Em vista de se garantir o apelo popular, e o clamor da nação, que garantiu a ascensão meteórica no processo eleitoral deste ano, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) traça dois perfis de governo: o que ele mesmo tocará mediante as regras militares e o que será traçado pela régua da Justiça, através do trabalho que será exercido pelo futuro ministro e juiz Sérgio Moro.

Assediado por todos os lados que seguirão órfãos do poder, a partir da transição das quase duas décadas de gestão do Partido dos Trabalhadores, Bolsonaro entendeu que, após vencer as eleições por trás das lentes das câmeras dos celulares, precisa manter a euforia do discurso raso das redes sociais, o que leva a ir até uma agência bancária, sacar dinheiro, comprar carne e fazer churrasco para os seus seguranças.

Enquanto a visão do futuro governo permanecer sob ideias conservadoras, que beiram a capítulos de seriados amplamente propagados pelo Netflix, o resultado será menor que a visibilidade, um conceito de marketing que se sustenta mediante a dependência da sociedade pelas telas dos celulares.

E neste contexto, ganhará corpo o trabalho que já está sendo tratado pelo Juiz que deu andamento ao maior combate à corrupção da história do país, e que se sustentará à medida que as investigações partirão de dentro do governo, a partir da entrada da força-tarefa.
Com Bolsonaro, Moro conseguirá construir uma carreira sólida, especialmente na política, algo que está internamente ligado com o posto que ocupará a partir de janeiro de 2019. E não restam dúvidas de que a sociedade seguirá acompanhando, em tempo real, qualquer passo que será dado daqui em diante.

E a partir de agora, os próximos passos serão focar na redução do alcance do crime organizado, algo que será muito mais complicado que caçar os corruptos que afundaram a gestão do governo do Estado e a credibilidade da nação.

E sabendo exatamente o tamanho do seu desafio, Moro se prepara para alcançar ainda mais espaço dentro da futura gestão do país, e conseguirá conduzir um trabalho que irá além do marketing conduzido por Bolsonaro.

Não restam dúvidas de que a sociedade conseguirá obter as respostas traduzidas nas urnas, porém, é fato que a briga política interna será muito maior que a reconstrução do país. E isso ninguém pode negar.