O atraso do Estado resultou em um velório prolongado de 72 horas, pois a família se recusou a sepultar o corpo sem a conclusão do exame

A Justiça do Tocantins decidiu que o Estado deve pagar R$ 30 mil à família de Carlos Augusto Silva Fraga, conhecido como “Dad Charada”, por não cumprir o prazo para refazer o laudo sobre a causa de sua morte. O atraso do Estado resultou em um velório prolongado de 72 horas, pois a família se recusou a sepultar o corpo sem a conclusão do exame, que só aconteceu quase dois dias após a ordem judicial. Dad Charada, encontrado morto em sua cela, era suspeito de ser o mandante de 50 assassinatos em Palmas. O Estado, que alegou falta de tempo hábil para cumprir a ordem dentro do prazo estipulado, ainda não se pronunciou formalmente sobre a decisão.

O caso ganhou contornos complexos após a morte de Dad Charada, ocorrida dias após sua prisão. O primeiro laudo apontou suicídio, mas a família contestou e exigiu um novo exame. A decisão do juiz Carlos Roberto de Sousa Dutra da 1ª Vara Criminal de Araguaína, que determinou a reautópsia sob pena de multa, não foi atendida em tempo hábil pelo Estado, levando ao atraso no sepultamento do corpo. Este impasse jurídico e logístico se tornou mais um capítulo na história de Dad Charada, que, segundo as investigações, esteve envolvido em uma onda de violência em Palmas, ligada a guerras entre facções criminosas.

A trajetória criminosa de Dad Charada, apontado pela polícia como líder em uma série de homicídios em Palmas, marca seu legado. Ele foi preso no Rio Grande do Sul e transferido para Araguaína. A Secretaria de Segurança Pública relacionou mais de 60% dos assassinatos na cidade à guerra de facções, embora muitas vítimas não tivessem antecedentes criminais. Após mudar de facção, Charada intensificou os conflitos. Sua morte, ainda cercada de mistérios, não resultou em avanços significativos nas investigações dos crimes que lhe foram atribuídos.