Foto do time Ultramaster, Medalha de Ouro nos jogos de aposentados do BB, em Maceió

 Dado à forma como os aposentados sempre foram tratados, com absoluta desconsideração e desrespeito pelos anos de dedicação ao trabalho, é admirável encontrar milhares deles que não se acomodaram e se uniram para valorizar a qualidade de vida e, através do estímulo à prática esportiva, desenvolver um verdadeiro processo de integração em nível nacional. Louve-se o papel desenvolvido pela FENABB-Federação Nacional das AABBs, entidade nacional fundada há 47 anos, que reúne as Associações de Funcionários Aposentados do Banco do Brasil, em todo o país.

Nessa última quarta-feira, 24/04/24, na bela Capital de Maceió-AL, foi encerrado com grande festa, o 28º CINFAABB, que reuniu 41 AABBs de todo o Brasil e cerca de 4.000 participantes, entre atletas e acompanhantes que vibram e torcem, numa confraternização inusitada de extraordinária dimensão e especial importância, principalmente por reunir pessoas de múltiplas faixas etárias, numa média acima de 65 anos.

Impressiona ver o dinamismo de atletas com idades acima de 70 anos vibrando de alegria pela conquista de medalhas de Ouro, Prata ou Bronze, na disputa de modalidades de atletismo, natação e futebol, num fantástico exemplo de vigor físico, coragem e amor pelo esporte.

A vida funcional de cada um desses aposentados, ao longo de 30 anos de atividade, foi revestida de episódios marcantes e particulares, e que nesses Encontros são amplamente comentados e recordados, oferecendo a oportunidade para risos intermináveis, conforme a característica de cada história narrada. Essas lembranças são geralmente revestidas de algumas “gafes” cometidas, principalmente registradas na fase inicial da carreira em cidades do interior de cada Estado, para onde todos, geralmente, eram encaminhados para a posse no Banco.

Tenho uma história pessoal e muito particular, que ora relembro por ilustrar bem essas ocasiões. Ainda novo na carreira no Banco, fui nomeado Fiscal da CREAI (para os mais novos: Carteira de Crédito Agrícola e Industrial) e, como ainda não tinha recurso para ter um carro próprio e por não saber dirigir, alugava um Jeep da cidade, com motorista.

Ao chegar na América Dourada, isso nos idos de 1968, para cumprir a pauta de fiscalização da região – na época Distrito de Irecê -, coincidiu que o povoado estava em festa pelo seu padroeiro. Com tanta gente na praça, logo pensei em reservar a hospedagem e perguntei onde tinha uma Pensão. Disseram-me: “Ali, na casa de D. Afra Dourado”. Ao chegar na casa, vi que estava cheia de gente e que não seria fácil encontrar acomodação para mim e o motorista. Mas, após me identificar como fiscal do Banco do Brasil, D. Afra Dourado (in memoriam) sorriu feliz e muito gentil disse que quando retornasse no final do dia, o nosso quarto estaria à disposição. Diferentemente dos dias atuais, quando nos solicitam o pagamento adiantado!

Feita a reserva, fomos trabalhar. Já anoitecendo, chegamos à Pensão e me surpreendeu ver que não tinha ninguém na casa, além da proprietária e sua irmã – duas idosas -, e a praça estava já vazia. O fato me causou surpresa e ao indagar da proprietária por que nenhum hóspede e o total silencio na praça? Ela, calma e educada, explicou-me “que a festa tinha acabado e todos retornaram às suas origens”.                                                                                     

Jantamos à noite e no dia seguinte após o café e ao sair para o trabalho no campo, solicitei que ela nos preparasse uma boa galinha para o jantar. Toda essa mordomia e conforto de serem os únicos hóspedes, durou de segunda a 6ª. feira.

Nesse último dia, após o café e em razão de que retornaria a Irecê após o final do dia, e não mais à pensão, solicitei que ela me apresentasse a conta das despesas. Aí aconteceu o inesperado! D. Afra me respondeu: “Sr. Agenor, não custa nada, porque eu há muitos anos acabei a Pensão! Mas, não se zangue, porque eu sempre hospedei Fiscal do Banco”! Fiquei pasmo com o que ouvi, sem saber onde ocultava a minha vergonha! Passar uma semana escolhendo o que queria comer e dando um enorme trabalho às duas idosas… e não era mais uma Pensão!

Assim como esse episódio, muitas são as histórias pitorescas que se ouve de colegas que se confraternizam nesse extraordinário evento nacional. Chega ao final dos jogos e cada qual retorna ao seu cantinho, sem antes já traçar planos para o possível reencontro nos jogos que se realizarão em breve, e os próximos serão os Jogos Regionais-JINFAABB, em Fortaleza-CE, no mês de novembro de 2024.

Parabéns aos jovens atletas do Sub-100 anos, ULTRAMASTER, o nosso grande Campeão no Futebol, Medalha de Ouro do CINFAABB de Maceió! 

Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.