Por Herton Escobar
O Prêmio Nobel de Química 2018 foi para três pesquisadores que utilizaram princípios básicos da evolução biológica por seleção natural, consagrados por Charles Darwin no século 19, para desenvolver novas moléculas e produtos in vitro no laboratório. Os laureados são a americana Frances Arnold, o americano George Smith e o britânico Gregory Winter.
Frances, de 62 anos, pesquisadora do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), foi pioneira no desenvolvimento da “evolução dirigida de enzimas”, processo que permite produzir novas moléculas com propriedades de interesse tecnológico específico, usadas atualmente em uma enorme variedade de produtos e processos, de detergentes de cozinha a drogas inteligentes, e na produção de biocombustíveis.
Smith e Winter, de 77 e 67 anos, respectivamente, também utilizaram princípios evolutivos para desenvolver uma técnica conhecida pelo nome em inglês “phage display”, que utiliza bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) para induzir a geração de novas proteínas, com características específicas, para serem usadas em uma série de aplicações. As proteínas são geradas dentro das bactérias em cultura (in vitro), e depois purificadas.
Smith, professor da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, inventou o método em 1985; e Winter, atualmente no Laboratório de Biologia Molecular MRC, em Cambridge, na Inglaterra, utilizou a técnica nos anos seguintes para direcionar a evolução de anticorpos de interesse farmacêutico, utilizados desde então no desenvolvimento de novas drogas contra uma série de doenças.
Frances ficará com metade do prêmio, de aproximadamente US$ 1 milhão. A outra metade será dividida entre Smith e Winter.
Nesta semana, já foram anunciados os ganhadores do Nobel de Medicina – pela imunoterapia contra câncer – e de Física – por pesquisas no campo da tecnologia a laser.