Moradores do Alto dos Cajueiros reclamam de falta de limpeza e cobram retorno de obras na linha
Um bairro que divide duas realidades e, ao mesmo tempo, tem problemas em comum. Esse é o Alto dos Cajueiros, na Região Central, que, assim como as demais localidades em Macaé, carece de diversos serviços de infraestrutura.
Essa semana, a equipe de Bairros em Debate esteve pela segunda vez nesse ano no local conversando com os moradores, que apontaram os principais problemas. A maioria deles chegou a ser ressaltada na última visita, em março, mas, ao que tudo indica, quase nada mudou desde então. Entre as pendências estão a falta de manutenção nas vias e a sujeira em terrenos baldios.
Segundo histórias relatadas pelos habitantes mais antigos, no século passado o local era caminho de carvoeiros, o que motivou a escolha do nome “Morro do Carvão”. A localidade servia como passagem para esses profissionais e para o trem da extinta Leopoldina que, anos mais tarde, passaria a se chamar RFFSA.
O bairro foi crescendo, assim como a diferença social. Basta caminhar um pouco pelas ruas para ter a sensação de estar em dois bairros diferentes. Por um lado casas de médio e alto padrão, e de outro, construções humildes. Mas se tem uma coisa certa ali é que o poder público tem deixado de fazer o seu papel.
Ele fica situado em um local estratégico, pois está exatamente entre a Região Central da cidade e a Praia dos Cavaleiros. Em poucos minutos de caminhada é possível chegar ao centro comercial de Macaé ou às praias. “Quase quatro meses se passaram e nada foi feito. Nosso bairro continua abandonado”, lamenta o morador Robson Santos de Souza.
Obras sem previsão de serem retomadas
Direito de todos, mas acessível para poucos. Essa é a realidade da população em Macaé quando o assunto é lazer. Apesar de o governo municipal ter realizado a reforma de algumas praças ao longo dos últimos anos, e ter criado algumas novas, muitos espaços seguem abandonados pelo poder público.
E essa é mais uma promessa que nunca saiu do papel. O projeto de urbanização na linha férrea, no trecho que divide a Costa do Sol e o Alto dos Cajueiros, está cada dia mais longe de se tornar uma realidade. Pelo menos é isso o que relatam os moradores.
Durante a nossa última visita, esse tema foi ressaltado inúmeras vezes pelos moradores, que cobram respostas, uma vez que o serviço começou e foi parado em 2015. “Eles iniciaram em 2015, mas até hoje a única coisa que fizeram foi o manilhamento. Antes o esgoto corria a céu aberto aqui. Pelo menos isso parou de acontecer depois que o serviço foi feito. No entanto, a gente aguarda a urbanização, conforme nos foi prometido na época que seria feito e até hoje nada. Inclusive, isso foi anunciado pela prefeitura nas suas redes sociais. Existe um projeto de urbanização e pavimentação, mas não sabemos se isso um dia se tornará realidade ou não”, declarou Robson, na ocasião.
Quatro meses depois, ele volta a cobrar um posicionamento do poder público. “O projeto segue sem respostas. O prefeito sabe que ele existe. Nossas crianças brincam na rua porque não têm um local apropriado”, diz.
Infestação de ratos e mosquitos
Sem prazo de retomar os trabalhos, o morador conta que nem mesmo o serviço básico de manutenção vem sendo feito. Nas imagens feitas é possível ver que o matagal toma conta da linha do trem. “Após a primeira reportagem, após alguns dias eles vieram fazer o serviço. Só que, infelizmente, ele não foi concluído, pelo contrário, não fizeram nem a metade. O matagal continua como podem ver”, relata.
Dentro do bairro, o trabalho foi feito, mas Robson cobra menos tempo entre uma visita e outra para manutenção. “A capina foi feita, mas o mato já cresceu de novo”, explica.
Tal situação tem contribuído com o surgimento de zoonoses. Segundo os moradores, o bairro sofre com a infestação de mosquitos e roedores. Durante o período em que ficou no local, nas duas visitas, a nossa equipe de reportagem pôde comprovar as reclamações.
Entre os insetos encontrados, estava o Aedes aegypti. “Está tendo muito mosquito e rato aqui. O pessoal vive reclamando”, diz Robson.
Mas se por um lado o poder público tem deixado a desejar, por outro, a própria população acaba não fazendo a sua parte. Nossa equipe encontrou calçadas tomadas por entulhos. “Tem gente que não faz a sua parte. Ai fica complicado. Eles limpam, mas o povo volta a jogar ali”, ressalta.
Mas não são só os espaços públicos que acabam sendo alvos do desrespeito. Terrenos particulares também viram depósito para tudo que é tipo de material. Vale ressaltar que, além de comprometer o meio ambiente, esses resíduos acabam virando criadouros para o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, febre chikungunya e zika vírus.
Manutenção das ruas
O problema dos buracos pelas vias da cidade volta a ser pauta essa semana. Enquanto a prefeitura realiza o serviço de recapeamento em algumas localidades, outras, esquecidas pelo poder público, se tornam motivo de insatisfação por parte da população. E isso tem acontecido no Alto dos Cajueiros.
Se por um lado algumas vias receberam asfalto nos últimos anos, por outro, vias de paralelepípedos nem manutenção têm tido, ao menos. Na Rua dos Professores, um enorme buraco preocupa os moradores. “Está piorando cada vez mais. Qualquer hora não vai dar mais para passar por aqui. O que acontece é que a prefeitura faz sempre um serviço mal feito, ou seja, consertam e pouco tempo depois volta a ficar assim. Não sei o que acontece, mas o trabalho não tem mais a qualidade que tinha antes”, lamenta o morador.
Esgoto a céu aberto
O saneamento básico é um item fundamental para promover a melhoria na qualidade de vida da população. Contudo, vazamentos pela cidade ainda colocam em risco a saúde da população.
Apesar de alguns investimentos realizados em Macaé nos últimos anos, a cidade ainda sofre com o problema de saneamento em diversos pontos. E isso não afeta apenas as comunidades que não contam com infraestrutura, como também áreas nobres e até mesmo a região central.
No Alto dos Cajueiros isso não tem sido diferente. Apesar da situação estar bem melhor, comparado aos anos anteriores, pequenos vazamentos ainda ocorrem. Um deles vem acontecendo em um trecho da parte baixa da Rua Antônio Curvelo, uma das principais do bairro.
“O esgoto está vazando de uma pequena saída, perto do poste. É algo que começou há poucos dias, pois não tinha notado isso antes”, diz Robson.
Procurada pela nossa equipe, a BRK Ambiental informou que esteve no local no dia 25 e identificou que a rede existente encontrava-se danificada. Por se tratar de uma rede de drenagem pluvial, ela disse que a responsabilidade pelo reparo é da prefeitura. Ela reforça que a equipe da secretaria de Serviços Públicos esteve no local para realizar o serviço.
Já a secretaria de Infraestrutura diz que realizou, nesta semana, a troca da manilha obstruída no local, limpando todo o sistema. A situação já está normalizada.
O que diz a prefeitura
Procurada, a prefeitura informou que secretaria de infraestrutura vai mandar uma equipe ao local na próxima semana para realizar as ações necessárias. Caso ocorra chuva, o cronograma será alterado.
Ela ainda aponta que solicitações e reclamações devem ser realizadas pelo telefone: 2796-1235.
Já o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) disse ter realizado uma intervenção no local e que, na próxima semana, retornará à região para realizar mutirão para o controle do mosquito Aedes aegypti e roedores. Para solicitações de visitas ou dúvidas, o cidadão pode entrar em contato com o CCZ, pelo telefone 0800-0226461 ou pelo e-mail cczmacae@yahoo.com.br.
Quanto a manutenção das ruas, a prefeitura explica que a ação nesta localidade já está no cronograma e será finalizada na próxima semana.