Agência Petrobras

A estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) está em negociações avançadas para contratar a Petrobras como agente comercializador da produção do pré-sal que pertence à União e tem a expectativa de fechar um acordo até o fim deste ano, disse à Reuters o presidente da companhia, José Eduardo Gerk.

A empresa, que representa a União nos contratos de partilha de produção, já havia tentado no passado fechar um contrato com a petroleira estatal, mas as conversas não prosperaram.

O petróleo da União é aquele produzido por empresas que ofertaram o produto em leilões do pré-sal, inclusive a própria Petrobras -em tais certames, ganha a disputa quem faz a maior oferta de óleo ao Estado.

“Desde que eu estou aqui, o andamento das negociações… com a Petrobras tem avançado, e a gente espera até que consiga chegar a um bom termo até o fim do ano”, afirmou ele, em uma entrevista na segunda-feira em seu escritório, na sede da companhia, no Rio de Janeiro.

Gerk, que assumiu o posto em abril deste ano, evitou fazer comentários sobre o que deu errado na tentativa anterior de colocar a Petrobras como o agente comercializador do petróleo da União.

No ano passado, a PPSA comercializou volumes de petróleo por meio de venda spot e em leilão, fechando contratos que atualmente são suficientes para os próximos dois ou três anos. Mas, daqui em diante, a contratação direta da petroleira estatal para fazer a comercialização é vista como a melhor opção, embora novos leilões não estejam descartados.

Uma resposta positiva da petroleira atualmente, segundo Gerk, poderá vir diante das perspectivas de volumes significativos de petróleo a que a União terá direito no futuro.

Procurada, a Petrobras preferiu não comentar o assunto.

Um estudo publicado pela PPSA, no ano passado, previa que a parcela de produção da União nos 14 contratos de partilha firmados até agora deveria atingir 250 mil barris de petróleo por dia (bpd) em 2028, contra os poucos milhares de barris diários atualmente.

A estimativa da parcela de petróleo da União no futuro deverá ser revista após os leilões do pré-sal marcados para novembro. Gerk adiantou que estudos preliminares indicam a possibilidade desse volume dobrar, para 500 mil bpd.

“Imagina, uma empresa de 500 mil barris por dia hoje é uma empresa de grande porte”, pontuou Gerk.
Grande parte da expectativa com o aumento da estimativa atual está no megaleilão que irá licitar em 6 de novembro os volumes excedentes da cessão onerosa, no pré-sal da Bacia de Santos, que poderá levantar cerca de 106 bilhões de reais para a União em bônus de assinatura fixos, caso todas as quatro áreas sejam negociadas.

Nessa rodada, os ativos que serão ofertados já têm declaração de comercialidade e um deles, o campo de Búzios, já está em produção, com grandes perspectivas.

Uma outra licitação, a 6ª Rodada de Partilha do pré-sal, está programada para 7 de novembro, com outras promissoras áreas em oferta.

Orçamentos e funcionários

O avanço da produção no pré-sal também deverá determinar o ritmo de crescimento e contratações na PPSA.

Gerk explicou que atualmente a empresa conta com 44 funcionários e que está preparando um plano de cargos e salários para ser aprovado pelo Ministério da Economia no primeiro semestre do ano que vem.

Após a aprovação, a ideia é preparar um concurso público para o fim de 2020 para o ingresso de funcionários em 2021. O plano inicial é a contratação de cerca de 50 concursados, mas o número poderá crescer, dependendo da velocidade do desenvolvimento de campos do pré-sal.

O executivo comentou ainda notícias recentes de que o governo estaria devendo recursos à PPSA, o que poderia estar prejudicando as atividades da empresa.

Questionado, o presidente da estatal explicou que a questão já está solucionada e que o governo irá pagar os cerca de 109 milhões de reais devidos, referentes a recursos da 4ª e 5ª Rodadas do pré-sal, entre este ano e o próximo. Também afirmou que o caixa da PPSA está confortável para as atividades em curso.