Tornar a água um bem universalizado, capaz de alcançar as torneiras de todos os mais de 260 mil habitantes de Macaé, é algo atingível, se houver comprometimento e esforço mútuo de agentes políticos responsáveis por atender os anseios da cidade.

Há décadas, um dos serviços mais essenciais ao desenvolvimento humano tornou-se peça publicitária de candidaturas que ganharam a confiança do povo, sem se comprometer em garantir a qualidade esperada por aqueles que ainda sofrem com poços artesianos ou caixas comunitárias.

Arcaico por décadas, o modelo atual de gestão do abastecimento de Macaé foi renovado em 2012, sob aspectos políticos distantes da visão de planejamento, de eficiência e também de respeito as demandas da sociedade.

De lá para cá, a água dentro do contexto do saneamento se manteve apenas como pauta de barganha para projetos políticos que visam se perpetuar no poder local, dependendo de acordos e alianças com figurões de partidos que antes dominavam o Estado e hoje ocupam as celas das cadeias mais conhecidas do Rio de Janeiro.

Ao anunciar um possível rompimento com a Nova Cedae, o governo municipal sinaliza, mais uma vez, que é preciso renegociar os acordos que ainda mantém a captação, tratamento e distribuição nas mãos de uma empresa deficitária, cuja venda está prevista nos acordos que envolvem o pacto de recuperação fiscal do Rio.

Enquanto um novo processo de litígio se inicia, moradores de bairros como Engenho da Praia, Parque Aeroporto, à Imboassica e Jardim Guanabara estão reféns de uma rotina exaustiva de caminhões-pipa, reservatórios improvisados e cisternas que não suprem a demanda de consumo típica do verão.

E por mais que Macaé seja banhada pela abundância do Rio Macaé, e de outros afluentes capazes de oferecer com segurança o abastecimento de mais de 500 mil pessoas, ainda falta muito para que o saneamento básico ainda seja uma referência para um município digno da prosperidade do petróleo.