolver, em crianças e jovens, a habilidade de pensar sobre as informações que criam e consomem usando os mais diferentes canais de mídia. Isso inclui a possibilidade de distinguir fato de opinião, e a capacidade de criar um pensamento crítico com base em uma informação recebida. Hoje, mais do que nunca, alunos precisam ser educados em diferentes tópicos durante sua formação. Dessa forma, esses alunos poderão compreender melhor o papel e as funções da mídia na sociedade.

Nos Estados Unidos e na Europa, o debate sobre a importância da alfabetização midiática está a todo vapor com o aumento das fake news. O Brasil também já começa a engatinhar nesse assunto. As notícias falsas são um fenômeno mundial; elas têm maior facilidade de ser aceitas quando veiculadas por grupos de conversa instantânea ou compartilhadas nas redes sociais por amigos e pessoas próximas. E essas notícias falsas podem influenciar negativamente o poder de decisão do leitor.

É preciso ensinar crianças e jovens a entenderem que os fatos existem, mas que opiniões são interpretações ou pontos de vista sobre esses fatos. Pais e educadores podem – e devem – instigar esses jovens a fazer perguntas sobre o conteúdo que leem, além de orientá-los sobre a importância de verificar uma notícia antes de tomá-la como verdadeira. Motivar os alunos a pensar se o conteúdo parece verdadeiro; se uma URL parece legítima; se o que é debatido é uma opinião ou uma apuração – tudo isso são ferramentas propostas nesse novo modelo de alfabetização.

A educação mudou, os meios mudaram e o conteúdo a ser transmitido precisa acompanhar as tendências. Como temos visto, alfabetizar vai bem além de ensinar a ler e a escrever. O bê-á-bá agora é bem mais amplo e o currículo escolar precisa abranger essas interdisciplinaridades. No entanto, como o educador é, na maioria das vezes, um ‘imigrante digital’ que precisa entender como as novas mídias funcionam, é preciso capacitá-lo para que ele atue com maestria nesse processo. Uma preparação escolar midiática pode ajudar os jovens a selecionarem a mensagem que recebem, navegando, assim, de forma segura, evitando os perigos do mundo virtual.

(*) Luis Antonio Namura Poblacion é Presidente da Planneta Educação (www.plannetaeducacao.com.br), uma empresa do grupo Vital Brasil.