O diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol - Foto/ Divulgação - Steferson Faria

Os prejuízos causados pela guerra de preços travada entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia pode atingir em cheio a economia de países em desenvolvimento. A avaliação foi feita durante uma conversa por telefone entre o diretor executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol (foto), e o Secretário Geral da OPEP, Mohammad Sanusi Barkindo. Segundo eles, se as condições atuais do mercado continuarem, a renda com petróleo e gás desses países cairá de 50% a 85% em 2020, atingindo os níveis mais baixos em mais de duas décadas.

Ambos expressaram também preocupações com os efeitos do coronavírus, que já se tornou uma “crise de saúde global grave e sem precedentes”. Birol e Barkindo concordaram que a pandemia cria impactos materiais, particularmente para cidadãos de países em desenvolvimento, incluindo aqueles que dependem fortemente da renda da produção de petróleo e gás para serviços essenciais e que são especialmente vulneráveis à volatilidade do mercado.

Olhando para o Brasil, as previsões para o futuro já apontam para impactos negativos na economia. Uma nova estimativa feita esta semana pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) rebaixou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) do país de 1,8% para 1,2%. No caso específico do Rio de Janeiro, a previsão saiu de 1,9% para 1,1%. Segundo a instituição, a queda maior para a economia fluminense é decorrente da alta dependência do mercado de petróleo, agravada pela desvalorização do real frente ao dólar.

No exterior, quem também pode sofrer são as empresas de serviço do setor petrolífero. Em especial as que estão sediadas nos países europeus, que são são o grande epicentro do coronavírus atualmente. A empresa de pesquisa do mercado energético Rystad traz um previsão alarmante de que até 20% dessas companhias de pequeno e médio porte podem falir em virtude das consequências econômicas trazidas pelo vírus. Limitações de viagens além fronteiras, insuficiências de fornecimento, quarentenas e reduções de investimentos serão apenas alguns dos desafios do mercado.

Enquanto o setor se debruça em números para tentar traçar os possíveis prejuízos, existe uma corrida nos bastidores para tentar amenizar a tensão entre a OPEP e os russos. O ministro do petróleo do Iraque, Thamer al-Ghadhban, pediu uma reunião de emergência entre membros e não membros do cartel para tentar costurar medidas para reequilibrar o mercado da commodity. Ontem (17), o barril do petróleo estava sendo negociado abaixo da barreira dos US$ 30. No caso do Brent, o valor estava em cerca de US$ 28,80. Já o WTI tinha cotação por volta de US$ 27.