Em tempo de confinamento por conta da não proliferação do coronavírus, o Mopam passa a data discretamente, mas promete uma comemoração especial, quando a crise passar, realizando uma grande passeata na Praia dos Cavaleiros

Desenvolvendo expressivo trabalho de unir famílias de pessoas autistas na busca de inclusão social, o grupo Motivados Pelo Autismo – Macaé (Mopam) lembra a passagem do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, nesta quinta-feira, dia 02 de abril. Em tempo de confinamento por conta da não proliferação do coronavírus, a instituição passa a data discretamente, mas promete uma comemoração especial, quando a crise passar, realizando uma grande passeata na Praia dos Cavaleiros, como ocorreu no ano passado, quando agregou centenas de pessoas ao movimento.

O grupo foi criado em Macaé por iniciativa de Caroline Mizurine, que reuniu inicialmente 80 mães de autistas, fortalecendo umas nas outras, conscientizando a sociedade no sentido de buscar melhoria de qualidade de vida para os filhos.

A data foi determinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de alertar as sociedades e governantes sobre transtorno do neurodesenvolvimento que acomete atualmente um a cada 59 nascimentos em todo o mundo, ajudando a derrubar preconceitos e esclarecer a todos.

Uma conquista recente para as famílias de pessoas com autismo de Macaé foi o decreto do Prefeito Aluízio que determina a emissão da Carteira de Identificação do Autista, considerando a Lei Federal Romeo Mion. Com o número estimado de pessoas com TEA de Macaé, por meio de um contador oficial, será possível justificar a promoção de política pública específica para essa comunidade, como é o caso do estabelecimento da Clínica-Escola do Autista, almejada pelas famílias do MOPAM.

Sob a coordenação de Lucia Anglada e Caroline Mizurine, a realização deu tão certo que atualmente são 265 famílias moradores de Macaé, que se reúnem em eventos, mas se relacionam diariamente pelo grupo de Whatsapp, colocando seus anseios e procurando soluções as questões dos filhos.

O sucesso foi tão grande que deste grupo nasceram mais dois: o Mães Empreendedoras, que visa venda de produtos confeccionados pelas próprias mães para aumentar a renda familiar, já que muitas não conseguem trabalhar fora por causa da rotina de terapia dos seus filhos; e o Autismo na Sociedade, que tem por objetivo prestar apoio à causa do Autismo, formado por profissionais de educação, saúde, contando com a participação de alguns pais. Nesta agremiação o assunto principal é a divulgação de ensinamentos que venham contribuir para a qualidade de vida do Autista.

Lucia Anglada ressaltou que está muito satisfeita com o retorno da sociedade macaense mostrando que Macaé é uma cidade solidária, pois o grupo tem conseguido muitos parceiros. “É muito gratificante ver nossos filhos convivendo com as outras crianças com o mesmo diagnóstico ou não promovendo a real inclusão na sociedade”, declarou a coordenadora.

Mãe do Lucas (18 anos), Lucia Anglada comentou que, segundo estudos, a cada 59 nascimentos, um é autista. “Cerca de 1% da população mundial tem o transtorno. Se trouxermos para a realidade de Macaé, de 250 mil pessoas, segundo o último Censo, pelo menos, 2.500 pessoas são autistas.

Quem deseja participar do movimento pode fazer contato pelos telefones (21) 983709557 e (21) 986661299. A página do Facebook do movimento pode ser acessada aqui https://www.facebook.com/motivadospeloautismomacae.

Transtorno do Espectro Autista (TEA)

Estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes possua cerca de dois milhões de pessoas enquadradas dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). De causa desconhecida, em poucas palavras, o autismo é uma síndrome neurológica que compromete a comunicação, a interação social e o comportamento do indivíduo. O autismo é um transtorno, não é uma doença e por isso não tem cura.

Aproximadamente uma em cada 59 pessoas recebe este diagnóstico, segundo estudo realizado nos Estados Unidos. Sabe-se que quanto mais cedo a identificação do diagnóstico e o precoce tratamento, maiores serão as chances de autonomia e de adaptação social destas pessoas. No Brasil, no entanto, a questão do autismo é muito complexa e pouco estudada, sendo impossível mostrar um retrato com a abrangência e a profundidade necessárias.

Trilhar caminhos que busquem elucidar possíveis direções para pessoas do espectro do autismo é um desafio constante para as políticas públicas brasileiras. Para alcançar tamanho êxito, o trabalho conjunto torna-se imprescindível.

Motivados Pelo Autismo – Macaé

Desde a sua criação no início de 2017, o Motivados Pelo Autismo – Macaé (Mopam) vem demonstrando ser um movimento sério, estratégico, resiliente e pacífico. A equipe é composta por famílias de pessoas autistas, que buscam formar parcerias possibilitando a inclusão dessas pessoas nos diversos segmentos da sociedade macaense. O grupo está constantemente engajado e preocupado com a evolução e inclusão das pessoas com autismo em uma sociedade injusta e pouco informada.

Os eventos do Mopam visam que famílias que até então se sentiam desamparadas passem a se sentir acolhidas, percebendo que existe um rol de recursos no município, tanto públicos como privados, e uma rede de amigos que passam pela mesma situação.

O objetivo principal e ajudar na construção de uma comunidade cada vez mais inclusiva, que saiba integrar o diferente em todos os seus direitos de cidadão reunindo pais, familiares, cuidadores, profissionais da área da educação e da saúde e amigos de pessoas diagnosticadas com TEA, assim como outros interessados no tema, pedindo mais atenção à causa, cuja incidência em crianças é mais comum e maior do que a soma dos casos de Aids, Câncer e Diabetes infantis juntos.

Inclusão é lei

Outro resultado bastante esperado é a conscientização da comunidade, das entidades públicas e particulares deste município, de forma a praticar a inclusão que se trata a Lei Federal n.º 12.764/2012, a qual Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, bem como as normas estabelecidas pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Lei n.º 13.146/2015.