Em última análise, o debate sobre o aborto no Brasil não se limita apenas à questão dos direitos reprodutivos, mas também envolve valores morais, visões de mundo e o equilíbrio entre os poderes democráticos.

A questão do aborto tem sido um dos temas mais debatidos na política brasileira nos últimos anos, e a esquerda desempenha um papel barulhento nesse debate. No entanto, é fundamental analisar os motivos que levam a esquerda a transformar o aborto em um tema central de sua agenda. Não se trata apenas de saúde pública, direitos femininos ou liberdade de escolha, como alegam; na verdade, está em jogo a implementação de uma concepção de mundo.

O pensamento esquerdista, de maneira geral, adota uma visão materialista, negando a existência de Deus ou qualquer dimensão transcendental na vida humana. Isso implica que o homem teria a responsabilidade de criar suas próprias regras morais e definir a organização social, independentemente de qualquer ordem superior divina. Nessa perspectiva, a sacralidade da vida humana é questionada, e a busca por significado transcendente é vista por eles como superstição arcaica.

No centro desse debate está a ideia de que o valor da vida humana fica subordinado ao projeto político, como o comunismo, que preza pela evolução das relações sociais em busca de maior produção econômica e uma distribuição de riqueza supostamente mais justa. No entanto, essa lógica coloca em risco a valorização das necessidades básicas do ser humano e enfatiza a busca por condições materiais ideais como único objetivo de vida.

A esquerda, ao promover o aborto como um direito das mulheres, contribui para a erosão dos valores morais e da família, redefinindo o objetivo da mulher como o alcance do prazer sexual e sua participação na produção econômica. No entanto, esse suposto “empoderamento” não tem se traduzido em maior felicidade, pois os índices de depressão e suicídio estão em ascensão, e muitas mulheres enfrentam a frustração de tentar construir uma família após adotar essa visão de mundo.

Além disso, a legalização do aborto no Brasil tem sido implementada de maneira controversa, com o Judiciário muitas vezes tomando decisões que deveriam ser prerrogativas do Legislativo, usurpando o poder dos representantes eleitos pelo povo. Isso levanta questões sobre a própria saúde da democracia e a soberania popular. Como alertou Rui Barbosa, a ditadura do Judiciário é uma ameaça à democracia, pois não há a quem recorrer quando as decisões não refletem a vontade da maioria.

Em última análise, o debate sobre o aborto no Brasil não se limita apenas à questão dos direitos reprodutivos, mas também envolve valores morais, visões de mundo e o equilíbrio entre os poderes democráticos. É essencial que a sociedade brasileira, que é prodominantemente conservadora, continue a discutir essa questão de maneira ativa, considerando todas as implicações éticas, sociais e políticas envolvidas.