Moradores reivindicam melhorias em saneamento, solução para alagamentos e revitalização de praça

Localizado nos limites da Região Central, o Miramar é um bairro conhecido por suas ruas tranquilas e belas residências. Entretanto, assim como acontece em toda cidade, também convive com alguns problemas. Essa semana, o Bairros em Debate esteve novamente no local, onde conversou com algumas pessoas. Entre as reclamações estão os alagamentos, o problema na rede de esgoto e até mesmo a limpeza pública.

Vale lembrar que muitas reivindicações feita hoje já foram apontadas pela população nos últimos anos. Contudo, apesar da promessa, o poder público não resolveu essas questões e os moradores seguem aguardando solução.

Pichações e moradores em situação de rua fazem parte da Praça Santos Dumont

Lazer está entre as prioridades

Situada às margens da Avenida Fábio Franco, a Praça Santos Dumont, que poderia ser um ponto de encontro entre os moradores, é pouco frequentada. Isso ocorre devido ao abandono do local.

Quando a nossa equipe esteve no lugar, encontrou moradores de rua dormindo nos bancos. Além disso, a ação de vândalos torna o espaço pouco atrativo para as crianças e adolescentes.

Alguns jovens ainda se arriscam a frequentar a praça por conta da pista de skate.
Em contrapartida, apesar dos brinquedos, que são um dos poucos de fibra que ainda existem na cidade, estarem em condições de uso, eles estão cobertos de pichações e sujos. Quem viu o bairro crescer lamenta a situação atual.

“A praça se torna feia, com aspecto de desleixo. Por mais que eles consertem os brinquedos, poucos pais se arriscam a levar os seus filhos lá. Existe esse sentimento de insegurança”, diz uma moradora que não quer ser identificada.

O acesso ao lazer é um direito das crianças e adolescentes, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei Federal nº 8.069/90). Segundo o artigo 4º do ECA, é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público, assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Pedestres pedem proteção próximo ao valão

Devido a proximidade com o Centro, muitos moradores têm o hábito de fazer tudo a pé. O problema é que o caminho até lá pode ser uma aventura perigosa. Isso porque a calçada que beira o valão na Avenida Fábio Franco não conta com nenhum tipo de proteção para quem passa por ali.

A população relata que acidentes já ocorreram no local. “A calçada é muito estreita e não tem guarda-corpo. Se uma pessoa tropeça ou perde o equilíbrio pode cair ali dentro. É um pedido de anos que vem sendo feito e até hoje não atenderam”, diz a moradora.

Vazamentos e despejo de esgoto in natura mostram precariedade do sistema no bairro

Saneamento entre as reivindicações

O saneamento básico é um item fundamental para promover a melhoria na qualidade de vida da população. No Miramar, a rede, implantada há quase três décadas, não atende a demanda do bairro, que sofreu forte crescimento nos últimos anos.

Segundo o morador Renato, que vive lá há mais de 60 anos, as tubulações nunca foram substituídas. Para piorar, as bombas das elevatórias estariam desativadas. “Hoje o esgoto está sendo despejado in natura no córrego da Fábio Franco. Tem uma saída na altura da praça onde os dejetos podem ser vistos sendo despejados. Além disso, a rede é antiga e não atende o volume, com isso o esgoto retorna para as casas e ruas. Tem muito vazamento aqui no bairro”, relata ele.

Durante a visita, a nossa equipe encontrou um vazamento na Avenida Fábio Franco, próximo a praça. Quem passa pelo local reclama do problema. “É uma situação desagradável. Ninguém gosta de conviver com o esgoto jorrando na porta de casa”, diz uma moradora
Não bastasse o mau cheiro, a exposição dos dejetos compromete a saúde das pessoas, podendo vir a causar problemas sérios.

Alagamentos sem solução

“O Miramar é um dos bairros que mais alaga em Macaé”. Pelo menos é isso que garante Renato. Ele diz que quando chove bastam poucas horas para os transtornos começarem. “Do mesmo jeito que as bombas desligadas estão causando problemas na rede de esgoto, o mesmo ocorre com a rede pluvial”, diz.

Um outro morador, que pede sigilo do nome, diz que ele e alguns vizinhos já perderam pertences em enchentes. “Quando a água sobe muito, acaba entrando nas casas. É aquele desespero. O pior é quando o valão transborda, misturando água da chuva com esgoto”, relata.

Bairro é considerado um dos mais antigos da cidade. Melhorias parecem ter parado no tempo

Limpeza pública

Apesar de o Barracão da prefeitura ficar situado no bairro, os moradores dizem que a prefeitura tem feito vista grossa para a limpeza no bairro. Com poucos funcionários para varrição e capina, o cenário encontrado é de muito mato e lixo nas ruas. “Era para ser um dos primeiros bairros a estar impecável. O Sr. Secretário passa por aqui e não vê isso?”, questiona o morador.

Mas a falta de limpeza também é resultado da falta de conscientização de alguns moradores. Na calçada do Colégio Estadual 1º de Maio, entulhos impedem a passagem dos pedestres. “Aqui tem fluxo intenso de adolescentes. Olha o risco que estão correndo ao ter que desviar pela rua, que tem trânsito intenso, dependendo do horário. Estão impedindo o direito dos cidadão de ir e vir”, diz Carla Silva.

Além disso, o lixo e entulhos podem ter como destino final as galerias pluviais, impedindo o escoamento da água em dias de chuva.

Lembrando que, de acordo com a Lei municipal nº 3.371/2010, fica proibido o descarte de lixo doméstico, industrial, hospitalar ou entulhos nos logradouros públicos da cidade. No entanto, o desrespeito acontece de maneira impune, comprometendo a saúde da própria população que vive próximo de tais áreas.

O que diz a prefeitura e a BRK Ambiental

Sobre as denúncias das bombas desligadas, a prefeitura informou que a questão foi encaminhada à secretaria Adjunta de Saneamento para que possam checar e adotar as providências necessárias.

Já a secretaria Adjunta de Serviços Públicos informou que o trabalho de varrição e capina fazem parte da rotina. Quanto aos buracos na rua, ações de recapeamento vêm sendo realizadas em todo o município. O bairro Miramar também será contemplado com as ações.
Já a BRK Ambiental disse, em nota, que não possui estação elevatória (central de bombeamento) no bairro Miramar e que a rede existente recebe contribuições de efluentes e águas pluviais em uma única galeria. Em períodos de chuva, a rede não suporta o volume de água, por isso ocorre o extravasamento. Com a implantação do sistema de esgotamento sanitário no bairro, a concessionária realizará a separação absoluta das redes de esgoto e águas pluviais, garantindo o pleno funcionamento da coleta e do tratamento de esgoto.

A concessionária destaca ainda que realiza periodicamente os serviços de limpeza das redes de esgoto nos locais onde ainda não há o sistema de esgotamento sanitário, para permitir o melhor escoamento dos efluentes. A população sempre pode contribuir informando a BRK Ambiental sobre ocorrências de esgoto em vias públicas. O objetivo da concessionária é realizar consertos o mais rápido possível, no prazo de 48 horas. O contato pode ser feito pelo 0800 771 0001, site (brkambiental.com.br/macae) ou redes sociais (facebook.com/brk.ambiental).