Gumercindo Moura
Meus caros macaenses, tal qual igual a mim, que amam e respeitam a nossa Princesinha do Atlântico, bem como todas as suas riquezas. E eu sou também uma dessas riquezas, e mais importante ainda, sou uma das riquezas que a Lei dedica um artigo, para minha proteção.
Mas tudo isso torna-se necessário para que os humanos não destruam aquilo que por Lei deveria cuidar.
Em idos tempos, nas décadas 50/60 ainda poderíamos ver inúmeros jovens, banhando em minhas águas, que naquele tempo ainda eram limpas. Os barcos que ali chegavam no meu cais, serviam de trampolim onde esses “atletas” que subiam nos mastros e lá promoviam inúmeros saltos acrobáticos. Uma verdadeira tarde de grande euforia, no entardecer do sol se escondendo no horizonte.
O meu velho amigo, O Mar, a tudo assistia e acho que também participava dessa festa alegre e emocionante. Cabe lembrar que o Mar sempre foi o meu mais próximo amigo de sempre e que a tudo participava, pois quando as minhas margens eram tomadas por construções que contaminavam as minha águas, ele – o Mar- como num ato de repulsa ou mesmo se sentido ofendido com tais situações, tomado de fúria inconteste, agitava as suas águas formando grandes que ondas se lançavam no intruso e destruía tudo tentando voltar ao estado de antes, para salvar o seu amigo dileto, o Rio.
Hoje todo o Rio Macaé, está em penúria, morrendo a cada dia. Antigamente podia ver o pôr do sol, curtindo o Rio e o Mar, com sua famosa Pororoca. Hoje tudo isso virou um cemitério de navios de pescas, abandonados e que a cada dia, sempre surge mais um. Chega-se ao momento que não temos mais rios para os barcos ficarem. E isso fica ainda mais sofrível quando as entidades e os agentes públicos que têm o DEVER de cumprir a Constituição cruzam os braços e se fazem de cegos, atrás dos óculos escuros, para que não vejam o meu sofrimento que a cada minuto se esvai em poluição, contaminando toda orla fluvial e marítima.
Até quando? Até quando, alguma entidade ou agente público abrirá os olhos ou deixará de usar óculos escuros para ver a realidade, nua e crua. De um Rio e um Mar moribundo. Até quando?