MP encontra inúmeras falhas nas condições de funcionamento da UPA da Barra de Macaé -  Wanderley Gil / Arquivo

Usuários da unidade de saúde afirmam que falta clínico geral e pediatria, além de luvas, seringa e soro

 

A sala de espera vazia, em pleno dia de semana, não deixa dúvida que alguma coisa errada está acontecendo na Unidade Pronto Atendimento (UPA) da Barra de Macaé, unidade que costuma fazer 400 atendimentos por dia. Com estoques baixíssimos de medicamentos e insumos, resta à equipe médica – cujo efetivo de profissionais é pouco – restringir o atendimento a pacientes em risco de morte.

Nesta terça-feira (7), a recepcionista Niely dos Santos, esteve na UPA com sintomas de dengue. Ela afirmou que foi atendida pela equipe médica e foi surpreendida ao ser informada que não tinha insumos e materiais básicos como, luvas, seringas e soro.

“Não é só a UPA da Barra que vive nessa negligência. Boa parte das unidades de saúde sofre com esse tipo de colapso. Cheguei na UPA com fortes dores musculares, com sintomas de dengue e o médico disse que não poderia realizar a coleta de sangue por falta de insumos”, denuncia Niely, que voltou para casa com a solicitação de exames para arboviroses. Ela declarou, ainda, que chegou procurar atendimento médico em outra unidade de saúde de rede particular, porém os exames ficaram em torno de R$ 438,28.

Fotos Eu, Leitor o Repórter

 

“Diariamente, a secretaria de Saúde afirma que a cidade está em combate à doença e que as unidades de saúde estão em prontidão para atender a população, porém quando o paciente precisa usar a rede pública o cenário é diferente, um caos”, desabafa.

A equipe de reportagem do jornal O DEBATE esteve na unidade de saúde e conversou com uma técnica de enfermagem que afirmou que a falta de materiais básicos para a realização de exames de dengue, zica e chikungunha já chega há mais de um mês. Vale lembrar que a UPA da Barra contava com um laboratório, onde os pacientes realizavam exames de sangue e em poucas horas o resultado era entregue aos pacientes. De um ano pra cá, o laboratório e o setor de Radiologia foram desativados por falta de contratação de profissionais.

“Infelizmente orientamos os pacientes com sintomas de dengue para procurar o Pronto Socorro do Aeroporto e a Casa da Vacina, no Centro. Só que boa parte do usuário da rede pública não tem condições de se deslocar para outras unidades devido a mobilidade e dores fortes”, comentou a profissional.

Outro detalhe grave destacado pelos colaboradores da rede de saúde é que a UPA da Barra sofre com a falta de efetivo médico, onde a expectativa era que 8 profissionais, entre eles, clínico geral e pediatra atendessem aos 400 pacientes por dia. Atualmente, a UPA conta apenas com 2 médicos, que não é suficiente para atender a demanda, que segundo informações, alguns deles vão almoçar e não voltam para trabalhar.

Em nota, a prefeitura de Macaé informou que, a Secretaria de Saúde vem seguindo as orientações da Secretaria de Estado de Saúde, em que o diagnóstico médico da doença pode ser clínico, não sendo necessária a realização de exames laboratoriais específicos. A assessoria disse ainda que, se verificada a necessidade de realização de exame especifico para arboviroses (doenças causadas por insetos), o paciente será encaminhado para o HPM, unidade de saúde municipal destacada como referência para este atendimento.

Quanto à falta de materiais básicos, a prefeitura informou que a denúncia não procede. Quando os pacientes necessitam de exames laboratoriais, a equipe faz a coleta e encaminha o material para análise em laboratório terceirizado. O poder público disse ainda que na UPA não há registro de falta de médicos. Diariamente, são quatro clínicos e três pediatras.

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