A sombra da prisão de mais um gestor em exercício de mandato, às vésperas do início das transformações políticas impostas pelas urnas, que deram ainda mais poder ao Judiciário, o novo cenário nacional representa o que ainda está por vir, em meio a um turbilhão de ações derradeiras que remetem a força da Operação Lava Jato.
Precedente único na história recente da democracia, o desenrolar de investigações sobre esquemas em curso de corrupção que emparelha as mais potentes máquinas administrativas do Estado, coloca na cadeia representantes de sistemas que sucumbem à ação do Judiciário, e que mesmo após a dança das cadeiras dos partidos, não conseguem esconder as relações íntimas de agentes operadores do poder, que não se escondem mais atrás da sombra da impunidade.
Em se tratando de Niterói, uma das cidades mais prósperas do Estado, diretamente beneficiada pela produção da Bacia de Santos, e importante base logística para as operações da indústria de óleo e gás, há de compreender que o novo curso das investigações da corrupção miram em algo ainda mais valioso: as barras do poder.
Depois da prisão do governador do Rio de Janeiro, Pezão (MDB), as investidas da Justiça dão as devidas respostas estimadas pela sociedade, muito antes do crivo das urnas deste ano, mas a partir da divulgação dos esquemas que nortearam acordos indevidos, e desviaram bilhões dos cofres públicos.
Hoje, qualquer gestor fica de orelha em pé, mediante o andamento das apurações dos casos que são denunciados, seja pela própria sociedade, seja pelos adversários que não se contentam em aceitar o resultado das urnas.
E isso se repetirá por anos, mesmo com a mudança do curso da democracia que hoje possui novas chances de se restabelecer, através de uma nova convicção de que a impunidade não se tornará mais o espelho daqueles que ainda desejam manter a áurea de santidade, enquanto o povo sofre cada vez mais.