Essa tendência de queda não se restringiu somente ao volume de investimentos, mas também afetou a quantidade de negociações concretizadas, que diminuíram de 931 em 2022 para 455 em 2023

O mercado das startups brasileiras em 2023 viveu um retrocesso significativo em termos de investimentos, conforme apontam os dados divulgados pela plataforma Distrito. Em um panorama comparativo, o volume de investimentos obtidos por estas empresas atingiu apenas US$ 1,9 bilhão no último ano, marcando uma redução de 56,8% em relação ao ano de 2022. Esse valor é o menor registrado nos últimos cinco anos, desde 2018, sinalizando uma mudança drástica no setor.

Essa tendência de queda não se restringiu somente ao volume de investimentos, mas também afetou a quantidade de negociações concretizadas, que diminuíram de 931 em 2022 para 455 em 2023, uma redução de 51%. Essa desaceleração ocorre após um período de auge em 2021, quando os investimentos alcançaram US$ 9,9 bilhões. 

De acordo com Eduardo Fuentes, diretor de pesquisa do Distrito, o setor passou por um ciclo de expansão robusto, impulsionado por um cenário macroeconômico favorável, com baixas taxas de juros e um impulso na transformação digital das empresas. Porém, recentemente, o mercado entrou em um período de correções. Fuentes se mostra cautelosamente otimista para 2024, prevendo uma retomada mais equilibrada, com os investidores focando na capacidade das empresas de se tornarem lucrativas e financeiramente saudáveis.

Este cenário reflete uma mudança no ritmo de investimentos em startups, após um período de expansão acentuada durante a pandemia de Covid-19. A consultoria Sling Hub indica que, em 2022, os investimentos em startups no Brasil totalizaram US$ 5,2 bilhões, representando um declínio de 50% em comparação ao ano anterior. O contexto global turbulento, marcado por conflitos geopolíticos, disrupção das cadeias produtivas, inflação e altos juros, tem sido um dos fatores cruciais nessa redução de capital para investimentos em startups. Especialistas como Marcos Pedroso, da TecBan, ressaltam a influência do cenário econômico mundial nessa tendência, impactando empresas que esperavam um crescimento contínuo.