Central do Trabalhador estará com atendimento aos sábados durante todo o mês de maio - Foto: Divulgação

Na primeira quinzena de abril, mais de mil trabalhadores pediram o benefício, um aumento de quase 14% em comparação com a segunda quinzena de março

Milhares de trabalhadores prejudicados pelos efeitos da pandemia não estão conseguindo ter acesso ao seguro-desemprego. A empregada doméstica e moradora da comunidade das Malvinas, Rose Santos Melo foi demitida no fim do mês de março. Desde então, tenta receber o seguro-desemprego e nada. Ela conta que só conseguiu agendar o atendimento para o meado do mês de junho.

“Mesmo que eu consiga agora, a possibilidade de eu receber, eu sendo otimista, seria em junho a primeira parcela do seguro-desemprego. É uma situação difícil, caótica, mesmo porque eu não tenho direito de receber benefício algum, já que eu estou desempregada, tendo que dar entrada no seguro-desemprego, e sem condição para isso”, lamentou.
Em plena pandemia, o aumento nos pedidos de seguro-desemprego registrados foi menor do que o esperado pelo próprio governo, de acordo com os dados oficiais. Na primeira quinzena de abril, mais de mil trabalhadores pediram o benefício, um aumento de 14% em comparação com a segunda quinzena de março.

O Ministério do Trabalho (MT) reconhece que existem pedidos represados e milhares de trabalhadores não conseguiram fazer a solicitação. Além da agência do MT de Macaé estar fechada, trabalhadores que perderam o emprego não estão conseguindo pedir o seguro pela internet. Por isso, os números podem ser bem maiores. Entre as queixas estão impossibilidade de concluir o pedido no site <https://www.gov.br/pt-br/servicos/solicitar-o-seguro-desemprego> e aplicativo “Carteira de Trabalho Digital” e de obter informações pela central 158.
Para o economista Glauco Nader, uma explosão de pedidos durante a crise deve aumentar ainda mais. “Obviamente, nos próximos dias ou meses, a gente vai detectar e continuar avaliando, vendo se esses números estão aumentando, vendo se o desemprego está aumentado”, afirmou.

Até o ano passado, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que foi criado como registro permanente de admissões e dispensa de trabalhadores, não está conseguindo fazer um diagnóstico preciso do mercado de trabalho. Desde janeiro deste ano, o portal não divulga os dados oficiais de contratações e demissões em vagas com carteira assinada, porque alterou o sistema de registro e as empresas ainda estão se adaptando às mudanças. E afirma que, agora, com o isolamento, ficou ainda mais difícil receber os dados.