Está complicado até mesmo para os especialistas em política e sociologia, compreender o comportamento eleitoral do brasileiro, nesses últimos dias que antecedem um dos mais complexos processos eleitorais da história nacional.

Se por um lado, a expectativa gerada pelo impeachment e pelas investigações da Operação Lava-Jato garantiria um processo de renovação consciente dos poderes Executivo e Legislativo, com foco na recuperação da democracia e no respeito às regras republicanas, por outro o que está aparentemente na mesa, é mais uma vez uma polarização focada na ideologia, ao invés das necessidades reais da nação.

Com base no discurso de ódio, nas “verdades” propagadas pelas redes sociais e na propagação das Fake News, o embate travado pelos dois candidatos que polarizam a disputa pela presidência da República abre para o país apenas duas perspectivas: a volta a um triste passado e uma aposta bastante alta para um futuro obscuro.

Em que se pese os desejos de mudança, de combate a insegurança e o fim da corrupção, há muito mais em jogo nestas eleições, que transformar candidatos em deuses mitológicos, que não conseguem sustentar as verdades que o povo merece ouvir.

Por conta disso, a palavra de ordem do pleito deste ano é, sem sombra de dúvidas, o “Mito”. Com duas interpretações bastante distintas, este adjetivo ajudará a qualificar o próximo governo, independente de quem seja o cabeça escolhido pelo povo.

Da forma pejorativa, o mito destas eleições está no fato de se garantir que todos os problemas enfrentados pelo país, como a redução da economia, o crescimento do desemprego, a ampliação do poder do tráfico de drogas e as distorções do que é certo e errado na gestão pública, serão solucionados a partir de uma visão bélica, militar e de caça às bruxas.

Por outro lado, também é mito apostar na independência de candidatos que possuem mentores, cuja relação com o poder está bastante atrelada a corrupção.
No campo conceitual, o mito das eleições é acreditar que um homem seja transformado em Deus, capaz de superar qualquer adversidade, como se fosse escolhido por Ele, para representar na terra algo que falta muito para o Brasil: decência e honestidade.

Entre todos os mitos, o povo decidirá qual caminho será seguido pelo Brasil durante os próximos quatro anos, e isso não garante soluções reais, mas sim crenças que fogem a realidade, pelo menos não aquela propagada pelas redes sociais.