De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), fumar narguilé por uma hora seguida corresponde ao consumo de cem cigarros

O narguilé passa a falsa impressão de ser mais seguro ou inofensivo que o cigarro convencional, mas expõe o usuário aos mesmos componentes tóxicos e cancerígenos. O Governo Federal está trabalhando para prevenir o uso das drogas lícitas e ilícitas, além de atuar no tratamento e na reinserção social das pessoas com dependência química” – ministro da Cidadania, Ronaldo Bento

Nesta terça-feira (31.05), data em que se comemora o Dia Mundial sem Tabaco, o Ministério da Cidadania faz um alerta sobre os prejuízos causados pelo fumo, em especial pelos cigarros eletrônicos e narguilés. Apesar de fazerem sucesso principalmente entre os jovens, esses dispositivos podem trazer riscos semelhantes ou até maiores que outras formas de tabagismo.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), fumar narguilé por uma hora seguida corresponde ao consumo de cem cigarros. Além de ser prejudicial à saúde, esse dispositivo pode ser uma porta de entrada para a dependência do tabaco e de outras drogas.

“O narguilé passa a falsa impressão de ser mais seguro ou inofensivo que o cigarro convencional, mas expõe o usuário aos mesmos componentes tóxicos e cancerígenos. O Governo Federal está trabalhando para prevenir o uso das drogas lícitas e ilícitas, além de atuar no tratamento e na reinserção social das pessoas com dependência química”, destaca o ministro da Cidadania, Ronaldo Bento.

Ainda segundo o Inca, o tabagismo é reconhecido como uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco. Pelo uso da substância psicoativa, é considerado uma doença do grupo de transtornos mentais, comportamentais ou do neurodesenvolvimento, além de ser considerado a maior causa evitável isolada de adoecimento mortes precoces em todo o mundo.

O tabagismo também contribui para o desenvolvimento de outras enfermidades, como câncer, tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose e catarata, entre outras.

“O uso de tabaco é considerado um dos fatores determinantes na carga global de doenças. A data de hoje reforça a importância de conscientizar a população dos malefícios causados pelo tabaco e seus derivados. A nova Política Nacional sobre Drogas traz diretrizes para o enfrentamento das drogas lícitas, especialmente aquelas relacionadas à publicidade, à fiscalização da sua venda e ao consumo”, afirma o secretário nacional de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, Quirino Cordeiro Júnior.

Lançados no mercado há mais de dez anos, os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) são novos tipos de produtos de tabaco, e incluem os cigarros eletrônicos, os produtos de tabaco aquecido, e-cigs, PODs e Vapes. Caracterizam-se por serem equipamentos eletrônicos à bateria utilizados para fumar ou “vaporar”. São apresentados em diferentes modelos e sistemas, e a maioria contém nicotina, seja por meio líquido ou por meio do tabaco.

Os DEFs são regulados no Brasil desde 2009, com a importação, o comércio e a propaganda comercial proibidos por meio da Resolução nº 46/2009, da diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Nos últimos anos ocorreu uma redução significativa do consumo de tabaco. Porém, observa-se o uso crescente de seus similares, como o cigarro eletrônico e o narguilé, especialmente entre adolescentes e jovens. O Governo Federal trabalha para mudar essa realidade e a percepção desse público para os riscos desses dispositivos”, ressalta a diretora de Cuidados, Prevenção e Reinserção Social da Senapred, Cláudia Leite.

A data

O Dia Mundial sem Tabaco foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o objetivo de alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Inca é o órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e na coordenação das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer.

Segundo dados da OMS, o tabaco mata mais de oito milhões de pessoas por ano. Mais de sete milhões dessas mortes resultam do uso direto desse produto, enquanto cerca de 1,2 milhão é o resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo. A Organização Mundial da Saúde afirma ainda que quase 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo vivem em países de baixa e média renda.

Durante o ano de 2020, dados do Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS) mostram que o tabagismo foi o responsável por 161.853 mortes (média de 443 por dia). Das mortes anuais atribuíveis ao tabagismo, 37.686 correspondem à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, 33.179 a doenças cardíacas, 25.683 a outros cânceres, 24.443 ao câncer de pulmão, 18.620 ao tabagismo passivo e outras causas, 12.201 à pneumonia e 10.041 ao acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, mais de R$ 125 bilhões são calculados como custos dos danos produzidos pelo cigarro no sistema de saúde e na economia.

Política Nacional

A nova Política Nacional sobre Drogas, instituída pelo Decreto nº 9.761/2019, tem foco na abstinência, posição contrária à legalização e ações tanto no tratamento de dependentes químicos quanto voltadas para a família. O modelo atual aposta na interligação da rede de assistência, que envolve dezenas de instituições e entidades federais, estaduais e municipais. Em comunidades terapêuticas, o Ministério da Cidadania tem atuado em parceria com o Inca em ações que têm o objetivo de implantar ambientes livres de tabaco.

Em outra frente de atuação, o Ministério da Cidadania desenvolveu o Sistema Nacional de Prevenção ao Uso de Álcool e outras Drogas (Sinap), em parceria com o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Trata-se de uma ferramenta de gestão e difusão de conhecimento, que possibilita a descentralização das ações, o mapeamento nacional e internacional de programas de prevenção ao uso de drogas, com a melhor adequação ao cenário brasileiro, além de selecionar e adaptar metodologias para disseminação das ações em território nacional.

O Sinap prevê a criação de instrumentos de avaliação de critérios de qualidade de programas, a análise da adequação das leis brasileiras e, quando necessário, o aprimoramento da legislação sobre álcool e tabaco. Também está no horizonte da parceria incentivar a transparência e a ampla divulgação das políticas públicas de prevenção ao álcool e outras drogas.

Por Portal Novo Norte