Moradores reclamam do abandono e descaso do poder público. Reclamação lidera lista de solicitações
Há cerca de um ano, a equipe de Bairros em Debate esteve na Vila Badejo mostrando os problemas que vêm se acumulando ao longo da última década por conta do abandono do poder público. Sem muitas expectativas de dias melhores, essa semana os moradores pediram a nossa visita novamente para mostrar que pouca coisa mudou desde então.
Sem saber mais a quem recorrer, a população espera que o apelo feito por meio do jornal sensibilize as autoridades, que têm deixado de cumprir o seu papel. Apesar dos impostos pagos anualmente, pouca coisa vem sendo feita para melhorar a qualidade de vida de quem mora ali.
Atualmente, cerca de cinco mil famílias vivem nessa área, que tem belas casas e vias asfaltadas. Porém, por trás das pacatas ruas do bairro, se escondem alguns problemas que acabam deixando a população insatisfeita com as condições de vida do local.
A Vila Badejo é, hoje em dia, considerada uma extensão do bairro Parque Aeroporto. Apesar de pequena, ela já conquistou características dignas de um grande bairro. Contudo, por estar em pleno crescimento, os problemas estruturais que existem em qualquer bairro de uma grande cidade são inevitáveis de acontecer.
Entre as prioridades, está a reforma da praça que, inclusive, foi pauta de uma série de reportagens nos últimos anos.
“Há um tempo fizemos, a pedido do prefeito, uma reunião, onde apareceram cerca de 200 pessoas, mas ele não veio. Quando o encontrei no Lagomar, ele me disse que não sou grato, que sou difícil. Mas eu corro atrás porque o morador me cobra. A gente não consegue falar com o Dr. Aluízio, os seus secretários e funcionários, exceto o André da Limpeza, não são acessíveis. É complicado lutar por melhorias em Macaé”, ressalta o presidente da Associação do bairro, Araken Correia Sabino
Área de lazer segue abandonada
A reforma da praça do bairro vem sendo cobrada há anos. O assunto foi, inclusive, pauta de várias reportagens ao longo de 2016 e 2017. Desde então, nenhuma providência foi tomada, situação que tem deixado os moradores indignados.
Araken volta a denunciar a situação do local, que também serve de área de lazer para bairros vizinhos, como São José do Barreto, Barramares e Barrasul.
“Desde que construíram a praça ela nunca recebeu, de fato, uma reforma. A gente vem reivindicando isso há anos e nada mudou. Continua a mesma coisa, cada dia pior”, diz.
Uma das maiores preocupações ali é a situação do alambrado do campo. Devido à falta de manutenção e ação do tempo, parte dele chegou a cair, sendo substituído por um novo. No entanto, a estrutura do outro lado foi mantida, mesmo apresentando riscos de cair a qualquer momento. Visando evitar uma tragédia, os próprios moradores removeram a estrutura danificada.
“Tiramos porque ia cair e poderia machucar um frequentador”, explica.
E o risco não vem só dos alambrados. O campo de areia se tornou um problema de saúde pública. “Aqui entram animais, que fazem suas necessidades. Com isso se torna um ambiente contaminado. Vários moradores tiveram problemas de pele por conta disso. Uma criança chegou a ter um caso mais grave e por pouco não perdeu a perna”, relembra ele, informando que existe a promessa de trocar o tipo de piso. “Eles falaram que iriam colocar a grama sintética, mas até hoje nada”, lamenta.
Mas não é só o campo que compromete a segurança das crianças. O parquinho, que foi inaugurado em 2009, também precisa de uma atenção do poder público. Esse é um dos últimos no município que ainda tem brinquedos de fibra.
“Antigamente eu abria e fechava o espaço com cadeado, para zelar pelo patrimônio público, uma vez que a prefeitura não fazia isso. Mas aí os pais começaram a reclamar e eu resolvi parar de monitorar. Abria sempre de 7h às 21h. Desde que parei de fazer, o lugar ficou abandonado e foi alvo de vandalismo. Quebraram os brinquedos, picharam tudo e até roubaram um cavalinho do carrossel. O carpete está todo arrebentado. Um completo estado de abandono”, denuncia ele.
Segundo Araken, o pior é que o espaço das crianças se tornou um ambiente para usuários de drogas. “Eles vêm, usam drogas aqui, fazem sexo, urinam. Você encontra de manhã pinos de cocaína, camisinhas e até fezes no chão. Um nojo. As crianças chegam para brincar no meio disso. O que ajuda é um funcionário da limpeza que vem e limpa”, completa.
Iluminação precisa de reforço
Se de dia a situação da praça é ruim, à noite é ainda mais crítica. O uso indevido do parquinho também pode ser atribuído ao fato do espaço não ter iluminação. “Está bem precária. Tem postes com lâmpadas queimadas e até hoje não vieram trocar”, conta.
O local onde acende os refletores do campo está aberto e com fiação exposta. “Há dois anos a gente denuncia isso no jornal, alertando os riscos e nada. Qualquer um pode mexer aqui. Já deu curto, um perigo. As crianças vêm e mexem. Até a hora que acontecer uma tragédia”, alerta.
Unidade de saúde longe de ser inaugurada
De acordo com a Constituição Brasileira de 1988, os serviços de saúde é um direito que cada cidadão tem, seja ele de classe média ou baixa. Com isso, com a demanda grande nos hospitais, os postos de saúde acabam sendo uma alternativa que surgiu para facilitar a vida das pessoas. Mas em Macaé, quem reside no bairro Vila Badejo, ressalta que o sonho de ser atendido no bairro parece estar longe de se tornar realidade.
É que, segundo eles, a obra da Unidade Básica de Saúde (UBS) Aeroporto- loteamento Namorado, que começou a ser feita em 2015, está longe de ser concluída. “A placa diz que deveria ser concluído em 7 de maio de 2016, o que, pelo que podemos ver aqui no momento, não aconteceu”, reclama Araken.
O investimento é da ordem de R$ 1.435.162,42 por meio de convênio com o Governo Federal. Em maio, a prefeitura disse que as obras estavam em andamento e a previsão de conclusão estaria prevista para segundo semestre desse ano.
O que diz a prefeitura
Procurada, a secretaria de Infraestrutura informou que um estudo já foi realizado para a reforma no parque do bairro, em breve.
Quanto a iluminação, a Coordenadoria disse que enviará, ainda esta semana, equipe ao bairro para fazer os devidos reparos. E ainda reitera que os cidadãos podem contar com
Disque-Luz pelo 156 para solicitar as demandas dos seus bairros.
Em relação às obras da UBS, a previsão é de que elas estejam concluídas até dezembro.