Com o avanço da tecnologia e o crescimento das plataformas digitais, a forma como os brasileiros lidam com o Imposto de Renda está mudando rapidamente. Ferramentas que utilizam inteligência artificial (IA) têm ganhado espaço, tanto para facilitar a vida dos contribuintes quanto para aumentar a eficiência da Receita Federal (RF) na fiscalização e no combate à sonegação. A cada ano, o processo de declaração torna-se mais automatizado, o que reduz erros, agiliza o envio e melhora a compreensão das informações tributárias.
Do lado do contribuinte, plataformas de declaração digital estão mais intuitivas e integradas a bancos de dados públicos e privados, permitindo que grande parte das informações seja preenchida automaticamente. Quem recebeu rendimentos tributáveis, como salário, férias, aposentadoria ou pensão por morte, acima de R$ 33.888,00 é obrigado a fazer a declaração do Imposto de Renda. O prazo de entrega começou dia 17 de março e vai até 30 de maio.
“É um processo que exige muita atenção para evitar multas, problemas com a Receita Federal e a tão temida malha fina. Por isso, é preciso reunir os documentos com antecedência, utilizar o informe de rendimentos e verificar os dados com cuidado. Depois do envio é essencial acompanhar até o momento da restituição, pois, se houver alguma pendência, é possível fazer a retificação. É fundamental contar com orientação profissional para garantir que os dados sejam inseridos corretamente e que nenhuma informação sensível fique vulnerável a golpes ou vazamentos”, destaca a especialista contábil, Andressa Garcia.
Já a Receita Federal vem avançando no uso de IA para aprimorar seus processos de cruzamento de dados e identificação de irregularidades. Ferramentas desenvolvidas por auditores fiscais e analistas tributários da própria instituição vêm sendo utilizadas para detectar fraudes, como as envolvendo operações com criptomoedas. Os algoritmos alimentados por dados internos e externos vasculham grandes volumes de informações para identificar padrões suspeitos.
Em 2024, por exemplo, a Receita Federal utilizou inteligência artificial para identificar mais de R$ 1 bilhão em bitcoins não declarados por cerca de 25 mil contribuintes. Cada um deles possuía, em média, o equivalente a pelo menos 0,05 bitcoin, valor que girava em torno de R$ 10 mil na época. A maior parte dos casos foi registrada nos estados do Centro-Sul do país, mas havia ocorrências em todas as regiões. A análise combinou dados de plataformas de câmbio de criptomoedas com informações de movimentações bancárias e perfis patrimoniais.
Ainda que a tecnologia esteja tornando os processos mais ágeis e inteligentes, especialistas alertam que é preciso cuidado com a segurança dos dados. “Há muitos aplicativos surgindo com promessas de rapidez e facilidade, mas nem todos têm um sistema de proteção robusto”, reforça Andressa. “Nossa recomendação é que o contribuinte sempre consulte um contador de confiança e evite expor seus dados a plataformas de origem duvidosa”, conclui.