Qual é a tua história? Com quem você a constrói? Com quem você construiu a tua história? Com quem você deseja construí-la? Estas perguntas me trazem a ideia da nossa posição na vida! Temos a noção das latitudes e longitudes dos nossos desejos, dos nossos sonhos, da construção da nossa própria história. Estamos aqui neste ponto, num dado lugar: esta é minha latitude.

Mas, para eu estar neste ponto, neste lugar eu trago comigo a minha história, aquilo que é meu patrimônio histórico do meu passado e, também, as imagens do que eu desejo hoje e no futuro para mim: estas são as minhas longitudes. Por um lado, estamos indo de um lugar ao outro: estes deslocamentos de casa para o trabalho, do trabalho para o super-mercado nos indicam as nossas latitudes. Mas, neste percurso de eu ir de casa para o trabalho e do trabalho para o super-mercado, levo comigo a minha história e a história que desejo construir.

Cada pessoa constrói a sua história com as pessoas e o mundo que cria para ela. Assim cada pessoa cria um mundo-próprio. Um mundo carregado de imagens do passado que se misturam com aquilo que está fazendo no presente que se dirige aos momentos dos futuros seguintes. Desta forma, cada pessoa é habitada por situações já vividas e outras por viver: tudo isto no instante passageiro do presente!

O presente é o ponto que liga o passado com o futuro. No presente nos fazemos outros. O que quero dizer é que no presente temos a oportunidade de nos combinarmos com as pessoas, com o mundo, com a natureza para continuarmos a escrita da nossa história. Mas, esta escrita da nossa história não é feita sozinha. Nós a compomos COM as pessoas e o mundo. Daí a nossa história ser uma co-autoria. Outras pessoas fazem parte da nossa história. Assim a nossa história é uma composição: é uma posição no mundo feita COM os outros.

E como você está construindo a tua história hoje? Com quem? De que maneira? Com quais sentimentos? Com quais ideias você está se combinando para construir a história de hoje? Pois, é a cada instante – a cada micro-segundo – que construímos o que somos! Assim como nos alimentamos de inúmeros alimentos para regenerar o nosso corpo, a vida é regenerada pelos encontros que fazemos com as pessoas, com as músicas, com os livros, com a natureza e com tantos e tantos outros encontros.

Aproveitar a energia do momento, aproveitar a energia do instante, percebendo com o que ou com quem você poderá se ligar, se encontrando para construir a história do presente. A história de um presente que não pára de passar. Assim como os riachos constroem suas histórias com as suas margens que dão o contorno para o deslizar das águas que nunca são as mesmas. Nossa vida é feita de um corpo que dá passagem aos inúmeros desejos, sonhos, ideias e sentimentos que são nascidos com os outros. Se fazer nascer com os outros! Se deixar nascer diferente com os outros, construindo para si e com os outros as histórias de vida que façam sentido.

O sentido só faz sentido quando se é sentido! O sentido da vida, para muitas pessoas, está em conquistar o poder, dinheiro, ter inúmeros amores, ter, ter e ter. Mas, cada um poderá encontrar o sentido da vida em coisas bem pequeninas: como ter alguém para estar ao lado e conversar; como ter alguém para rir das coisas que fala; como ter alguém nos momentos difíceis; como ter alguém nos momentos alegres e poder compartilhar estes mesmos momentos com esta pessoa; como ter alguém para que este mesmo alguém fale sobre seu mundo – e assim podemos conhecer o mundo através dos olhos dos outros; como ter alguém que nos indique quando estamos ultrapassando os limites; como ter alguém que nos estimule quando estamos desanimados… São tantas as experiências que podemos ter com as pessoas… Para além do capital financeiro, poderemos construir nossas histórias, enriquecendo-as com o capital afetivo.

Assim as nossas histórias podem se enriquecer de tantas outras histórias compostas com as pessoas: cada uma com seus mundos, com suas histórias que foram tecidas com outras histórias. Qual é a história que você deseja construir hoje?

Abraços

Paulo de Tarso