Número de agentes na região deve aumentar com implementação do “regime adicional” na PRF, previsto para a próxima semana
O trecho Niterói-Manilha da rodovia federal BR-101 tem um dos maiores números de roubos de veículos em todo o país. Foi o que afirmaram representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Secretaria de Estado de Polícia Militar (PMERJ) durante audiência pública realizada na quinta-feira (01). O encontro, com o objetivo de discutir medidas para o enfrentamento da violência na região, foi promovido pelas comissões de Segurança Pública e de Turismo da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
De acordo com a Polícia Militar, no primeiro semestre de 2019 o batalhão da região de São Gonçalo que compreende 80% da extensão do trecho Niterói-Manilha registrou 12% e 20%, respectivamente, do total de roubos de veículos e de cargas em território fluminense. O município conta com menos de um policial para cada mil habitantes, índice muito inferior ao previsto pela Organização das Nações Unidas (ONU). Com a PRF, responsável por patrulhar a rodovia, a conta também não fecha: são apenas sete agentes para todos os 21 km do trecho, além da Ponte Rio-Niterói.
“Temos uma demanda muito grande de trabalho e nossos recursos humanos não atendem essa necessidade”, comentou o inspetor Marcelo Vinicius Pereira, chefe da Seção de Operações (SEOP/RJ).
A PRF prevê que, a partir da próxima terça-feira (06), haverá a implementação de uma gratificação para agentes em folga, semelhante ao Regime Adicional de Serviço (RAS) da Polícia Militar. A medida aumentaria entre 30% e 40% o número de agentes no trecho Manilha da BR-101, de acordo com o inspetor Marcelo Vinicius. “Com isso, a gente vai ter um policial que conhece o trecho e isso também é muito importante. O policial que não conhece sente muito mais dificuldades em atuar naquela região”, completou a delegada Renata Dutra, também da PRF.
O presidente da Comissão de Turismo, deputado Welberth Rezende (PPS), comentou que os índices de violência na região impactam tanto na vida da população da região como no setor de turismo. O trecho é um dos principais acessos à capital do estado. “É uma preocupação muito grande porque é uma área que tem índices altíssimos de assaltos, acidentes, arrastões e trocas de tiros. É algo que precisamos solucionar”, declarou.
União de forças
Apesar da preocupante situação da segurança no trecho, a PM afirmou que houve uma diminuição de 54% no número de roubos a veículos no segundo trimestre de 2019 em comparação ao mesmo período do ano passado. A redução se deu, dentre outros motivos, pela integração entre as forças policiais, empresas e organizações da sociedade civil. Atualmente, a PRF conta com o auxílio do batalhão de Rondas Especiais e Controle das Multidões (Recom), da Polícia Militar, que também atua em operações nas comunidades da região.
Rodrigo Meira, representante da concessionária Arteris, que administra o trecho, afirmou que a empresa também tem colaborado para aumentar a segurança na via. “Dentre as medidas tomadas, estão a disponibilização das imagens das câmeras de segurança que monitoram a rodovia em tempo real e melhorias de infraestrutura que vão desde a iluminação de LED até a ampliação de faixas”, comentou Meira.
De acordo com o deputado Delegado Carlos Augusto (SD), presidente da Comissão de Segurança, a união entre os diferentes entes é um fator essencial para tirar da rodovia o status de “rodovia da morte” e “corredor polonês”. “Nós precisamos que essa união gere uma melhoria efetiva da segurança na região e que isso não tenha consequências para as outras localidades. Não é só tirar a bandidagem de lá”, comentou.