Biblioteca do Inep está fechada por causa do risco de contaminação do coronavírus

Ao sentir o impacto causado pelo Covid 19, anunciado pela Organização Mundial da Saúde desde o mês de dezembro quando a China rapidamente concentrou seus esforços para debelar o mal evitando que se alastrasse e afetasse milhões de pessoas somente naquele país, o Brasil, embora conhecendo e recebendo informações da catástrofe que poderia causar, demorou a tomar os cuidados necessários antes de ser atingido com a infecção que se alastrou pelo mundo.

Com medidas extremas a serem tomadas para combater o coronavirus, cabia aos governos federal, estadual e municipal, declarar medidas de emergência e de calamidade pública para que fosse iniciada a “guerra” contra o mal. Mas para o sucesso das ações em cada parte do país, deveria haver uma coordenação rápida e eficaz junto com os governadores e prefeitos, buscando a forma ideal de combate à endemia, sem que houvesse a necessidade da disputa política que acabou dominando o quadro e afetando as ações governamentais.

A disputa política demonstrada desde os primeiros momentos, abalou as relações dos poderes, a ponto de levar o Supremo Tribunal Federal a decidir que, os governos estaduais e municipais tinham sim, o poder de decretar medidas capazes de encontrar solução rápida para o avanço da doença, que já coloca o Brasil, pelo menos até quinta-feira, no terceiro lugar no mundo com maior número de mortes. Difícil entender o imbróglio com exemplos danosos, primeiro do governo federal e, depois, por governadores e alguns prefeitos que começaram a utilizar a tinta forte da caneta para carimbar também mal feitos, considerando que decretado o estado de emergência e de calamidade pública, a legislação ordinária foge totalmente das alçadas de fiscalização dos atos extremos, quando foi observado o aproveitamento de alguns “aproveitadores de plantão”, para adotar tramoias que acabaram sendo facilmente denunciadas mas difíceis de serem contidas por que não cabe a fiscalização rigorosa dos atos, tudo por conta da emergência e da calamidade pública.

As denúncias gravíssimas de preços elevados para montar “hospitais de campanha” por algum tempo a preços exorbitantes, ou de equipamentos de proteção individual, e de outros necessários para atender aos pacientes infectados, beiram ao ridículo e os cidadãos trabalhadores e pequenos empresários que habitualmente pagam a conta, veem estarrecidos a situação caminhando para o caos. Todos sabem que – excetuando a classe política e de servidores públicos – não vai ser fácil buscar razoabilidade e provas para corrigir o grave erro, porque os próprios poderes sitiados em Brasília, parecem não se sentirem afetados pelo drama vivido pela população de modo geral, apavorado com as imagens de sepulturas preparadas e recebendo os corpos de pessoas falecidas e enterradas sem que mereçam, como sempre foi, o ritual de despedida.

Poucos ficarão ricos, mas muito mais ricos, aproveitando-se da situação calamitosa. Muitos, aliás, a maioria da população, a mais sacrificada que perdeu os pequenos negócios e empregos que dependiam para a própria sobrevivência, ainda sequer imagina passar por um longo e tenebroso caminho, para celebrar o momento se sair vivo da crise.

Como foi necessário o Congresso Nacional aprovar projetos que elevaram a dívida do governo em muitos bilhões, para salvar governadores e prefeitos, e sabendo que a população brasileira vive um drama jamais imaginado, nenhuma liderança política em qualquer esfera, foi capaz de dividir com o povo as dificuldades encontradas que, sem emprego, sem salário, sem ter o que comer e doente, não tem como arranjar forças para superar essas dificuldades que, tão cedo, não vai ter solução. Brasília, capital do país, que abriga em suntuosas mansões e palácios os membros dos três poderes, continua incólume, porque ficou conhecida como Ilha da Fantasia. Uma reforma geral, para diminuir as demasiadas despesas do Poder Legislativo, do Poder Executivo, e do Poder Judiciário, não foi pensada, começando por uma reforma política que pudesse dar credibilidade aos “representantes do povo”, diminuindo não só o número de representações por estados no parlamento, como a elevada lista de benefícios que como penduricalhos, engordam afrontosamente a remuneração de cada um.

A expectativa do fim do toma lá dá cá prometida em campanha e imaginada pelos cidadãos de bem, acabou. O que se observa, agora, é a prática coordenada em evolução, tudo como dantes no quartel de Abrantes.