Ex-ministro de Dilma e Temer, Eliseu Padilha morre aos 77 anos

O ex-ministro Eliseu Padilha morreu na noite desta segunda-feira (13), aos 77 anos. Padilha havia sido internado em estado grave no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, na manhã do último sábado (11). Ele estava com um câncer de estômago, descoberto havia um mês, segundo nota da família. O ex-ministro deixa mulher, seis filhos e cinco netos.

Com extenso currículo na política, Padilha passou pelo Legislativo e pelo Executivo e foi peça fundamental nos governos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB) – quando chefiou a Casa Civil, além de ter atuado como importante articulador político do governo.

Ele era advogado, empresário e político. Também foi vice-presidente nacional do MDB e vice-presidente da Fundação Ulysses Guimarães.

Segundo nota da assessoria de imprensa do ex-ministro, o velório ocorrerá na quarta-feira (15) a partir das 10 horas no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, e será aberto ao público. Depois das 17 horas, o corpo será levado ao Angelus Memorial e Crematório para uma cerimônia restrita aos parentes.

Nascido em Canela (RS), em 1945, Padilha formou-se em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), filiou-se ao MDB em 1966, e tornou-se prefeito do município de Tramandaí, no litoral norte gaúcho, no ano de 1989.

Após completar seu mandato na prefeitura, Padilha migrou para o Congresso, ocupando uma cadeira de deputado federal eleito pelo Rio Grande do Sul ininterruptamente por 16 anos, entre 1995 e 2011, e depois por mais dois anos, entre 2013 e janeiro de 2015. Ainda em 1997, assumiu o Ministério dos Transportes no governo FHC. Manteve-se no cargo até 2001.

O político voltou ao governo federal por mais um ano como ministro da Secretaria de Aviação Civil em 2015, na gestão Dilma. Em 2016, depois do impeachment da petista, assumiu a Casa Civil de Temer. Ele ainda ocupou interinamente o cargo de ministro do Trabalho por um breve período em 2018, acumulando o comando dos dois ministérios.

ACUSAÇÕES

Em setembro de 2016, enquanto ocupava a Casa Civil do governo Temer, Padilha foi acusado pelo ex-chefe da Advocacia-Geral da União Fábio Medina Osório, de ter criado obstáculos a ações de aprofundamento das investigações da Operação Lava Jato.

Ainda em 2016, mas em dezembro, ele acabou envolvido na delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que acusou Padilha de ser o responsável por distribuir R$ 4 milhões da Odebrecht para a campanha de Temer.

Essa delação premiada funcionou, em 2017, como material para a Procuradoria-Geral da República denunciar Padilha por envolvimento em corrupção, com outros nomes do partido, como o então presidente Michel Temer.

A denúncia defendia a existência de uma suposta organização criminosa liderada por Temer e composta por correligionários com atuação em diversos órgãos públicos – Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados – em troca de propinas de mais de R$ 587 milhões.

O esquema ficou conhecido como “Quadrilhão do MDB”. Em sua defesa, Padilha afirmou que a denúncia era “inepta” e “não ultrapassava as raias de um discurso político”. O processo correu até 2021, quando a Justiça Federal de Brasília decidiu absolver o grupo.

Padilha também foi denunciado pelo MPF em outros casos, como por ter mantido funcionária “fantasma” em seu gabinete quando era deputado federal e por suposta atuação de empresas dele na obtenção e manutenção do Certificado de Entidade Assistencial (Cebas) pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). Ele foi absolvido desta última acusação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em julho de 2017.

Por Portal Novo Norte