Precariedade no transporte de pacientes volta a ser denunciado

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Paciente oncológica conta que tem sofrido retaliações e está faltando a consultas por falta de carro para levá-la

Recentemente a precariedade no transporte de pacientes para consultas e exames fora da cidade foi denunciado por moradores à redação do Jornal. Na última semana o assunto voltou a ser motivo de reclamação. Ao procurar a equipe de reportagem, Penha Elisabete Ferreira, paciente oncológica, disse que, por falta de transporte, já perdeu várias consultas.

“É um descaso muito grande com a gente. A gente demora para conseguir agendar uma consulta e quando consegue não pode ir por falta de transporte que é um direito nosso. O pior de tudo é que não nos avisam com antecedência que o carro não irá e em meio a todas as dificuldades a gente levanta de madrugada, vai para o ponto e nada. E quando buscamos uma justificativa muitas vezes não somos atendidos. Um profissional joga a responsabilidade para o outro e o problema não é resolvido”, relatou a paciente.

Ela conta ainda que tem sentido muitas dores e o sofrimento só aumenta a cada vez que deixa de ir a uma consulta. “Eu faço uso de um cateter e é preciso que a manutenção seja realizada com frequência para ele não infeccionar. É muito triste a gente não receber a atenção que merece por parte do governo”, desabafou.

Dona Penha explica ainda que sofre de câncer nos ossos e que por isso tem muita dificuldade para se locomover e tem dificuldades até mesmo para entrar em carros maiores como ambulâncias (devido a altura), por isso, em seu caso, o carro pequeno é a melhor opção. “Sinto muita dor e não consigo subir nem mesmo em uma ambulância”, disse.

Ela conta também que acionou a Defensoria Pública e que profissionais do setor de transporte da Prefeitura se recusaram a receber o oficio emitido pelo órgão. “Passamos por vários profissionais e um jogava para outro alegando não ser sua responsabilidade. Depois de muito tentarmos, um funcionário pegou o documento. É um descaso muito grande com a gente. As pessoas nos atende com indiferença”, ressaltou.

Outra situação apontada pela paciente é que até mesmo o lanche que antes era servido durante a viagem foi cortado. “Não temos mais direito ao lanche e nem mesmo a uma garrafinha de água. Muito triste e lamentável, muitas vezes a gente vai para uma consulta mas não temos dinheiro e temos que esperar até chegar em casa. Além disso, tem pacientes que não conseguem sequer sair do carro para então comprar algo para comer e beber. A gente espera mais atenção por parte do líder do governo”, disse.

Dona Penha já havia procurado a redação do Jornal em 2016 quando não conseguia agendar consulta para iniciar o tratamento na luta contra o câncer. Na época ela contou que sua triste história começou quando foi diagnosticada com câncer nas duas mamas. Após fazer o procedimento de mastectomia, ao invés da cura, veio outra notícia: a doença havia avançado e atacado os seus ossos. Já no dia 7 de outubro de 2015, a pedido dos médicos do Hospital Álvaro Alvim, em Campos dos Goytacazes, onde faz o tratamento, ela compareceu à Coordenadoria de Controle, Avaliação e Auditoria (0800) para dar entrada no pedido de exame de “RET.CI corpo inteiro”.

Em abril, quando foi procurada pela redação do Jornal para explicar sobre a mesma denúncia (falta de transporte e corte de lanches) a Prefeitura informou que para o atendimento ao paciente para transporte fora do município, a prefeitura também dá seguimento a um procedimento licitatório para aluguel de 23 veículos, cujo processo deve ser concluído nos próximos 30 dias.

Sobre o corte do lanche, o órgão não havia se pronunciado.

Já dessa vez, procurada mais uma vez pelo Jornal, o órgão disse a mesma coisa que havia informado em abril. “A Prefeitura de Macaé está atuando para o aprimoramento da assistência aos pacientes que precisam de transporte a fim de torná-lo mais eficaz e eficiente. Para isso, foi aberto processo licitatório para locação de quatro ambulâncias avançadas, com o objetivo de substituir e ampliar o serviço de atendimento de urgência e emergência da rede municipal de saúde. O processo licitatório já foi concluído e o início dos serviços acontecerá nos próximos 15 dias.

Também encontra-se em andamento a locação de mais cinco ambulâncias simples. Já o atendimento ao paciente para transporte fora do município, a prefeitura também dá seguimento a um procedimento licitatório para aluguel de 23 veículos, cujo processo deve ser concluído nos próximos 30 dias. Cabe ainda esclarecer que são feitas manutenções periódicas nos veículos próprios do município. Porém, nossa demanda e utilização constantes superam a capacidade dos nossos veículos próprios, havendo necessidade de realização dos processos citados acima. Com essas medidas, a Secretaria de Saúde busca atender de forma satisfatória a necessidade da população”. Mais uma vez o órgão não se pronunciou sobre a retirada do lanche e água dos pacientes.