No programa gravado durante deslocamento de barco em Tefé (AM), o astronauta Marcos Pontes entrevistou o diretor do Instituto Mamirauá, João Valsecchi e o secretário da SEPEF, Marcelo Morales

O Bate Papo Ciência e Tecnologia no Dia a Dia, exibido nesta terça-feira (22) foi diferente, uma edição especial. No início de fevereiro, o governo federal realizou seis entregas em três dias, na “Missão Amazônia”, em ações coordenadas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Para falar sobre essas entregas, o ministro astronauta Marcos Pontes entrevistou o diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social supervisionada pelo MCTI, João Valsecchi e o secretário de Pesquisa e Formação Cientifica, do MCTI, Marcelo Morales. Em uma conversa gravada durante um deslocamento de barco no rio Japurá, na região de Tefé (AM), o ministro do MCTI abordou com os convidados diversos projetos de desenvolvimento sustentável coordenados pelo ministério na região e também as seis entregas realizadas pelo governo federal no início do mês. 

As seis entregas realizadas pelo governo federal com a coordenação do MCTI foram o investimento de R$ 8 milhões para infraestrutura e manutenção da Torre ATTO MCTI, a maior torre de observação e de pesquisa em florestas tropicais do mundo; o lançamento da chamada pública CNPq/MCTI para bolsas de fomento de pesquisadores brasileiros e estrangeiros também do projeto Torre ATTO MCTI; o lançamento do edital “Bioeconomia e Transformação Digital na Amazônia”; o lançamento do laboratório flutuante Vitória Régia do programa, SALAS MCTI; o lançamento da primeira reserva florestal do mundo monitorada em tempo real, do projeto PROVIDENCE MCTI; e o lançamento do laboratório de selva Peixe-Boi do programa, SALAS MCTI.

“O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá não tem esse nome por acaso. Eles trabalham com uma série de projetos que vão desde a preservação de toda a biodiversidade local até o trabalho social em conjunto com as comunidades da região para melhorar a qualidade de vida da população. Essa dupla missão é muito importante”, destacou o ministro do MCTI, astronauta Marcos Pontes que lembrou de um projeto que exemplifica a ação do ministério na região. “A pesca do pirarucu é um bom exemplo de preservação da espécie aliada a economia local por meio do trabalho dos pescadores. Um exemplo na prática de desenvolvimento sustentável”, avalia.

O pirarucu é uma espécie de peixe que no passado foi muito explorada tendo sua população reduzida significantemente no estado do Amazonas (AM) e região. O diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, organização social supervisionada pelo MCTI, João Valsecchi recorda que houve tentativas de resolver o problema com a proibição de pesca da espécie. Mas na prática a medida não funcionou pois segundo ele, muitos pescadores continuaram pescando ilegalmente.

“O Instituto Mamirauá partiu do princípio de que era preciso que a pesca do pirarucu fosse realizada de uma forma sustentável. Foi iniciada uma técnica com pesquisadores biólogos de contagem da espécie. Foram criados protocolos para a contagem e o manejo do pirarucu. Hoje toda a população do manejo do pirarucu é baseada na pesquisa realizada pelos pesquisadores do Mamirauá. Atualmente milhares de pescadores pescam agora de forma legal, com o método desenvolvido que uniu o conhecimento tradicional de pescadores locais ao conhecimento científico para buscar o desenvolvimento sustentável dessa pesca”, pontua.

Pesquisador do Instituto Mamirauá há 22 anos e biólogo de formação, Valsecchi revela qual o sentimento do trabalho que desenvolve. “É um prazer trabalhar no Mamirauá, foi uma escolha de carreira, sempre foi um sonho trabalhar na Amazônia”, afirma.

Durante o trajeto de barco a comitiva do MCTI passou pela Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã. “Mamirauá foi a primeira reserva de Desenvolvimento Sustentável do país. Amanã foi a segunda e é um local muito especial onde foi criada essa ideia de ter pesquisa, conservação e melhoria de qualidade de vida associada sempre com forte base em conhecimento científico”, explica o diretor do Instituto.

“Algumas pessoas passam uma falsa ideia de que é impossível conservar a biodiversidade se utilizando dela. A ideia de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável é exatamente para mostrar o contrário. Queremos mostrar que é com a participação e conscientização da população local que nós conseguimos conservar o meio ambiente”, destaca.

O secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, Marcelo Morales, também participou do programa e recordou como foi o início do projeto Sistema Amazônico de Laboratórios Satélites (SALAS MCTI). “Tudo começou com a ideia que o ministro Marcos Pontes deu de recriarmos na Amazônia o mesmo que acontece numa estação espacial. Ele nos deu a missão e o desafio de criarmos 50 laboratórios espalhados pela Amazônia alguns flutuantes e outros de selva”, relembra.

Segundo Morales, o SALAS MCTI está inserido no programa MCTI para Sustentabilidade onde o ministério financia diferentes pesquisas sobre regeneração de áreas degradas de garimpos, de pastos tanto na Amazônia quanto na Mata Atlântica. “Temos também as cadeias produtivas da bioeconomia envolvendo as populações locais com açaí cupuaçu, pirarucu, castanhas”, exemplifica.

Sobre o projeto SALAS MCTI o secretário da SEPEF ressalta que os laboratórios foram construídos de forma sustentável com material reciclado. “As paredes têm material plástico certificado de garrafas PET, a energia é solar, os resíduos gerados nos banheiros e na cozinha passam por tratamento e no local existe um laboratório onde o pesquisador pode realizar seu trabalho explorando de forma sustentável, descobrindo novas espécies, também terão laboratórios para realizar pesquisa na área de saúde para usufruto da população local”, adianta.

Morales destaca ainda que o projeto SALAS MCTI é fruto de uma parceria do ministério com três de vinculadas da pasta, o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (Mamirauá/MCTI), o Museu Paraense Emílio Goeldi (Goeldi/MCTI) e o Instituto Nacional de Proteção da Amazônia (INPA/MCTI). “Vamos fazer tudo isso funcionar por meio de chamadas públicas para selecionar projetos direcionados para o SALAS MCTI e vamos trazer os pesquisadores aqui para Amazônia para fazer pesquisa de campo nesses laboratórios satélites”, finaliza.   

Veja como foi o programa especial na Missão Amazônia.     

Por Portal Novo Norte