Entre os problemas estão a falta de limpeza e manutenção das ruas, além dos vazamentos de esgoto

A falta de infraestrutura tem gerado inúmeros transtornos para os moradores do Jardim Guanabara. Situado na área sul, por trás de ruas tranquilas e residências de alto padrão, o bairro esconde problemas que vão desde a ineficiência no serviço de limpeza até vazamentos de esgoto, situações que contradizem com o título de “área nobre”.

Cansados de esperar pela boa vontade do poder público, que tem deixado muito a desejar na localidade, moradores convocaram mais uma vez a nossa equipe de Bairros em Debate essa semana. Lembrando que somente nesse ano essa já é a nossa segunda visita ao local. Pelo o que a nossa equipe pôde ver de perto, a maioria dos problemas encontrados em fevereiro segue sem solução até hoje.

O abandono com o bairro é tanto que no final do ano passado um grupo de moradores da região mais afetada pela falta de infraestrutura se uniu e abriu uma ação no Ministério Público (MP) denunciando um possível impasse com a prefeitura em relação a regularidade das terras. No início desse ano, o MP indeferiu o pedido da população alegando que não pode se responsabilizar e interferir na questão das políticas públicas do município à medida que as pessoas procuram a instituição “porque estaria interferindo na atividade de outro poder, no caso, o Executivo”.

“Ficamos sem saber a quem recorrer porque quando procuramos o MP, ele nos fechou as portas. Engraçado que quando foi para ligar as casas na rede de esgoto, que não foi concluída, ele intimou os moradores. Ou seja, quando a gente pede eles não fazem nada, só quando o interesse é do outro lado”, lamenta o morador Ivan Kassinow, que foi um dos que procurou o MP na época. “Queremos saber: quem afinal responde por isso aqui? É a prefeitura ou o loteador? Porque pagamos impostos, compramos os terrenos todos de forma legal e na hora de cobrar as melhorias os dois lados fogem da responsabilidade. Já escutamos até que isso aqui era área de invasão”, questiona o morador.

Abandono chegou a ser denunciado no Ministério Público, que indeferiu o pedido dos moradores

Capina volta a ser solicitada

Assim como acontece em vários bairros em Macaé, quando se trata da falta de capina, o Jardim Guanabara também entra na lista. Seja em terrenos particulares, onde é responsabilidade do proprietário manter a limpeza, quanto em áreas públicas, onde o serviço deve ser executado pela prefeitura, é possível ver que o mato já ultrapassa mais de dois metros de altura.

Lembrando que isso vem sendo reivindicado pelos moradores desde o ano passado, sendo o pedido reforçado em fevereiro. Contudo, eles afirmam que quando a prefeitura aparece é apenas para fazer o serviço na via principal, deixando de lado, inclusive, uma área pública, onde deveria existir uma praça.

Proprietário de algumas casas na Rua Jocilea Basílio, Alberto diz que tanto ele, quanto alguns inquilinos já procuraram a prefeitura inúmeras vezes em busca de solução para esse e outros problemas no local. “A prefeitura não aparece aqui. Os terrenos a gente limpa, mesmo não sendo nossos, por questão de segurança mas, mesmo assim, pode ver que o matagal já está tomando conta da rua”, diz.

Além de se tornar esconderijo para bandidos, o matagal também se torna ambiente para animais como ratos e cobras. No final do ano passado, uma moradora da mesma rua relatou que uma jiboia havia aparecido na localidade.

Em alguns trechos os veículos não conseguem passar

Ruas sem pavimentação

A maioria das ruas do bairro é de paralelepípedos e, em algumas delas, a nossa equipe encontrou desníveis. Em vários pontos, buracos profundos e bueiros sem tampas se tornam uma ameaça para os condutores e pedestres.

Mas se nesses pontos a situação é crítica, onde não tem pavimentação a situação é ainda pior. Algumas ruas do bairro ainda são de barro, o que torna a acessibilidade dos moradores bem mais complicada.

Em algumas delas, o acesso de carro é praticamente impossível em dias de chuva. A nossa equipe chegou a ter dificuldades para transitar em alguns trechos. O pior trecho encontrado fica na Rua Lúcio Cavalcanti Pinheiro Ramos, onde os veículos não conseguem passar mais devido aos buracos e lama. “Não passa mais ninguém por ali há um bom tempo devido as condições da via”, diz Ivan.

Além dela, o mesmo se repete na Rua Maria Orebi. “Sem contar com o poder público, resolvi buscar uma solução para amenizar o problema e joguei um material para tapar os buracos na rua porque não estava mais conseguindo entrar e sair de casa”, conta ele, ressaltando que há uma cratera na esquina com a Rua Nilo Tavares Freire. “Isso está cada vez pior. A rua está cedendo”, enfatiza.

Depois de tanto reivindicar, algumas dessas ruas começaram a ser pavimentadas no ano passado, mas até hoje apenas o meio-fio foi feito e jogado pó de brita.
Na Rua Jocilea Basílio nem mesmo medidas paliativas foram feitas. “Aqui só não alaga em dia de chuva porque nós jogamos oito caminhões com pó de pedra para conseguir transitar”, conta Alberto.

Área pública segue abandonada pelo poder público

Sem área de lazer, crianças brincam na rua

As praças são geralmente um ponto de encontro de moradores do bairro, sendo a principal opção de lazer para as crianças. Mas o Jardim Guanabara não possui nenhuma área de lazer, sendo a mais próxima no Mirante da Lagoa.

“Segundo a planta do loteamento, aqui deveria ter a praça do bairro. No entanto, circulam boatos de que a prefeitura estaria querendo vender essa área para uma empresa e ela deveria destinar um pedaço para a construção da área de lazer e seria a mesma responsável pelo projeto. Só que quem comprou isso aqui espera que o espaço todo seja urbanizado em prol dos moradores”, denuncia Ivan.

Iluminação precisa melhorar

Com a violência cada vez maior, a sensação de insegurança toma conta da população. No Jardim Guanabara a baixa iluminação, ou até mesmo a falta dela, tem preocupado quem vive ali. “Já tenho pedidos na prefeitura para colocarem os braços de luz aqui desde 2015. Como já houve casos de assaltos aqui, eu coloquei refletores na rua para iluminar.

Enquanto isso, a gente paga mensalmente taxa de iluminação pública por um serviço que não nos é oferecido”, diz Alberto. “Entrei em contato com eles há poucos dias e disseram que viriam aqui essa semana para resolver o problema. Esperamos que dessa vez eles atendam o nosso pedido”, completa.

Já na Rua Maria Orebi, um morador chegou a colocar um refletor, contudo, o mesmo teria sido desligado por não atender “os padrões exigidos”. “O vizinho fez isso porque não atendem o nosso pedido. Engraçado que para vir resolver o problema eles não aparecem, mas para cortar a luz e alegar que não está dentro das normas eles vêm”, reclama Ivan. “Eu mesmo coloquei refletores aqui na rua porque à noite isso aqui ficava um breu”, reforça.

No ano passado a Coordenadoria de Iluminação Pública, ligada à secretaria Adjunta de Serviços Públicos, disse que tinha feito uma visita ao local, para analisar a situação e realizar os reparos necessários. “Até hoje não vieram”, denuncia uma moradora, que não quis se identificar.

O que diz a prefeitura

Procurada pela nossa equipe, a prefeitura informou que as demandas foram encaminhadas à secretaria de Infraestrura, que disse que as ações de limpeza e manutenção de ruas para o bairro já estão no cronograma. No entanto, nenhuma data foi divulgada.

Quanto ao pedido de reforço na iluminação, a Coordenação de Iluminação Pública (Cip) destacou que não há nenhuma solicitação para a rua Maria Orebi. Já para a Rua Jocilea Basílio, o serviço de troca de lâmpadas está agendado para a próxima semana. No bairro, ao todo, no mês de maio, foram executados 118 atendimentos, sendo estes referentes à troca de lâmpadas, reator, base de relé e relé fotoelétrico.