Apesar de pagarem impostos, moradores reclamam que nunca viram melhorias serem feitas

Moradores voltam a cobrar investimentos em infraestrutura. Loteamento não recebe nem os serviços básicos

Mais de uma década. Esse é o tempo que os moradores do loteamento Vale Verde, na área norte da cidade, esperam pelas melhorias em infraestrutura. Nem mesmo o governo da mudança conseguiu mudar essa realidade nos últimos anos.

O completo estado de abandono mostra que o poder público tão pouco tem passado por ali. A maior prova disso é que basta andar pelo local para ver o estado do loteamento. Enquanto isso, a população relata que todos os anos chegam as contas para pagar. O problema é que os impostos cobrados nunca foram revertidos em melhorias. A pergunta de quem vive ali é unânime: para onde está indo esse dinheiro?

Diante disso, essa semana a equipe de Bairros em Debate voltou ao local para conversar com a população, que diz estar cansada de conviver com problemas de infraestrutura.
Esse bairro fica situado em uma área rural, entre o loteamento Itaparica e o condomínio Brisa do Vale. Ele foi criado há mais de 10 anos e, atualmente, já conta com uma média de 100 residências.

No topo das reclamações está a falta de abastecimento de água, uma das prioridades no loteamento. Segundo os moradores, o item essencial para a vida de qualquer ser vivo precisa ser retirado de poços artesianos.

Eles também listam a falta de pavimentação das ruas e áreas de lazer como itens necessários. Até mesmo o serviço básico de limpeza tem deixado a desejar.

Ruas não são pavimentadas

Sem manutenção, vias sofrem com os buracos

Uma das reclamações de quem vive ali é em relação à acessibilidade, tudo isso devido ao fato do bairro não ter suas ruas pavimentadas.
Para piorar ainda mais, buracos também tomam conta das ruas. Em algumas delas, crateras chegam a se formar.

Quando chove, os moradores contam que precisam enfrentar a lama. Já quando faz sol, a poeira invade as casas e gera problemas respiratórios para a população. “Nem mesmo passam uma máquina e pó de brita para aliviar o nosso problema. Asfalto então é um sonho”, lamenta um morador, que pede sigilo do nome.

Área de lazer fica na promessa

Parquinhos improvisados pelos moradores suprem a falta de áreas de lazer

Quando se trata de diversão para as crianças e jovens do Vale Verde a única opção é a rua, tudo isso porque o bairro não conta com praças e quadras para os menores aproveitarem suas horas livres. De acordo com a população, as atividades preferidas deles é a pipa e jogar bola na rua.
Os moradores contam que existe uma área, entre as ruas K e L, que é da prefeitura e deveria ser destinada para construção da praça, mas isso nunca saiu do papel. Sem um lugar adequado, as crianças ficam na rua ou precisam se deslocar para bairros vizinhos.

Em dois pontos do bairro, os próprios moradores construíram parquinhos em frente às suas casas. “O pessoal não vai ficar esperando a boa vontade da prefeitura. Eles construíram por conta própria”, relata o morador.

 

Limpeza entre as prioridades

População solicita, mais uma vez, o serviço de capina

Se a situação da limpeza pública está ruim em áreas nobres, no Vale Verde ela nem existe. O serviço de capina não é feito há um bom tempo. Varrição também é outra coisa que não existe ali.

No caso de terrenos particulares, os moradores sugerem que eles sejam cercados para evitar o descarte irregular e que recebam manutenção dos proprietários. Para isso, eles contam com a prefeitura, que tem obrigação de fiscalizar. Se não há limpeza, o ambiente se torna favorável para o surgimento de zoonoses.

Animais soltos continuam trazendo problemas

Apesar de ser uma área rural, no loteamento Vale Verde cavalos e bois têm tirado os moradores do sério há um bom tempo. Esse problema já foi denunciado há mais de dois anos, no entanto, até hoje nenhuma providência foi tomada.
Quem vive ali relata que os proprietários dos sítios e fazendas do entorno soltam os animais nos terrenos. A falta de responsabilidade coloca em risco a vida dos bichos e também da população.

Além de ser um ato criminoso e cruel, a presença desses animais nas vias aumenta o risco de acidentes, sobretudo de atropelamentos, o que pode causar danos aos veículos e aos condutores.

Apesar de ser crime, muitas vezes o problema fica impune, já que nessas situações é difícil encontrar os donos dos animais. Em uma rua com fluxo intenso, uma freada brusca pode causar colisões entre veículos, trazendo muitos prejuízos e até a morte dos passageiros.
Casos de maus-tratos ao animal é considerado um crime, previsto no Art. 32º da Lei 9.605/98. A pena para esses casos é de três meses a 1 ano, além de multa, podendo ser aumentada de um sexto a um terço, se ocorrer a morte do animal.

Vale ressaltar que o proprietário desses animais pode responder criminalmente, de acordo com o Art. 31 do Decreto-Lei nº 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais). Diz o texto legal que “deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guardar com a devida cautela animal perigoso” pode causar ao infrator pena de prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa. O parágrafo único ressalta que a pena também é aplicada a quem “na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia à pessoa inexperiente”.

O que diz a prefeitura

Procurada pela nossa equipe, a prefeitura disse que agentes de endemias do CCZ, que atuam no controle do mosquito Aedes aegypti e de roedores, farão mutirão na região, ainda na primeira quinzena deste mês. Serão realizadas visitas domiciliares, eliminação de criadouros, tratamento com larvicida, identificação de tocas de roedores e colocação de iscas.

Quanto ao trabalho de limpeza com capina, o serviço também está no cronograma, e as equipes atuarão no local na segunda quinzena de dezembro.

No último Bairros em Debate, em 2017, os moradores reclamaram que, por conta da falta de infraestrutura, os coletivos não estavam mais circulando dentro do loteamento. Segundo a prefeitura, sobre o transporte público no local, a secretaria de Mobilidade Urbana orienta que a solicitação seja encaminhada por meio de protocolo, na sede do órgão. O endereço é: Rua Euzébio de Queiroz, 678A – Centro.