Notabilizado por ser conhecido como Capital Nacional do Petróleo, o município de Macaé com cerca de 210 mil habitantes, segundo dados do IBGE, e observado pelos olhos de todo o mundo por concentrar todas as unidades de exploração e produção de petróleo e gás, sofre de um mal crônico difícil, ainda, de ser curado. A falta de representação política e de lideranças que se disponham a emprestar seus nomes para a difícil tarefa de tirar Macaé do buraco que acabou afundando desde a última gestão.

Com pouco mais de 150 mil eleitores registrados nas duas Zonas Eleitorais, alguns expertises e analistas políticos ainda custam a acreditar que o município não consiga ter representação política na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, ou mesmo indicação de algum profissional qualificado para cargos no organograma de Secretarias Estaduais ou órgãos federais, como acontece país afora, escolhas essas pleiteadas pelas lideranças partidárias.

Esta lacuna começou a ser mais aprofundada, quando o então deputado federal Aluízio dos Santos Junior, então no Partido Verde, deixou o cargo para ser candidato a prefeito prometendo mudanças profundas na administração municipal, o que não ocorreu, frustrando a população que acreditou nas promessas de campanha. Também o ex-deputado federal Adrian Mussi (MDB), concluiu seu mandato e não fez para Macaé o dever de casa.

Não se conhece nenhuma ação ou projeto dos dois representantes na Câmara dos Deputados, que possam ter contribuído para o município contar com alguma obra importante desde então. Razão pela qual obras importantes de infraestrutura logística, como a duplicação no trecho de Macaé da BR-101, ainda com 46 quilômetros de pista simples, continua ceifando vidas, ou do próprio aeroporto da cidade, fundamental para atrair empresários e fomentar o turismo de negócios e das riquezas naturais de sua história.

Na Assembleia Legislativa, também a representação deixa a desejar. Na década de 90, o município pela acirrada disputa política e de líderes em evidência, chegou a contar com até quatro deputados estaduais e um federal eleitos.

Ainda há esperança?

Hoje, apenas um, Christino Áureo, que durante muito tempo exerceu o cargo de Secretário de Agricultura, no momento de crise, exercendo o cargo como Secretário da Casa Civil e de Planejamento, conseguiu emplacar uma decisão capaz de tirar do Estado a responsabilidade de manter a conservação ou construção de novas rodovias, concedendo para empresas privadas a administração e duplicação de trechos de estradas, dentre as quais, a RJ-106 (Amaral Peixoto) que dá acesso ao município.

Projeto que vai demorar a sair do papel pela burocracia existente no poder público, principalmente em tempos de intensa fiscalização do Tribunal de Contas e do Ministério Público que estão colocando atores importantes atrás das grades, agravando a situação de Picciani, Paulo Melo e Albertassi, dentre outros, depois que o vice-presidente da Fetranspor confirma a delação premiada, situação difícil de ser revertida.

Embora um pouco esquecida, mas nem tanto, a delação de um diretor da Odebrecht de que pagou propina a membros da prefeitura de Macaé, pode não ter saído da gaveta para investigação, o que deixa os acusados de cabelos em pé. A crise política está se agravando. Em vez de solução, o que se observa são pessoas habituadas ao velho processo de manter qualquer cargo a que preço for, continuando sem temer investigações, a praticar atos daninhos com o dinheiro público.

Como novas lideranças não se aventuram a disputar cargos eletivos por estarem os partidos com “donos” através de comissões provisórias, o município corre o risco de continuar a reboque de candidatos Copa do Mundo, aqueles que só aparecem de quatro em quatro anos, em busca de votos, e depois desaparecem.

Como a população continua ávida para mudar a representação política ou, pelo menos, tentar vê-la atuando no parlamento, ainda existe chance de alguém se colocar na lista dos pretendentes, buscando alternativas para superar a famosa compra de votos, desconfiança dos eleitores quando o Congresso aprovou o Fundo Eleitoral para financiamento público de campanha, com alguns partidos destinando até R$ 2,5 milhões para deputados federais se reelegerem.

Em Macaé, por exemplo, alguns vereadores já fazem pré-campanha, sem chance de eleição e o mais cotado para a Alerj, parece ser o ex-vereador Chico Machado que vem mantendo seus aliados mobilizados. O município, afinal, tem condições de eleger um deputado federal e, pelo menos, dois estaduais. A decisão final, cabe aos eleitores.

PONTADAS

O deputado federal Marco Antônio Cabral (MDB), apresentou projeto na Câmara dos Deputados que pode beneficiar seu pai, Sérgio Cabral, que está preso e condenado a mais de 100 anos. A proposta aumenta o abatimento da pena do condenado que estudar ou trabalhar e aumenta o desconto da pena de um para quatro dias a cada 12 horas de frequência escolar.
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O contribuinte que paga em dia as contas de energia, é “garfado” todo mês em R$ 6,48, como Contribuição de Iluminação Pública. Há pouco tempo, um cidadão pediu que duas lâmpadas fossem trocadas nos postes próximos a sua residência e a resposta lacônica é de que “não havia estoque na prefeitura para atender ao pedido”. Depois de quase 30 dias reclamando, o pedido foi atendido.
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O prefeito de Macaé continua desafiando a Justiça, apesar de inúmeros processos e investigações do Ministério Público ainda em andamento. O caso mais gritante é do VLT, duas composições que estão abandonadas na antiga estação que custou aos cofres públicos nada menos do que R$ 15 milhões. Quer dizer, ele não consegue colocar o trem na linha para andar.
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Até domingo.