Macaé terá representante nos Jogos Mundiais para transplantados

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Atleta diz que desde que fez o procedimento, era o seu sonho fazer parte da equipe olímpica de transplantados

Lilian Alencar vai disputar prova de natação. Atleta foi submetida a um transplante de coração em 2017

Uma história de superação. Há dois anos, Lilian Alencar, de 37 anos, encarava um dos momentos mais difíceis em sua vida: o transplante de coração. Agora ela busca um novo desafio, o de representar Macaé nos Jogos Mundiais para transplantados (World Transplant Games), que acontecerá na Inglaterra. Lilian é enfermeira e especialista em Unidade de Tratamento Intensivo. Agora ela também irá representar a Capital do Petróleo e o Brasil na modalidade de natação (30 a 39 anos).

Mostrando mais uma vez sua força, determinação e empenho, com toda sua habilidade na água e dedicação, Lilian treina duas horas por dia, seis dias na semana. Em sua primeira experiência em competição, vai participar em quatro modalidades de natação: 50 metros costas e livre, 100 metros livres e revezamento 4×50 livre.

“Logo que passei pela cirurgia de transplante, fazer parte da equipe olímpica de transplantados estava na minha lista de sonhos, assim como correr na praia, dançar, brincar com meu sobrinho, andar de bicicleta e de patins e poder cuidar de mim mesma de forma a não precisar depender de mais ninguém. Coisas simples, mas que nunca pude fazer antes do transplante”, contou.

Antes de se encontrar na natação, a enfermeira se inscreveu no boxe, dança, musculação e ginástica localizada. “Logo depois do transplante fui fazer diversas modalidades, era como se eu morasse em outro corpo, a sensação era de que eu poderia fazer tudo que quisesse. Não sabia nadar, mas insisti pois sempre admirei muito o esporte e hoje vou participar de uma competição que irá reunir transplantados de diversos países”, falou orgulhosa.

Problema descoberto aos 23 anos

A enfermeira, que atuou na rede pública de Macaé, descobriu um problema cardíaco em 2006, quando tinha 23 anos, miocardiopatia dilatada, uma doença grave, sem cura e progressiva. “Foi tudo muito difícil de assimilar, pra mim e para os que convivem comigo. Tinha uma lista enorme de medicações a tomar. Estava começando na profissão e estigmatizava que aquelas medicações eram só para pacientes idosos, graves, e por que, eu, aos 23 anos, tinha que tomar aquilo?”, lembrou Lilian.

Aos 35 anos chegou à fase terminal e só um transplante poderia salvá-la. Passou três meses em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e, segundo os médicos, tinha pouco tempo de vida. Até que no dia 15 de setembro de 2017, no INCOR de São Paulo, uma família autorizou a doação de órgãos de um rapaz de 18 anos. Além de Lilian, o jovem salvou mais 7 pessoas.

Durante 11 anos, Lilian conviveu com insuficiência cardíaca causada pela doença, cansaço e falta de ar aos pequenos esforços. Coisas do dia a dia como tomar banho e lavar louça lhe provocavam um cansaço enorme. “Com a evolução da insuficiência cardíaca, ao acabar de arrumar minha cama parecia que tinha acabado de fazer uma corrida.”

Seja um doador

Lilian e sua família sempre estão promovendo ações para estimular e intensificar a doação de órgãos. Em 2017, sua irmã organizou uma caminhada pelo Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorada no dia 27 de setembro.

“Uma família, no seu momento de maior dor, autorizou a doação de órgãos de seu ente querido, que tinha finalizado sua missão por aqui. Essa família salvou minha vida”, relembra.

Ela ressalta que hoje, para ser um doador, é só falar com a família. Não é mais necessário registro em documentos. O que vai valer é a autorização da sua família. “É importante deixar isso bem claro. Hoje, quando chegar em casa, não esqueça de falar com a sua família: quero que todos vocês saibam que eu sou um doador de órgãos. Mas cada um pode exercitar sua solidariedade fazendo a doação de sangue, que é a doação de órgãos mais comum”, frisou.