CIGARRAS DE MACAÉ – Neste27 de outubro apresentamos a segunda parte do texto e nosso querido Dilton Perira, que fala de nossa terra com muito carinho…
Dilton Pereira
O dia 19 de abril era feriado nacional. Havia desfile cívico, comemorava-se o “Dia da Raça”, pois esta era a data de nascimento de Getúlio Vargas.
Como se faz em todas as ditaduras, o culto à personalidade era uma das características daqueles tempos. Não posso afirmar, mas creio ter sido a partir daí que surgiu o hábito de colocar retratos de prefeitos, governadores e presidentes nas repartições públicas, o que sempre achei coisa de extremo mau gosto. Afinal, perfeitos, governadores, presidentes ou qualquer autoridade são prepostos do povo, do contribuinte e não semideuses, entronizados em salas, salões, ou coisa que o valha. Mas é apenas minha opinião, que vale tanto quanto uma nota de três reais.
Falando ainda sobre o assunto: chegou aqui a notícia que o Interventor Amaral Peixoto “por acaso” genro do Presidente Vargas, iria passar por Macaé com sua comitiva, em demanda de Campos. No dia aprazado, não houve aula, a criançada toda, devidamente uniformizada, ocupou os dois lados da calçada da Rua Direita, todos empunhando uma bandeirinha nacional.
Quando o primeiro carro surgiu, todos agitaram suas bandeirinhas, em sinal de saudação. A comitiva, com incontáveis carros, de vidros fechados, a mil por hora, atravessou a Avenida como se estivesse numa estrada deserta.
Ficou todo mundo com “cara de tacho”.
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Aurora Ribeiro Pacheco