A 17ª Semana Nacional de Museus abre as portas do Museu Solar dos Mellos para fomentar debates no campo museal e ampliar a interação com a sociedade, através da exposição sobre o tema ‘Futuro das Tradições’
O Museu Cidade de Macaé celebra o Dia Internacional dos Museus, numa festa coletiva comemorada com foco nas permanências, singularidades e inovações. Trata-se da 17ª Semana Nacional de Museus em parceria com o Instituto Brasileiro dos Museus – IBRAM, que abre as portas do Museu Solar dos Mellos para fomentar debates no campo museal e ampliar a interação com a sociedade, através da exposição sobre o tema ‘Futuro das Tradições’.
Neste sentido, o Solar dos Mellos reúne talento, abre sua vitrine de arte ao mundo artístico, e atinge a expressão máxima da beleza nas artes plásticas. “O Museu Solar dos Mellos vem abrindo suas portas à multiplicidade e à pluralidade, e nosso objetivo é aproximar cada vez mais o museu da população”, afirmou Viviane Chaves, Diretora do Museu.
A Curadora da exposição, Claudia Barreto, fala sobre as emoções em manter acesa a luz da tradição. “Desejamos aqui, incentivados pelo secretário de Cultura, Thales Coutinho, suscitar a curiosidade de todos e conduzir os indivíduos à reflexão, abrindo as portas do Solar dos Mellos na busca do diálogo, da reflexão e das emoções.
‘Futuro das Tradições’
Segundo Claudia Barreto, quem visitar esta mostra do Solar dos Mellos poderá contemplar em duas salas a representação do passado e do futuro. Três inventários fazem parte da exposição, essa documentação está sob a guarda do Solar dos Mellos, e faz parte do acervo constituído por aproximadamente 8.000 processos, abrangendo os séculos XIX e XX.
Dentre outras peças está uma instalação de um terreiro de café, exemplificado através do café coquinho, além de uma balsa, representando também a forma de transportar o café até a cidade. “Em 1920 ainda era feito o transporte de todos os produtos por pranchas, barcaças tocadas a vara pelo rio Macaé… subiam e desciam o rio Macaé todas as semanas, levando mercadorias e trazendo café, e às vezes, altas horas da noite, ouvia-se os prancheiros cantando ao chegar a Macaé. O rio vivia cheio dessas barcaças dos lavradores das Bicudas”, relata o livro Panorama do Destino, de Joaquim da Silva Murteira.
Claudia Barreto revela ainda que a proposta conceitual da exposição é fazer o visitante pensar, e sair diferente da forma que entrou. Para tanto, um grande grafite, feito pelo grafiteiro Ric, representa o futuro. Um casulo no pé de café e uma borboleta mostram as transformações existenciais que os museus vêm passando ao longo do tempo. Museus que no passado, eram locais de expor obras raras, hoje, abrem suas portas para manifestações culturais, debates, cinema, gastronomia e para toda multiplicidade cultural.
“Dessa forma, fazer o visitante pensar, onde estaremos daqui a 10, 100 anos, é um dos desafios da exposição”, afirma Claudia Barreto.
Detalhes da mostra
O Museu Solar dos Mellos faz uma abordagem exemplificando através do café, todo o conceito de uma tradição, seja ela afetiva, econômica e cultural. “As tradições vivem uma “metamorfose”, a humanidade está em permanente evolução, enfrentando novos desafios, limites, reagindo a mudanças, a relação com a Memória e Tradição acompanha esta permanente metamorfose”, disse.
A curadora prossegue ressaltando que os museus enfrentam constantes desafios de salvaguardar o passado e simultaneamente compreender o futuro. Promover a compreensão da evolução de novos significados e interligações, para a construção de um futuro melhor e mais inclusivo.
Para tanto, quem vier a exposição no Solar dos Mellos, poderá contemplar em duas salas, a representação do passado e do futuro. Três inventários fazem parte da exposição, essa documentação está sob a guarda do Solar dos Mellos, e faz parte do acervo constituído por aproximadamente 8.000 processos, abrangendo os seculos XIX e XX.
Proposta do Solar
“O Solar dos Mellos abraça todas as iniciativas, que deixem um legado que se perpetuem enquanto tradição, sejam elas ligadas a história, a memória, a pesquisa, seja também através do cinema, da fotografia, da dança, do artesanato, da gastronomia ou da literatura”, frisa Viviane Chaves, que a mostra aconteceu como que guiada pelo cheirinho do café, uma tradição que resiste ao tempo e invade as grandes metrópoles e se perpetua nos recantos mais distantes do interior, chegando a história da família Erthal, onde a cultura do café atravessou gerações, se solidificando através de rituais mantidos na memória, passados de geração a geração, que se fortaleceram como tradição e que hoje coloca esta família como fornecedora premiada de café para todo o Estado do Rio de Janeiro.
Contar um pouquinho dessa história é fortalecer e recuperar a tradição que não pode ser dissolvida no tempo, cabendo aos museus retomar, registrar e multiplicar as ações que possam contribuir para a consolidação dos caminhos que preservem esta tradição.
Fotos: Raphael Bózeo